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Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais

Por:   •  26/8/2018  •  1.066 Palavras (5 Páginas)  •  218 Visualizações

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Isto posto, Kergoat, a partir da crítica às categorias reificadas, estabelece imperativos e princípios que, constroem orientações metodológicas para o emprego do conceito de consubstancialidade. O primeiro imperativo é materialista, entende que, o gênero, a raça e a classe são relações de produção, que no seu cruzamento reproduzem a exploração, a dominação e a opressão. A análise sobre a apropriação do trabalho de um grupo pelo outro é amparado pelo conceito de relação social, ou seja, às disputas (materiais e ideológicas).

O segundo imperativo consiste no caráter histórico, defende que as relações sociais são dinâmicas e devem ser historicizadas, assim, possuem uma estrutura que favorece sua permanência e apresentam fenômenos históricos, eventos, períodos que suscitam sua transformação. O terceiro refere-se às invariantes das relações sociais, os princípios que regulam seu funcionamento, exemplo: a divisão social do trabalho se modifica no tempo, mas seus princípios de organização são de separação (trabalho de homem e da mulher) e, princípio de hierarquia (o trabalho do homem vale mais do que o trabalho realizado pela mulher).

A consubstancialidade das relações de classe, gênero e raça, podem ser encontradas no trabalho de care. Este ramo profissional que compreende o trabalho das babás, da empregada doméstica ou da cuidadora de idosos, etc; é marcado pela taxa crescente de atividade de mulheres, e está relacionado ao aumento dos fluxos migratórios femininos. Desta maneira, o trabalho de care é um instrumento para análise das relações de classe, gênero e raça que permite: refletir sobre o surgimento de uma classe servil (operária não-industrial e feminina), bem como de novas relações de classe; observar o deslocamento dos problemas do trabalho doméstico superexplorado; de verificar a racialização vinculada às etnias que realizam este trabalho; e de analisar novas formas de concorrência entre trabalhadoras e trabalhadores dos países Sul e Leste.

A autora conclui que, no trabalho de care,

Vemos bem como as três relações são inseparáveis e não somente se reforçam, mas se co-produzem mutuamente: a relação de classe reforçada pelos processos de naturalização, de racialização e de “generização” do trabalho de care; a racialização, Pa qual os empregos domésticos estão particularmente sujeitos, reforça e legitima a precarização (e, portanto, as relações de classe) e a “generização”; a relação de gênero exacerba a relação de classe na medida em que a feminização dessas últimas é um fenômeno novo para o corpo social e, portanto, para o qual ainda não há uma resposta, e reforça as relações de raça pela sua naturalização. (KERGOAT, p. 103)

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