RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: “FRONTEIRA: A DEGRADAÇÃO DO OUTRO NOS CONFINS DO HUMANO”
Por: Kleber.Oliveira • 14/4/2018 • 973 Palavras (4 Páginas) • 543 Visualizações
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membros quando enfim se deu esse contato, isso devido a conflitos com os novos habitantes que chegavam ou ainda contraindo doenças que eles não estavam preparados para resistir.
O setor agrícola na região norte estava em alta naquela época, a mão-de-obra de fácil acesso aumentou a possibilidade de descarte de trabalhadores e também uma queda no preço dessa mão-de-obra. Esses trabalhadores viviam no limite, com salários deploráveis. MARTINS define essas relações como formas ”extremadas de exploração do trabalhador” (MARTINS, 2009, p.74) Na fronteira, o termo escravidão, não se remete a escravidão por questões raciais, mas implica em outras ramificações, os trabalhadores não nasciam escravos, mas tornavam-se por varias determinantes, como dívidas, por exemplo.
No capítulo “Regimar e seus amigos: a criança luta pela terra e pela vida” mostra o papel importante das crianças nessa pesquisa, um “grupo numeroso [...] que, aparentemente, não se sentia no direito de falar e perguntar. [...] Um grupo que não fala, mais ouve muito.” (MARTINS, 2009, p.105) Essas crianças em meio a tantos problemas perdem sua infância muito cedo, e o tempo que seria dedicado a brincadeiras infantis, passa a ser preenchido com preocupações dignas de um adulto, devido a esse amadurecimento forçado.
Encerrando o livro o capítulo “O tempo da Fronteira, retorno à controvérsia sobre o tempo o histórico da frente de expansão e da frente pioneira” aborda a situação mais atual da fronteira, que MARTINS caracteriza como um lugar de descoberta do outro, ao mesmo passo que também de desencontro, que ele acredita ser devido a diferença, principalmente, das temporalidades históricas em que vivem os grupos envolvidos. (MARTINS, 2009, p. 133)
Este livro constitui uma leitura importante a ser feita, MARTINS faz uma abordagem mais no âmbito sociológico sobre essa área do país, que sofre com problemas que muitos acreditavam estar superados em nossa nação. Regionais vivendo em condições desumanas, de exploração numa região precária por si, nativos sendo ameaçados e expulsos de seu habitat, em prol da ambição de gananciosos motivados pelo dinheiro e pelo poder. A forma como o tema é apresentado também nos chama a atenção para como o dinheiro tem controlado as relações e as atitudes do homem, fazendo-o se esquecer que o “outro” que serve de escada para alcançar seus objetivos é seu semelhante, não importa a raça, a cor ou crença. O fato de partilharem da condição de ser humano já os une.
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