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A Evolução do Pensamento Geopolítico

Por:   •  6/5/2018  •  1.591 Palavras (7 Páginas)  •  304 Visualizações

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o pensamento geopolítico (embora alguns ainda não usassem esse neologismo) como uma ferramenta capaz de explicar, de uma maneira geral, o status quo de um determinado Estado e quais as possibilidades que este tem para sobreviver ou proliferar, embora as suas teorias pudessem ser completamente opostas, como é o caso de Ratzel e Blache.

DETERMINISMO OU POSSIBILISMO

Foi com Ratzel e Vidal de la Blache que a dicotomia do pensamento geopolítico determinista/possibilista surgiu, digladiando-se os idealizadores e respetivos seguidores por aquele que, na visão destes, verdadeiramente explica a existência e continuidade de sociedades e Estados.

Pode ainda assim verificar-se, pelo descrito nos parágrafos anteriores, que a grande maioria dos pensadores da antiguidade consideravam a relação Homem-Natureza como sendo determinista, na medida em que estes entendiam que a Natureza tinha supremacia sobre a vontade do Homem e, por simpatia, condicionavam a existência, modo de vida e decisões políticas dos povos que se sujeitavam a essas condições.

A visão determinista de Ratzel, surgida no rescaldo do contexto histórico da unificação política e administrativa da Alemanha (1871) , e bem presente em duas das suas obras – Antropogeografia (1882) e Geografia Política (1897) – estabelecia por um lado um nexo de causalidade entre o meio natural e o comportamento humano e por outro analisava a necessidade expansiva dos povos em função da necessidade de manterem ou ampliarem o seu espaço vital, claramente na senda do expansionismo Germânico .

Outros dois autores são dignos de destaque, por seguirem a linha de pensamento de Ratzel: Ellen Semple (1863 – 1932) – pupila deste e defensora desta visão – nas suas obras primariamente voltadas para a população ocidental (norte-americana), teorizou que o comportamento humano é primariamente determinado pelo ambiente físico. Por sua vez, Rudolf Kjellén, autor do neologismo Geopolítica, foi ainda mais longe, ao introduzir uma ainda mais vincada “concepção organicista do Estado” (Nogueira, 2011), no seu trabalho O Estado como forma de vida, ao afirmar que os Estados funcionam como seres vivos, dotados de vontades, que por sua vez se sujeitavam às circunstâncias naturais.

Por seu turno, o geógrafo francês Vidal de la Blache, no seio da Terceira República Francesa (1870 – 1940), e num contexto de ambiente político hostil entre a França e a Alemanha3, opôs-se firmemente ao pensamento do seu contemporâneo determinista (Ratzel), introduzindo nos seus trabalhos o fator histórico no pensamento geopolítico “admitindo mesmo qua a maioria dos factos teriam uma justificação geográfico-histórica” (Nogueira, 2011). Considerado como o “idealizador” do possibilismo, criticou o expansionismo alemão, defendendo por sua vez o colonialismo francês.4 Para além de Blache e primeiro que este, o compatriota Jean Elisée Reclus (1830 – 1905) – curiosamente considerado o “pupilo mais ilustre de Carl Ritter” – geógrafo e anarquista, concluiu que “as leis da Natureza constituíam o único limite à liberdade do Homem e que as mesmas não poderiam ser transgredidas sem graves inconvenientes para o próprio Homem”, no entanto “recusava privilegiar um só factor na explicação dum facto, chamando a atenção para a infinita complexidade do meio, colocando-se em franca oposição a todo o determinismo sistemático” (Nogueira, 2011).

A meio termo entre o determinismo e possibilismo, encontram-se autores mais recentes, como Raymond Aron (1905 – 1983) que, embora tendencialmente possibilista, concordava com o facto de existir influência do meio no comportamento humano, “na medida em que o considera, simultaneamente, como incitamento e limite” (Nogueira, 2011), mas nunca como explicação do comportamento. Pierre Renouvin (1893 – 1974) considerou, à semelhança de Aron, que existia uma influência dos fatores geográficos, mas que estes se iam diluindo com o tempo, com os avanços tecnológicos da Humanidade que permitiam «galgar» as barreiras naturais e a consequente “mistura de culturas e etnias” (Nogueira, 2011), principalmente após o séc. XIX. Estas considerações foram mais ou menos sustentadas, ao longo dos anos que se seguiram, até ao final do séc. XX, por outros autores, mas sempre com uma maior inclinação para o possibilismo.

Refere Nogueira (2011) que é politicamente incorreto “defender qualquer espécie de determinismo, seja no campo geográfico ou qualquer outro” contudo, não se pode excluir por completo a influência do Meio Ambiente na ação Humana, mais que não seja, impondo um limite. Como que corroborando essa posição, num trabalho mais recente, datado de 1998, David S. Landes relembra as dificuldades que a espécie humana tem em sobreviver em climas hostis, o que atualmente ainda se verifica.

Não obstante existir a necessidade de alguma cautela quando se utilizam argumentos que tendem a ser considerados como deterministas, Geert Hofstede, cientista social holandês, introduz alguns parâmetros de análise das culturas que poderão, de certa forma, ser associadas a algum tipo de determinismo, uma vez que os mesmos estão por sua vez relacionados com fatores ambientais, como o clima.

Finalmente, conclui-se que não sendo politicamente correto balançar-se totalmente para o determinismo, não se podem excluir algumas limitações impostas pelo meio

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