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A ética protestante e o espírito do capitalismo

Por:   •  9/10/2018  •  1.593 Palavras (7 Páginas)  •  409 Visualizações

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O espírito do capitalismo é fruto dessa reeducação, que insere os indivíduos numa nova perspectiva de vida na qual o trabalho não é um meio para manter um determinado estilo de vida ou de obter ganho pura e simplesmente; e sim “como um fim em si: como uma vocação” (WEBER, p. 39). Nisso consiste o espírito do capitalismo, defendido pelo Weber.

CAPÍTULO III - A CONCEPÇÃO DE VOCAÇÃO DE LUTERO; TAREFA DA INVESTIGAÇÃO:

É a partir de uma conotação religiosa “- a de uma tarefa ordenada, ou pelo menos sugerida por Deus,” - que o Weber traça a origem do termo ‘vocação’, no sentido de uma plano de vida ou de trabalho. Segundo o autor, nem os povos católicos nem os povos da antiguidade clássica conheciam expressão semelhante; no entanto, é predominantemente de conhecimento dos protestantes. Não é um termo do texto original da bíblia, e apareceu pela primeira vez em tradução feita por Lutero. O autor argumenta que isso não está relacionado às características étnicas, mas da própria religiosidade protestante. O seu significado é produto da Reforma, enquanto um novo momento histórico, uma nova era, “esta valorização do cumprimento do dever” (WEBER, p. 53). Tal pensamento mostra o único modo aceitável para Deus é o cumprimento das tarefas seculares impostas ao indivíduo por sua condição no mundo, e isso é vocação.

A noção de valorização religiosa do trabalho mundano aconteceu na primeira década reformista de Lutero, como contraponto aos monges católicos, que segundo ele, tinham uma egoística falta de carinho, que os levava a se afastar das tarefas mundanas.

O Max Weber não considera o Lutero como um pai do espírito do capitalismo, entretanto, a noção luterana de vocação tem impactos significativos na vida não religiosa. Ressalta que seria tolo e doutrinário indicar o capitalismo como resultado do protestantismo ou da reforma, mas identificar o alcance das influências da religião, em especial da ética da vocação.

CAPÍTULO IV - FUNDAMENTOS RELIGIOSOS DO ASCETISMO LAICO:

Weber classifica o “protestantismo ascético” (WEBER, p. 65) em: calvinismo, pietismo, metodismo e as seitas batistas.

O Calvinismo: Principal religião dos países capitalisticamente desenvolvidos, como a França, a Inglaterra e os Países Baixos e as lutas culturas e políticas dos séculos XVI e XVII. A doutrina da predestinação é o seu mais característico dogma, exemplo: alguns homens estão predestinados à vida eterna e outros não. A ética vocacional é uma obrigação para todos os seres humanos. É assim que o Calvinismo dá sua contribuição ao ascetismo laico, quando forja uma espécie de trabalho que não visa o lucro apenas, e sim um trabalho que mostre que aquele que o realiza está cumprindo honradamente suas obrigações, e o sucesso econômico é apenas um sinal disso.

O Pietismo: Nasceu de um movimento calvinista na Inglaterra e Holanda. Foi se separando gradativamente até ser absorvido pelo luteranismo. Mesmo não tendo um ajustamento dogmático satisfatório, conservou-se como um movimento da igreja luterana. Era totalmente descrente da igreja dos teólogos. “Desejava, por meio do ascetismo intensificado, gozar a bem-aventurança da comunidade com Deus nesta vida” (WEBER, 1987, p. 91). Sua base religiosa era voltada para a ética vocacional, pois o próprio Deus abençoava seus escolhidos através do sucesso em seu trabalho. E para não dar chance ao azar, pois poderia acontecer de algum pietista não encontrar sua vocação, a irmandade funcionava como um centro missionário e uma empresa de negócios, que dirigia seus crentes no caminho do ascetismo secular. A Irmandade é um fator decisivo na contribuição do pietismo para o racionalismo econômico e para o ascetismo laico que marca o típico burguês sóbrio analisado por Weber.

O Metodismo: A pretensão do metodismo, segundo seus fundadores, não era formar uma nova igreja, mas apensas “reavivar o espírito ascético dentro da igreja antiga” (WEBER, p. 65), e foi somente por seu desenvolvimento e alastramento pela América que acabou se separando da igreja anglicana. O metodismo é de caráter sistemático, “metódico” e apresenta uma indiferença pelos dogmas do ascetismo calvinista. Os metodistas acreditam que as boas obras devem ser realizadas apenas para a glória de Deus; que são um meio para se conhecer o estado de graça de alguém, e quem não pratica obras boas não é um bom crente. Para Weber, o metodismo não acrescentou nada de relevante para uma nova leitura sobre o conceito de vocação original. Assim como o pietismo, é considerado um movimento secundário.

As Seitas Batistas: Eram caracterizadas por um repúdio sincero do mundo e dos interesses mundanos, preferindo dar atenção à submissão incondicional ao seu Deus. Weber coloca que a superação do impulsivo do irracional, das paixões, dos interesses subjetivos do “homem natural” que eram fundamentais na crença das seitas batistas: como dito pelo autor, o “repúdio necessário de toda ‘deificação da carne’” (WEBER, p. 103). Ainda nesse sentido, a doutrina batista colocava que a salvação depende do crente aceitar e ouvir Deus, como sua consciência, e apenas aquele que seguisse os ditames dessa consciência poderia ser redimido. Portanto, a contribuição

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