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Introdução as Ciências Sociais

Por:   •  4/8/2018  •  4.284 Palavras (18 Páginas)  •  335 Visualizações

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1.7. Congruência ou Similaridade

A congruência ou similaridade entre as duas culturas, segundo Schumann, também afecta o grau de contacto entre os dois grupos. Ele acredita que a aquisição será provavelmente facilitada se houver semelhança entre os dois grupos.

1.8. Atitude

Schumann acredita que se os dois grupos têm uma atitude positiva recíproca, a probabilidade de ASL aumenta.

1.9. Tempo de Residência Pretendido

Se os aprendizes de um determinado grupo pretendem ficar mais tempo na área da SL, provavelmente, desenvolverão mais contactos com o outro grupo e terão mais. Schumann conclui que isso promoveria a aprendizagem.

2. Variáveis Afectivas

Entre as variáveis afectivas, Schumann inclui choque linguístico, choque cultural, motivação e permeabilidade do ego.

2.1. Choque Linguístico

Schumann argumenta que o adulto enfrenta mais problemas ao tentar aprender uma SL do que uma criança, pois tem medo de parecer ridículo e de não conseguir usar as palavras adequadas. Já as crianças vêem na comunicação divertimento e prazer e não têm as preocupações do adulto.

2.2. Choque Cultural

Schumann (1978a, p.32) define choque cultural como “a ansiedade resultante da desorientação encontrada ao se entrar em uma nova cultura”. Ao se inserir nesse novo grupo, actividades consideradas rotineiras na cultura do aprendiz, agora, podem demandar mais energia e causar stress, ansiedade e medo, interferindo negativamente na aprendizagem da língua.

2.3. Motivação

Schumann busca apoio em Gardner e Lambert (1972) que classificam a motivação em integrativa e instrumental. Gardner e Lambert (1972) definem o motivo integrativo como “um desejo de se tornar membro de outro grupo etnolinguístico” (p.12) e a orientação instrumental como “um desejo de ganhar reconhecimento social ou vantagens económicas através do conhecimento da língua estrangeira” (p.14).

Schumann acredita que a motivação integrativa é mais poderosa, pois um aprendiz com essa motivação “quer aprender a segunda língua para encontrar e conversar com falantes da língua alvo, saber mais sobre eles e, talvez, se assemelhar aos falantes desse grupo cujos valores valorizam e admiram” (SCHUMANN, 1978a, p.32).

2.4. Permeabilidade do Ego

Permeabilidade de ego pode ser entendida como a percepção que se tem dos limites da língua que, segundo Schumann, são menos rígidas na infância. Para ele, a permeabilidade do ego facilita a aculturação.

3. A Hipótese da Aculturação

A principal hipótese defendida por Schumann é a de que “a ASL é apenas um aspecto da aculturação e o grau de aculturação de um aprendiz ao grupo da língua alvo controlará o grau de aquisição da língua”.

A cada grau de aculturação corresponderia um grau igual de ASL. Apesar de reconhecer que essa relação não é tão simples como se apresenta na figura 1, o autor argumenta que existe sim evidência em seus trabalhos anteriores para uma relação causal entre aculturação e ASL.

3.1. O Caso de Alberto

O seu estudo mais famoso de Schumann (1978b1) teve como informante um aprendiz porto-riquenho de 33 anos, Alberto, pertencente a uma família de imigrantes latinos, trabalhadores de classe baixa.

Segundo relata Schumann (1978b), o projecto foi conduzido por Cazden, Cancino, Rosansky e Schumman em 1975. Esses pesquisadores acompanharam seis falantes nativos de espanhol – duas crianças, dois adolescentes e dois adultos – aprendendo inglês, sem instrução formal, nos Estados Unidos. Os dados consistiram de gravações de falas espontâneas e dados aliciados experimentalmente e o objectivo era investigar a aquisição da negativa, perguntas iniciadas com pronomes interrogativos e verbos auxiliares. O estudo durou 10 meses e pouco “crescimento linguístico” foi observado, mostrando evidência de pidginização. No estudo em pauta, Schumman se concentra na aquisição da negativa.

A pesquisa identificou vários padrões de desenvolvimento que foram divididos em estágios. No início, todos os participantes usavam construções com a estrutura no+verbo, como, por exemplo, “I can no see”, mas foram adquirindo as formas de negação auxiliar+not e don’t+verbo. Schumann ressalta que “os estágios sequenciais não foram discretos e houve bastante sobreposição entre eles. Cada estágio foi definido de acordo com a estratégia de negação predominante naquele momento”.

Alberto, ao contrário dos outros participantes, não apresentou um bom desenvolvimento, permanecendo no primeiro estágio durante os dez meses e o seu inglês parecia pidginizado, ou seja, era uma fala bastante simplificada, sem morfologia flexionada e sem transformações gramaticais.

Schumann acena com três explicações para esse resultado: habilidade, idade e distâncias sociais e psicológicas. As duas primeiras explicações são descartadas: a primeira porque Alberto não apresentava nenhum déficit cognitivo e a segunda porque 1 Na realidade, esse estudo foi republicado pela primeira vez em 1976: SCHUMANN, J.H. The pidginization hypothesis. Language learning. v.26, n.1, p.391-408, 1976. Neste texto, estou usando sua republicação em 1978.

Schumann não encontrou respaldo em nenhuma pesquisa que comprovasse que a idade biológica fosse um factor negativo. Restou, portanto distância social e psicológica.

No que concerne à distância social Alberto era o único participante que pertencia a uma classe social de trabalhadores de pouco status, subordinada aos americanos e pouco integrada à sociedade americana. Apesar de ter acesso à instituições sociais, esse tipo de grupo vivia na mesma vizinhança de outros imigrantes e iam às mesmas escolas, igrejas e associações. Esse fechamento reforça a coesão de grupo.

Para medir a distância social dos falantes do inglês, foi solicitado a Alberto que preenchesse um questionário onde ele forneceu informações sobre suas atitudes e motivação. Schumman não demonstrou confiança no instrumento, avaliando que as respostas de Alberto poderiam ter sido dadas para agradar ao pesquisador, pois alguns aspectos de seu estilo de vida entravam em contradição com suas atitudes

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