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Resenha Durkheim - Um toque de Clássicos

Por:   •  24/10/2018  •  2.311 Palavras (10 Páginas)  •  323 Visualizações

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Coesão, solidariedade e os dois tipos de consciência.

Durkheim foi um dos pensadores que elaborou conceito de solidariedade social. E para que ela se realize deve haver uma coesão entre os membros dos grupos, que vai depender, sobretudo do modelo da organização social de cada sociedade, ou seja, se os interesses não forem comuns, voltados para um objetivo coletivo, não vai haver a solidariedade social. Para explicar melhor Durkheim elaborou dois conceitos de consciência: “Uma é comum com todo o nosso grupo e, por conseguinte, não representa a nós mesmos, mas a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra, ao contrário, só nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso é que faz de nós um indivíduo”.

Para Durkheim a instrução publica tem um papel de desenvolver a consciência comum em um indivíduo libertá-lo, inclusive, de visões egoístas e dos interesses materiais.

E ainda enfatiza que a interdependência é um ponto relevante para a solidariedade, sobretudo aquela baseada na especialização de tarefas, constituindo assim fortes laços que unem às sociedades orgânicas a seus membros.

Os dois tipos de solidariedade

Durkheim definiu a solidariedade em dois tipos: orgânica e mecânica.

Na solidariedade mecânica o individuo não tem uma existência própria, é indiferenciado dos outros membros de uma sociedade, ou seja, “é considerado como uma coisa que a sociedade dispõe”. Como características desse tipo de solidariedade, encontramos: educação difusa (não há mestres); a propriedade de bens não pode ser individual; o estabelecimento de um poder absoluto, que encarna a extraordinária autoridade emanada da consciência comum, cujo objetivo é de unir os membros à imagem do grupo que ele próprio representa; são visto como uma massa homogênea (que é um tipo de sociedade simples ou não organizada).

O declínio da solidariedade mecânica se dá pelo fato do aumento das relações sociais, ou seja, começam a viver uma vida comum. Ao multiplicar as relações intersociais, da se inicio a divisão do trabalho, derivando assim a solidariedade orgânica.

Na solidariedade orgânica, a função que o individuo desempenha o diferencia dos demais, e marca o seu lugar na sociedade. E, “com isso ocorre uma interdependência entre todos e cada um dos demais membros que compõem tal sociedade”.

Esses dois tipos de solidariedade evoluem de formas contrárias, “enquanto uma progride a outra retrai, mas cada uma delas, a seu modo, cumpre a função de assegurar a coesão social nas sociedades simples ou complexas”.

Os indicadores dos tipos de solidariedade

Durkheim utilizou de certas normas do Direito, para observar qual era o tipo de solidariedade presente em diferentes sociedades, já que era difícil de observar diretamente. Diante das diversidades dos costumes, o Direito, procura estabelecer e apontar objetivamente os elementos essenciais da solidariedade social. Dois aspectos a serem observados segundo Durkheim, no que diz respeito ao Direito são: as sanções impostas pelo costume são difusas e as impostas pelo Direito são organizadas. Esta última é constituída de duas classes: as repressivas (privação) e as restitutivas (reparar o dano causado).

Nas sociedades que são unidos em grau de similitude, o comportamento desviante é punido com base no costume, ou seja, ferindo a consciência coletiva, a violência atinge a todos que fazem parte dessa totalidade. E isso leva a ruptura dos elos de solidariedade. Nestas sociedades a punição visa evitar que a coesão social seja fragilizada, além de ser uma forma de proteção para seus membros.

Outro aspecto relevante na obra de Durkheim diz respeito ao suicídio, enquanto fato social. Ele diz que até para dar conta desta coesão à sociedade exige que o indivíduo abdique da própria vida. Para ele o suicídio decorre de uma corrente denominada “suicidogêneas”.

Ele denomina, objetivamente, o suicídio como sendo “todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, sabedora de que devia produzir esse resultado”. Segundo Durkheim “cada grupo social tem uma disposição coletiva para o suicídio, e desta derivam as inclinações individuais”. E ele ainda ressalta que as sociedades fortemente integradas (a família, política, grupo religioso), tem o papel de preservar seus membros de cometer um ato dessa natureza. E enfatiza a existência de três tipos de suicídio: o egoísta (a sensação de desamparo moral provocada pela desintegração social), o altruísta (o ego da pessoa não lhe pertence) e o anômico (se deve a uma situação de desregramento social).

Moral e Anomia

Para Durkheim uma sociedade em crise se torna anômica, ou seja, perde-se a autoridade, uma sociedade sem limites. Inclusive isso acaba se repercutindo, na solidariedade entre os indivíduos, e prejudicando também a coesão social. Isso tudo se assemelha ao estado de natureza, no qual prevalece a lei do mais forte.

Ele enfatiza que no mundo moderno, a profissão passa a substituir o papel da família, na vida social, pois com a era industrial, as pessoas passavam maior parte da sua vida neste meio. Isto porque na visão durkheimiana, no campo do trabalho, sobretudo nos grupos profissionais, é um lugar de reconstrução da solidariedade e da moralidade integradores. A divisão do trabalho, para Durkheim, produz solidariedade, e não objetiva o aumento do rendimento. Porém “se a função da divisão do trabalho falha, a anomia e o perigo da desintegração ameaçam todo o corpo social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa, se isola em sua atividade especial, já não percebe os colaboradores que trabalham a seu lado e na mesma obra, nem sequer tem ideia dessa obra comum.”.

Diferente das ideias de Marx, Durkheim “discorda daqueles que acusam a divisão do trabalho de ter reduzido o trabalhador a uma máquina que repete rotineiramente os mesmos movimentos sem relacionar as operações que lhe são exigi das a um propósito”. Para ele deve-se demonstrar aos operários que “suas ações têm um fim fora de si mesmas. Daí, por especial e uniforme que possa ser sua atividade, é a de um ser inteligente, porque ela tem um sentido e ele o sabe.”.

Moral e vida social

A moral regula o comportamento dos indivíduos na sociedade, implica uma noção de deveres para consigo e para com outros. Segundo Durkheim

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