Nstituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA Campus Avançado de Varginha

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Portanto, pudemos observar a presença da racionalidade substantiva, a qual trata de valores arraigados á crença no bom, no belo e no verdadeiro, como o da instrumental, na fala da entrevistada quando ela ao ser questionada quanto ao valor que ela mesma atribui ao seu trabalho e ao valor que os outros dão a ela, deixou claro sua insatisfação diante a situação:

“[...] Não gosto por ser um trabalho cansativo, ter que trabalhar de segunda a segunda e folgar um domingo no mês e as outras folgas serem durante a semana, não é para qualquer um não, além de ter essa coisa de cada mês ser um turno. Com isso não consigo ter rotina, não posso estar com a minha família nos fins de semana, feriados e datas comemorativas e até de não poder fazer um curso profissionalizante se eu quisesse, isso me deixa muito desanimada [...] A grande maioria dos clientes nem nos agradecem quando terminamos de passar as compras, e se acontece algum problema com a máquina reclamam, muitas vezes até nos ofendendo, verbalmente ou com olhares, aquela cara ‘feia’ sabe. As pessoas não nos enxergam, não cumprimenta nem agradece. É como se a gente fosse uma máquina, elas deviam ser mais educadas e ter mais respeito com a gente. Sei que é um trabalho comum e até simples, mais que merece respeito, pois afinal é um trabalho honesto e tem o seu valor. Poderia estar fazendo coisas erradas, mais estamos aqui trabalhando e dando o nosso melhor... Apesar de tais contratempos me sinto útil devido a cooperação que existe entre nós colegas de trabalho e a importância que isso tem para mim, pois me acrescenta como pessoa e profissional [...].

Através dessa entrevista foi possível identificar quais são os sentidos do trabalho para essa trabalhadora invisível. Por mais que essa profissão não tenha uma variedade de tarefas, não permita um crescimento profissional, seja desvalorizador, ela supriu aquilo que ela necessitava no momento, se sente útil e realizada em poder sustentar sua família e orgulhosa em estar fazendo o que ela tem como correto.

Referências:

DINIZ, A. P. R., CARRIERI, A.,BARROS. A. (2013). Invisibilidade social e trabalho noturno: reflexões a partir de representações sociais de garçons. Revista Gestão e Planejamento, 13(1), 18-38.

SILVA, M. Racionalidade Substantiva no Processo Decisório: Um Estudo em Instituições que lidam com o Tratamento Oncológico infanto-juvenil na Cidade de natal-RN. Dissertação de mestrado, UFRN, 2009.

TOLFO, S.R; PICCININI,V. Sentidos e Significados do Trabalho: Explorando conceitos, variáveis e estudos empíricos brasileiros. Psicologia & Sociedade; 19, Edição Especial 1: 38-46, 2007

MORIN, E. M. Os sentidos do trabalho. ERA – Revista de Administração de empresas. São Paulo, v.41, n.3, p.8-19. Jul/Set, 2001.