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Economia solidária como alternativa as consequências humanas da globalização

Por:   •  19/10/2018  •  1.645 Palavras (7 Páginas)  •  266 Visualizações

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A importância da autogestão democrática nas iniciativas de economia solidária transcende ainda razões econômicas. Segundo Cunha (2007) enxerga-se como oportunidade na implantação deste tipo de prática: “(...)um potencial para ampliar a politização da sociedade civil e favorecer também a democratização do Estado. Nesse sentido, a ação política de apoio à economia solidária também deve ser pensada em termos do questionamento às formas representativas da democracia e aos debates sobre uma concepção mais participativa que, sem negar a estrutura representativa existente, complemente-a via formas de participação direta na elaboração das decisões e controle das políticas.”.

Notoriamente, são variados os problemas causados pela implementação do capitalismo, a globalização como ferramenta de flexibilização do trabalho acaba por deteriorar ao final do século XX as condições de trabalho das classes desfavorecidas dadas as características de intenso movimento do fluxo de investimentos das grandes companhias que podem, assim como seus acionistas, realizar um desprendido movimento migratório sem qualquer tipo de constrangimento ao menor indício de resistência ou deterioração do espaço que ocupa em um primeiro momento. As iniciativas de economia solidária surgem neste contexto como uma ferramenta possível para sanar alguns dos questionamentos levantados por Bauman em sua obra Globalização: As consequências humanas por se apresentar como uma forma mais democrática de apropriação do trabalho e espaço público como direitos.

Economia solidária e as relações sociais.

Além do que já foi citado as ações da economia solidaria são além de tudo, os espaços de vivência que criam relações sociais no trabalho, indo contra a realidade atual onde a uma fragilidade dos vínculos sociais como destaca Sennett (1999), o rompimento, na atualidade, da noção de longo prazo, somado ao desejo de retorno rápido e à estruturação das organizações em redes – mais planas e flexíveis – ao invés das antigas hierarquias piramidais – mais estáveis e difíceis de serem decompostas ou redefinidas – repercutiu diretamente sobre a possibilidade de se estabelecer confiança, atributo relacionado às relações duradouras. Segundo o autor, o esquema de curto prazo característico das instituições modernas limita a possibilidade de amadurecimento da confiança, já que os vínculos fortes dependem da associação a longo prazo e da disposição em estabelecer compromissos com os outros (Sennett, 1999).

As politicas da ES são muito importantes para recuperar os vínculos sociais para demonstrar isso focaremos nas cooperativas, no que tange à viabilidade econômica, depende, evidentemente, de diferentes tipos de capitais: econômicos, sociais, culturais e políticos, que elas possuam.

No entanto, observamos que existe uma viabilidade social que, transpondo as fragilidades econômicas, permite que elas sejam contornadas, em razão da qualidade do vínculo social construído a partir do trabalho e através da constituição identitária que este possibilita, elas nasceram de iniciativas populares, mais comumente por iniciativa de um ou dois membros das associações de bairro. Nos vínculos internos estabelecidos, observamos que as decisões são tomadas em conjunto, que uma remuneração mínima deve ser garantida a todos, e ainda, pode existir uma remuneração em função de uma produção diferenciada. O número de horas trabalhadas e os encargos assumidos são divididos pelo conjunto do grupo.

Os cooperados valorizam enormemente o fato de poderem dividir suas experiências particulares, as mais diferentes possíveis e vivenciadas em diferentes lugares, o que não os impede de produzir. A ideia de um "nós" se constitui e a sua ação se faz presente na comunidade de referência do grupo.

As cooperativas são sensíveis a outras necessidades que não diretamente as suas. Existe, nas relações com a comunidade, ao mesmo tempo a idéia de dar, retribuir e contribuir, ou seja, de certa forma um tipo de engajamento diferente, que não se restringe ao paradigma do mercado.Através das cooperativas, os membros têm normalmente a oportunidade de completar uma formação profissional mesmo que de maneira precária.

Concluindo quando uma parte dos membros do setor informal chega a se constituir em cooperativas, percebemos que uma identidade social diferente se desenha. Uma maneira de agir socialmente se manifesta e um engajamento social se afirma. Surge aí a construção de um "Nós" que permite um esforço em direção à integração social, mesmo quando a sobrevivência econômica é precária. No outro caso, é comum uma desintegração do tecido social comunitário, mesmo quando existe sobrevivência econômica. As formas de trabalho e as relações de trabalho promovem dinâmicas sociais a partir de identidades sociais que se formam historicamente.

Nesse sentido, as cooperativas nos deixam um ensinamento e uma reflexão: elas são novos atores que nascem de uma socialização no trabalho (secundária), mas que privilegiam os termos da socialização primária. O que está acontecendo do ponto de vista empírico, na esfera de trabalho das cooperativas é uma luta contra os efeitos da "mercadorização" das ações sociais. Uma luta contra as ações guiadas pelo lucro, que querem ignorar o lucro social da integração, por exemplo.

Bibliografia

- BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.

- CUNHA, G. C. Políticas Públicas de Economia Solidária enquanto ressignificação das relações Estado-Sociedade: alguns elementos teóricos e empíricos.

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