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O ativismo digital e os seus efeitos na política

Por:   •  15/8/2018  •  2.325 Palavras (10 Páginas)  •  228 Visualizações

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É a situação que mostra no livro Cidades Rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil ao comparar a Grécia no mundo capitalista que tem que enfrentar o reino do mercado financeiro diante de um governo entreguista que enfraquece o serviço público, aumenta o poder político e deixa mais frágil e indefesa uma população que não tem a recorrer, pois a força da mão do mercado impera na vida de todos os habitantes.

No caso do Brasil, as sequelas que ficaram na sociedade são a ineficiência e quase inexistência do poder político, o teatro do poder político que para tentar acalmar os ânimos de todos pratica-se uma farsa declarando que todas as situações serão resolvidas e mesmo assim elas não são resolvidas e ainda mais há uma insatisfação geral e frustração da maioria que tentou 'fazer algo' pelo país, mas não conseguiu. Além disso, a campanha presidencial da candidata Dilma Rousseff foi abalada, mas, ela foi reeleita em uma disputa apertada com o senador mineiro Aécio Neves, praticamente houve uma polarização política no país sobre qual seria o melhor caminho para o Brasil. E as consequências ainda podem ser contadas nos próximos anos, com vários episódios de corrupção no partido do governo e o escândalo da companhia de petróleo, Petrobras.

2. “Ash­‑sha’b yurid isqaat an­‑nizaam”[1]

Já no caso da Primavera Árabe, houve uma insatisfação geral devido ao péssimo governo do Hosni Mubarak, que estava no poder há mais de 30 anos. Ele foi pressionado a sair por questões políticas, econômicas e sociais, inspirada por manifestações em outros países árabes. A manifestação aconteceu com força digital.

Mubarak assumiu o governo em 1981, após a queda de outro ditador, Gamal Abdel Nasser, que era um político autoritário que prometeu que daria boas condições aos egípcios se ninguém se envolvesse na política. Com a queda do regime, Mubarak começou a privatizar várias empresas, aprofundou a política neoliberal, mas a situação econômica da população ficou cada vez pior.

Com isso, a comunicação começou a acontecer pelo Twitter. Os protestos começaram por inspiração das revoltas que aconteceram na Tunísia, durante o início da Primavera Árabe.

A violência cresceu, Mubarak planejava uma sucessão, colocando o seu filho Gamal Mubarak em seu lugar, mas mesmo assim, a população não queria mais a família Mubarak no poder. A internet foi bloqueada e houve toque de recolher. Além disso, o governo usou a Lei de Emergência de 1958 para reduzir as liberdades políticas e proibir as manifestações.

Em um cenário onde o primeiro-ministro Ahmed Nazif detinha 60% da indústria siderúrgica no Egito, onde a família Mubarak tinha uma estimativa de 50 a 70 bilhões de dólares de fortuna com graves problemas de saúde, educação, pobreza e habitação no país acabou crescendo com muita força a mobilização na internet para derrubar o governo.

O Egito conta com um total de 11,3 milhões de utilizadores do Facebook, sendo 1,6 milhões o número de novas contas criadas entre janeiro e junho de 2012, segundo dados estatísticos do Relatório sobre as Redes Sociais Árabes (Arab Social Media – ASMR).

Com isso, o Egito é o maior país do mundo árabe que utiliza as redes sociais, seja também o maior utilizador desta popular rede social na região. De acordo com o referido relatório, em finais de junho de 2012 o mundo árabe tinha um total de 45,2 milhões de utilizadores do Facebook, uma subida em relação aos 37,4 milhões que tinha em janeiro. Em junho de 2011 o número cifrava­‑se em 29,8 milhões, o que aponta para um aumento anual de 50%.

O relatório mostra ainda que o número de utilizadores do Facebook no mundo árabe praticamente triplicou nos últimos dois anos, passando de 16 milhões em meados de 2010 para 45 milhões neste último verão. A juventude árabe – jovens com idades entre os 15 e os 29 anos – constitui cerca de 70% do total de utilizadores do Facebook, e essa percentagem tem­‑se mantido relativamente estável.

É claro que não foram as tecnologias da comunicação que geraram a insurreição, a qual teve origem, isso sim, na pobreza e na exclusão social de que padece uma grande parte da população nesta falsa democracia (CASTELLS, 2011)

A manifestação ganhou corpo com o Dia da Partida, onde vários protestos aconteceram em todo o Egito, membros do partido do governo desistem da liderança e o executivo do Google, Wael Ghonim, foi libertado após ter sido preso pelo governo egípcio. Com isso, os protestos desencadearam em uma greve geral, mais de um milhão de pessoas foram reunidas na Praça Tahir e depois de algum tempo o ditador Mubarak, após se recusar a abandonar o cargo, e com muita pressão popular, renuncia como presidente e deixa a capital do Egito, Cairo.

3. A desterritorialização das redes

O fato interessante dessa mobilização que culminou nessa história é que a internet mostrou-se uma ferramenta poderosa de comunicação, articulação eficaz pois segundo Castells, formou-se uma rede interconectada, formando-se um nó, assim, a rede tornou-se uma estrutura capaz de expandir de forma ilimitada, integrando outros e novos nós que se comunicam por meio da rede, compartilhando interesses em comum (2001). Como o interesse de fazer mudança política, para melhorar o país. Sendo assim, há uma interação online, onde o indivíduo consegue ter contato com alguém que está a milhares de quilômetros mesmo que ele não participe diretamente do mundo que o cerca. Acontece então, uma desterritorialização, desrregionalização das relações.

A relação se amplia na rede de computadores, podendo ter contatos a partir de uma cidade, Estado e até mesmo um país a milhares de quilômetros de distância do local onde há o foco da interação. Pois, a interação acontece em um outro ambiente, o virtual, e para o virtual não tem os limites de espaço e localização, pois a comunicação rompe barreiras e fronteiras. Os indivíduos podem morar na mesma região e manter relações online e offline ao mesmo tempo. Como é o caso dos protestos, dos computadores para as ruas em todo o Brasil. Assim, acontece uma territorialização do ambiente.

Embora a vivência essencialmente on-line tenha vida autônoma, a associação, e daí o termo "estreitamento", da vivência on e off-line foram os aspectos mais claros no tipo de sociabilidade que atualmente se opera via computador/Internet na cidade de Porto Alegre a partir do chat do provedor Terra Porto Alegre. O que coloca os pesquisadores

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