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Ciências Sociais

Por:   •  6/2/2018  •  4.559 Palavras (19 Páginas)  •  286 Visualizações

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generalização. Daí Coriat falar na "generalização abusiva" presente na tese da especialização flexível de Sabei e Piore.

Aguda mesmo é a crítica de Clarke, junto com outros autores, alega que a tese original da especialização flexível não é "universalmente aplicável", é incoerente entre seus vários elementos e não se sustenta quando se refere ao mercado de massa e à incapacidade de esta produção adequar-se às mudanças econômicas, bem como à "suposta correlação entre a nova tecnologia e a escala e as formas sociais da produção". Reafirmando a tese de que a especialização flexível acarretou a intensificação do trabalho e consiste em um meio de desqualificá-lo e desorganizá-lo. Esta ideia é, mais polêmica e problemática, quando se desenvolve a tese de que o fordismo é dotado de

dimensão flexível, capaz portanto de assimilar todas as mudanças em curso, dentro de sua lógica.

O fordismo entende não somente como restrito à esfera fabril e tecnológica, mas também as relações sociais de produção, Clarke vê a crise atual de reprodução do capital não como uma reestruturação pós fordista. Ele conclui: "A crise do fordismo não é nada de novo; é apenas a mais

recente manifestação da crise permanente do capitalismo".

Outro autor também desenvolve pontos críticos à formulação que defende as positividades e o avanço da especialização flexível. Frank Annunziato mostra que Piore e Sabel veem a produção artesanal como um meio necessário para a preservação do capitalismo. Olhando para EUA, estes autores vislumbram uma "democracia americana dos pequenos proprietários" que Annunziato contesta e diz o fordismo domina a economia dos EUA até hoje, à medida que tem um processo de trabalho taylorizado e é dotado de uma hegemonia capitalista que penetra no interior das organizações de trabalhadores, tanto sindicais quanto nos partidos políticos..

Neste debate, onde mostra que, na última década, a tendência à descentralização da produção atingiu, na Itália, muitas grandes empresas, que têm reduzido o tamanho da sua planta industrial e incentivado, em direção às pequenas unidades produtivas. Processos correlatos vêm ocorrendo no Japão, fazendo crescer a produtividade das pequenas empresas através do avanço

tecnológico, articulando, pela informática, as pequenas empresas aos grandes conglomerados. Algo parecido têm ocorrido também no sul dos EUA e Grã-Bretanha, citando também o

exemplo da redução da planta industrial em curso nas unidades de produção da General Electric. Para Murray, as condições históricas e particulares podem possibilitar, como no caso italiano, o surgimento dessas unidades produtivas menores. Entre os elementos mais importantes na definição do mundo industrial, o tipo do produto, as opções tecnológicas existentes, o controle do processo produtivo, as relações industriais e a legislação estatal. Murray também mostra que a articulação entre descentralização produtiva e avanço tecnológico, exemplo a italiana – que possui sua base de pesquisa tem como sentido combater a autonomia e coesão de setores do operariado italiano, a ponto de chegar mesmo a sugerir uma necessária reconsideração do papel do trabalhador coletivo de massa, muito forte na Itália nos anos 60/70. O artigo define as várias formas de descentralização produtiva, demostrando do trabalho, adicionando a tecnologia, pode possibilitar ao capital tanto uma maior exploração quanto um maior controle sobre a força de trabalho. Demonstra como os sindicatos italianos, têm encontrado dificuldade em assimilar e incorporar essa classe trabalhadora

Em uma análise sobre o significado e os contornos das transformações vivenciadas pelo capitalismo nos é oferecido por Harvey, ele fala que o núcleo essencial do fordismo manteve-se

forte até pelo menos 1973, baseada em produção em massa, segundo ele os padrões de vida para a população trabalhadora dos países capitalistas mantiveram de certa forma estáveis. Mas, após a recessão instalada a partir de 1973, teve início um processo de transição no processo de acumulação de capital.

Resumindo a acumulação flexível nos diz que essa fase da produção é "marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Apoia-se na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Marca-se pelo aparecimento de setores de produção, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e,

acima de tudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual, como nos setores, como em regiões, criando, um vasto movimento no emprego no chamado "setor de serviços", bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então não desenvolvidas. Mesmo que o autor afirme que as empresar que se seguem o modelo fordista pudessem adotar as novas tecnologias e os emergentes processos de trabalho, reconhece, que as pressões competitivas, como a luta pelo controle da força de trabalho, fazem nascer "formas industriais totalmente novas ou à integração do fordismo a toda uma rede de subcontratação e de

deslocamento para dar maior flexibilidade diante do aumento da competição e dos riscos".

Distanciando tanto daqueles que falam em novos processos produtivos, inteiramente distintos das bases fordistas, Sabel e Piore, e daqueles que não vêem novas e significativas transformações no processo de produção de capital, como Pollert, Anna, Harvey reconhece a existência de uma combinação de processos produtivos, articulando o fordismo com processos

flexíveis, "artesanais", tradicionais. Em suas palavras: "a insistência de que não há nada essencialmente novo no impulso para a flexibilização e de que o capitalismo segue periodicamente esses tipos de caminhos é por certo correta. Se exagerar a significação das tendências de aumento da flexibilidade e da mobilidade geográfica, deixando-nos cegos para a força que os sistemas fordistas de produção implantados ainda têm, merece cuidadosa consideração. E as consequências ideológicas e políticas da super acentuação da flexibilidade no sentido estrito da técnica de produção e das relações de trabalho são sérias o bastante para nos levar a fazer sóbrias e cautelosas avaliações do grau do imperativo da

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