Resenha - Imaginação e arte na infância
Por: Ednelso245 • 2/6/2018 • 2.016 Palavras (9 Páginas) • 527 Visualizações
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Já no sexto capítulo, Vygotsky discorre a respeito dos aspectos constitutivos da imaginação criadora: memória, imaginação, emoção e a realização. Expondo uma diversidade significativa de conhecimento num interessante registro com objetivo de conhecer e analisar a produção escrita das crianças. Oferece, também, aspectos para visualizarmos o desenvolvimento e o domínio da forma escrita da linguagem pelas crianças, assim, o autor indica a importância dos diversos gêneros textuais nesse processo.
No capítulo seguinte, o ponto principal está na dramatização para o desenvolvimento infantil. O autor desperta a importância dos modos de entender, explicar e valorizar essa atividade humana nas relações de ensino-aprendizagem, e esclarece o grande valor do processo na criação infantil, o ato de brincar e o faz de conta, ficando mais significativos que o próprio produto da criação.
No último capítulo da obra, Vygotsky debate com psicólogos, artistas e educadores que se importam pelo desenho das crianças e se preocupam em estudá-lo. Discorre as fases do desenho por eles descritas, admite as formulações demonstradas e salienta que, “Os quatro estágios no desenvolvimento do desenho infantil podem ser percebidos com mais nitidez ainda nos exemplos de representação das figuras humana e animal, que são os dois objetos que as 120 crianças mais gostam de desenhar [...]” (p. 111).
Após uma breve síntese da obra, podemos analisar que a arte permite um ambiente facilitador, em que se pode melhorar por meio da estimulação da criatividade da criança, a interação com o meio e o aprendizado. Aprimorar a experiência estética por meio da emoção e da arte onde a imaginação é um instrumento que determina a criatividade humana em beneficio do conhecimento.
Para o autor a presença da criança na cultura era de extrema relevância, sendo que a imaginação e a criação teria uma ampla participação no ensino das práticas sociais. Pois criar é produzir o novo, Vygotsky defende o processo de apropriação da cultura, onde a criação irá aprender os modos sociais. Essa apropriação provoca uma atuação ativa da criança na cultura, tornando próprios dela mesma os modos sociais de perceber, sentir, falar, pensar e se relacionar com os outros.
A emoção atinge a imaginação, do mesmo modo que a imaginação produz emoções, a maneira com que a criança compartilha com o mundo, tem haver com o modo com que ela internaliza e converte através dos sentidos a realidade que vivencia. Denominamos de atividade reprodutiva aquela que está inerente de maneira íntima à memória: sua essência resume em reproduzir ou copiar meios de conduta anteriormente criados e elaborados ou ressurgir marcas de impressão anteriores. A criança repete aquilo que experimenta, as lembranças da infância podem trazer marcas, quando essa mesma criança repete seguindo algum modelo que já tenha presenciado, ela na realidade apenas repete ou reproduz e acaba por não criar nada.
O homem cria novas condições de acordo com suas necessidades, e necessidades essas que o ambiente propicia. Então, o mesmo preserva experiências vividas anteriormente, mas somente através de estímulos é que ele irá criar novas condições para se adaptar melhor ao meio. Essa plasticidade cerebral irá formar relações entre os estímulos provocados para a adaptação e as experiências vivenciadas, em um processo de criação para melhor reelaboração de novas condições para o meio. Esse processo de relação é nomeado de “imaginação” ou “fantasia”, que é tudo aquilo que não faz parte da realidade ou do dia a dia, que não tem significado prático.
A imaginação desenvolve diversos campos da atividade cultural humana, onde a criação artística é uma invenção humana onde o homem combina, transforma e cria algo novo. Segundo Vygotsky, a imaginação se constitui de elementos extraídos da realidade e posteriormente o produto dessa relação se da à fantasia onde são empregadas novas possibilidades, novas combinações, e desse modo à emoção é quem irá atribuir expressão a essas imagens e impressões criadas através dessas combinações.
Proporcionar a imaginação das crianças em atividades é desenvolver uma nova realidade para ela, por esse motivo é interessante estimular as brincadeiras na infância. Mas precisamos ficar ligados às complexidades de cada faixa etária da criança, pois em cada estágio do desenvolvimento de sua infância ela terá uma expressão característica diferente. Essa expressão pode ser entendida através da relação entre fantasia e realidade, pois a imaginação pode proporcionar grandes invenções, e acumular experiências, e então demonstrar o desenvolvimento da criança, através das brincadeiras. A brincadeira é um grande exercício da imaginação e criatividade.
Na obra é enfatizada a relação inversa entre imaginação e emoção, visto que uma obra de arte pode ocasionar emoções por meio de impressões externas. A obra de arte se expressa com o mundo, seguindo uma pesada influência na consciência social humana, pois a mesma tem a possibilidade de materializar imagens de fantasias. Trabalhar e aperfeiçoar potencialidades por intermédio da estimulação da criatividade, explorando, descobrindo o seu próprio eu, através da arte que é um modo de reconhecer capacidades e habilidades dentro do âmbito escolar, é uma das formas de exercitar a criatividade na infância.
Desse modo, creio que a estimulação da criatividade dentro das escolas ocorrerá de uma forma de focar com mais ênfase o papel da arte na educação, onde a atividade de imaginação e realidade, fantasia e criação se fazem presente possibilitando conhecimento em todas as fases da vida humana.
Ao relatar a relevância da atividade criadora para o homem, Vygotsky emprega para diferencia-lo dos animais que possuem, pois se apenas reproduzíssemos experiências e inovássemos pouco a respeite dessa memória, estamos somente vivendo de instintos de autopreservação e reprodução da espécie, tal como vivem os outros animais.
Quando o autor faz sua reflexão para o âmbito da infância, diz que a atividade criadora esta presente desde muito cedo e demonstra, por exemplo, nos jogos, onde por mais que sejam imitações de situações reais, há sempre um elemento novo, produzido pela criança e introduzido em situações preexistentes. Assim, compreendemos a importância de tais atividades na vida infantil e o motivo de serem estimuladas como exercício de criação e autonomia.
Logo, é importante salientar a colocação que faz o autor da imaginação como base da atividade criadora e sua manifestação
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