Resenha Tempo de Contar

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Joel Silveira domina a arte das palavras com, Tempo de Contar é uma viagem temporal, onde acompanhamos grandes acontecimentos de perto, conversamos com antigas e importantes figuras, sentimos a atmosfera do momento, que o autor descreve com tanta maestria, de forma até poética. O toque ferino, os comentários atrevidos e seu humor, tornam o livro uma viagem entre histórias tristes, engraçadas, e peculiarmente: reais. O jornalismo literário se apresenta através deste livro, mostra a importância de um texto bem construído.

O livro contribuiu em muitos âmbitos, foi uma leitura prazerosa como uma grande fã de livros, mas também uma viagem pelo mundo jornalístico. Um dos textos que marcaram e levarei como lição é A 1.002ª Noite da Avenida Paulista. Nele o autor relata todas as extravagâncias do casamento da filha de um dos grandes poderosos de São Paulo, obviamente com alguns comentários bastante ácidos. E ao final relata o aparecimento de uma mãe humilde, que pediu para o jornal colocar algo sobre o casamento de sua filha, mesmo que apenas uma notinha.

“E lá fomos nós para o casamento de sua filha. Era, afinal, uma compensação, um tanto melancólica, para quem não pôde romper à terrível e impraticável parede que separa o mundo dourado do palácio da Avenida paulista e o mundo prosaico da rua, o nosso mundo E de tais compensações vivem os repórteres otimistas.”. (p. 108).

Esse é o trecho final da história, mais um de tantos que me fizeram refletir durante a leitura. Veio a mente o papel social do jornalista. A comunicação social. Como podemos de alguma forma, dentro dessa esfera profissional, conseguir manter essas compensações e esses jornalistas otimistas. O hoje mais do que nunca a informação parece girar em um sentido capitalista, como não perder de foco as bases jornalísticas e nosso dever social de informar. O que e a quem.

Indico o livro para quem gosta de história e de boas histórias também. Para os que se interessam em comunicação, afinal Joel é considerado um dos nomes mais importantes do jornalismo brasileiro e nos faz provar o velho glamour atribuído ao jornalismo, o feito a moda antiga, a velha maquina de escrever, o compromisso com a verdade, o poder das palavras e das boas reportagens. Para quem gosta de política, literatura, para quem gosta de ler em uma forma ampla e geral.