RESENHA - OS PRIMEIROS TEMPOS DO VIVER URBANO
Por: Ednelso245 • 9/12/2017 • 1.526 Palavras (7 Páginas) • 465 Visualizações
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Em relação aos traçados todo arraial deveria seguir o que prescreviam as autoridades religiosas. Analisando as formações das vilas o texto afirma existir uma certa tendência a ortogonalidade em algumas delas ainda que sempre as capelas devessem ser locadas em posição dominante na paisagem e foi justamente essa posição escolhida em todas as capelas que deram origem as cidades do Triângulo Mineiro, sem exceção. O entorno da igreja deveria ser formado pelo adro (espaço externo) para que seu destaque fosse garantido e seu terreno em geral tinha um formato retangular alongado já que na maioria das vezes o cemitério se localizava atrás das igrejas.
Conforme o arraial crescia o terreno da capela se transformava na “praça da matriz” que se denominava como centro econômico e político do povoado. As casas eram construídas no perímetro da igreja, porém somente os mais abastados construíam suas casas em frente ao templo enquanto as pessoas com baixo poder aquisitivo constituíam suas casas nos becos e ruas menos centralizadas. Esse modo de morar, as vestimentas das pessoas e a exibição de escravos definiam uma hierarquia da população.
Foi com a nova orientação econômica da época que Minas recebeu destaque e principalmente como exemplo de desenvolvimento tem-se Uberaba que não foi um fenômeno isolado no estado. Minas passou a ser exportador de carne bovina, suína, açúcar e aguardente, panos e algodão. E a partir disso tornou-se a maior província escravista do Império. O núcleo mais próspero do Império foi São João Del Rei com uma poderosa elite de comerciantes, as regiões mais ligadas ao mercado carioca tinham São João como gargalo para suas exportações.
Com isso podemos notar a importância das estradas no contexto do comércio, já que se tornam fundamentais para a prosperidade dos centros mercantis o que só era possível a partir delas interligar os arraiais. O texto define a simplicidade do sistema viário como “redes dentríticas”, “esse tipo de rede tomou impulso no período colonial, em regiões submetidas à conquista europeia”.
A ocupação do oeste mineiro se deu a partir de ramificações desde o Leste em cujas pontas iam surgindo os arraiais. O texto afirma a existência de núcleos intermediários entre o sertão e a cidade litorânea que são chamados de “boca de sertão”. Nesses núcleos eram essenciais a presença da classe de mercadores fixos.
O texto oferece atenção para a rede mercantil de Uberaba que em 1968 quando comparada com outras cidades brasileiras já era maior do que muitas capitais de província. Esse fator deve-se principalmente a localização geográfica entre Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas, a migração geralista e os solos férteis. Com o passar do tempo as estradas se desenvolveram e com isso surgiu a Estrada Real que se tornava cada vez mais a principal via de acesso das províncias de Goiás e Mato Grosso a São Paulo e ao porto de Santos. Foi com esse desenvolvimento nas estradas que Uberaba passou a ser o principal centro distribuidor de sal para uma grande área extensiva que englobava Triângulo Mineiro, Goiás e Mato Grosso. A grande valorização mercantil de Uberaba nesse meio deve-se principalmente ao fato de que era um local com presença de bons pousos para as tropas, carros de boi e boiadeiros.
A partir das pesquisas feitas concluiu-se que os homens mais ricos do triangulo mineiro, até 1861, eram todos senhores de terra e escravos e nenhum deles era possuidor de grandes estoques de mercadorias, independentemente de sua natureza. Portanto nas décadas de 1840 e 1850 havia a presença de fortes comerciantes em Uberaba ligados ao comércio de sal.
Com esses fatores Uberaba passou a ser mais do que um simples arraial, a presença de pessoas com alto valor aquisitivo gerava novas demandas de diversos tipos de serviços como por exemplo, escolas, teatros, e a política institucional, com casa de câmara e cadeia. O texto afirma que nessa fase pode-se concluir a existência do urbano. Foi a partir de 1822 que se percebeu grande desejo da elite em formar uma região para assim criar entroncamentos com outras regiões. Com isso, Uberaba definiu-se com boca de sertão o que se deu excepcional crescimento a ponto de se elevar em uma das principais cidades do interior do Império do Brasil.
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