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BULLYING: UM PROBLEMA DENTRO E FORA DOS MUROS ESCOLARES

Por:   •  13/2/2018  •  3.784 Palavras (16 Páginas)  •  422 Visualizações

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Desta forma, ainda que o bullying aconteça em outros contextos, é no escolar que ele se intensifica, ou seja, é no âmbito escolar, que tais atitudes têm graves consequências negativas, interferindo não só na aprendizagem e rendimento do mesmo, mas também nos aspectos sociais, de modo a ocasionar transtornos, traumas ou síndromes psíquicas, que resultam em indivíduos reclusos, isolados ou até mesmo violentos, capazes de buscar na morte (própria ou do colega) a "solução" para seus problemas.

Infelizmente, enquanto educadores, podemos observar que o cotidiano escolar é marcado por brigas ou mesmo xingamentos que podem deixar de ser meras situações corriqueiras para se tornar relações conflituosas de bullying. É claro, entretanto, que nem toda "piadinha ou brincadeira" pode ser vista como ato de bullying, já que mesmo de mau gosto, há atitudes que são feitas sem intenção de humilhar, intimidar ou ameaçar o outro. Sendo, portanto, não caracterizadas como bullying, mas ainda sim formas de violência.

[...] as causas da violência nas escolas, fenômeno que vem aumentando nos últimos anos, os alunos apontaram os principais motivos, que procuramos analisar, agrupando-os da seguinte maneira: a agressividade dos próprios alunos que afeta a luta pela afirmação de sua identidade, e que não é reconhecida pelos educadores; o descaso da escola e a violência, sobretudo verbal, dos professores e funcionários contra os jovens; a influência da mídia; e a negligência da família. (NJAINE; MINAYO, 2003, p.125).

Desta forma, cabe ao professor, como mediador, sondar se essas ações são ou não formas de violência intencional, isto é, bullying, com o intuito de tomar as devidas providências para a resolução de conflitos, fazendo da sala de aula, um lugar "respeitoso", em que os alunos saibam conviver com as diferenças, sejam elas físicas, sociais, intelectuais, culturais e/ou emocionais, sem desrespeitar o outro. Ou melhor, um ambiente em que haja, acima de tudo, diálogo, comunicação e valorização de todos, já que a escola é um espaço de socialização.

Todo esse cenário nos faz destacar a importância da reflexão e da pesquisa. De forma especial, é necessário um entendimento atualizado e mais profundo da relação professor-aluno, aspecto fundamental da relação pedagógica e razão de ser da instituição escolar. Podemos dizer que, durante muito tempo, a atitude dos professores diante de seus alunos era presumível. Suas atribuições, o campo próprio de sua atuação, enfim, suas tarefas, eram socialmente muito mais definidas. No entanto, na atualidade, parece ser fato que há toda uma complexificação em torno do consenso social sobre educação e um aumento das exigências em relação ao professor. (LOPES; GASPARIN, 2003, p.298).

Pois bem, Ana Rita Martins, em reportagem a revista Nova Escola (Edição 230, Março de 2010) afirma que:

Os jovens diante de um corpo em mutação, precisam construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no mundo. Por trás de manifestações tão distintas quanto rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para organizar um turbilhão de sensações e sentimentos. A adolescência é como um renascimento, marcado, dessa vez, pela revisão de tudo o que foi vivido na infância.

Assim, em consonância ao assunto em questão, como leciono Matemática e Física para o Ensino Médio, em uma escola pública, deparo-me diariamente, com alunos que não querem ser vistos mais como crianças, nem tampouco como adultos: são os adolescentes. Eles vivenciam uma fase de descobertas, inseguranças, inquietações, mudanças e/ou transformações corporais, mentais e de comportamento.

Por essa razão, esporadicamente, deparo-me com situações conflituosas entre os alunos. No geral, são desentendimentos verbais, em que um ofende o outro o rotulando de "gordinho", "nerd", "magrela" e outros tantos adjetivos pejorativos. Inclusive, em um dos últimos episódios, me deparei, ao entrar na sala de aula, com um aluno chamando o outro de "barril" e "rolha de poço", tentando o humilhar, por que não aceita o fato de tirar notas menores que ele. Enquanto, o que ofendia se achava "superior", o outro, sem revidar, com os olhos cheios d' água deixava-se intimidar.

Neste caso, tal como nos outros, acima de qualquer coisa, chamei as partes envolvidas, isto é, o aparente "ofensor" e o "ofendido" para uma conversa franca, em particular, na tentativa de sondar o acontecido e apurar os fatos reais, a fim de não só intervir na situação, mas resolvê-la, buscando acalmar as partes e introduzir valores no que estava ofendendo o colega, para que ele reconhecesse o erro, pedisse desculpas ao colega, e principalmente, não voltasse a repeti-lo.

Na situação acima, não foi preciso solicitar a direção, já que, embora o aluno ofendido tenha dito que não era a primeira vez, o ofensor reconheceu que aquelas palavras eram "formas de violência" e não voltou a reproduzi-las. Ou seja, neste caso descrito, com a minha intervenção, consegui impedir a repetição do constrangimento à vítima.

Aliás, tal como pode ser lido no Manual de Proteção Escolar e Promoção da Cidadania, 2009, p.33:

A violência não deve ser tolerada no ambiente escolar e, embora nem sempre seja possível evitá-la, cabe à escola e aos pais ou responsáveis agirem na sua contenção, privilegiando o diálogo e promovendo oportunidades de solucionar conflitos de forma pacífica e construtiva.

Sendo assim, em todos os casos, recorro, antes de tudo, ao diálogo, para que tais desentendimentos verbais não desencadeiem em violência física. Felizmente, este primeiro diálogo tem rendido frutos bons, visto que, na maioria das vezes, consigo mediar o conflito, buscando a solução do problema e o acordo entre os pares.

A expressão que mais se ouviu nas entrevistas foi “dar-se ao respeito”, síntese de um desejo da população residente em áreas pobres de ter reconhecida a sua dignidade, mas igualmente de reconhecer a dignidade do diferente. É necessário retomar com urgência o debate sobre a educação moral no seu sentido contemporâneo de autonomia moral, entendida como preparação para o exercício da cidadania nas escolhas éticas feitas e no respeito às demais possíveis na convivência pacífica, isto é, naquelas escolhas que não implicam a destruição ou o silenciamento dos outros. Sobretudo, a autonomia na participação na vida pública em seus diversos canais, como princípio condutor

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