Panorama da arquitetura ocidental- resumo capitulo dois
Por: Jose.Nascimento • 6/12/2018 • 2.038 Palavras (9 Páginas) • 382 Visualizações
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A Alemanha foi muito importante para o desenvolvimento das artes e da arquitetura no século XI, apresentando em suas obras (como Hildesheim e Speier) incríveis portas de bronze, abóbadas, fustes e arcos cegos que juntos formavam um modelo grandioso e austero derivado da arquitetura romana tardia de Trier. Santa Maria no Capitólio também é audaciosa ao ter sua abside leste repetida nas extremidades norte e sul do transepto, resultando num trifólio com o mínimo de decorações possíveis para não tirar a atenção do conjunto. A fachada com duas torres é outro elemento importante para o futuro da arquitetura europeia, aparecendo primeiro em Estrasburgo e depois nas províncias francesas.
Nos séculos XI e XII a França ainda não era uma nação e sim um país dividido em territórios que guerreavam entre si. Assim, não havia lá uma única escola de arquitetura mas sim várias e a peregrinação era o principal meio de comunicação cultural e influenciava muito o planejamento de igrejas. As principais igrejas de peregrinação possuíam alguns traços em comum: são altas, sombrias, possuem galerias sobre as arcadas e abóbadas de berço sobre as galerias e assim, não possuem as janelas do clerestório. Além disso, suas extremidades lestes possuem um deambulatório e capelas radiais tendo como influência o sistema modelo de Tours. Já a abadia de Cluny, apresentava dois transeptos (algo que se tornaria regra nas catedrais inglesas) e cada intersecção de transeptos era encimada por uma torre octogonal. O ocidental apresentava, à esquerda e à direita do cruzamento, duas torres octogonais e duas absides sobre os braços, nas faces orientais. O transepto oriental tinha quatro absides e a abside do coro tinha um deambulatório com cinco capelas radiais. Dessa forma, vista de leste, a igreja se elevava gradualmente numa lenta progressão e essa estrutura é, sem dúvida, a expressão do mais alto momento da cristandade medieval, onde o papa é visto como superior ao imperador e os cavaleiros da Europa eram convocados para defender a Terra Santa, na primeira Cruzada, em 1905. Cluny também se distinguia das outras igrejas de peregrinação por outras características que possuía: a elevação interior com grandes arcadas em ponta, seu falso trifório bem detalhado, suas janelas de clerestório e os arcos ogivais e transversais da abóbada de berço.
A igreja da Madalena, em Vézelay, era onde supostamente estava as relíquias de Madalena, o que a tornava um grande local de peregrinação. Uma pequena cidade se estende aos seus pés, chegando em suas paredes. O acesso principal se da através de um nártex de três vãos, passando por um portal turbulento de esculturas figurativas. A igreja possui um coro distante; um comprimento de aproximadamente 60 metros (do nártex ao cruzeiro); uma nave de altura incomum; arcos com pedras cinzas e rosas; capitéis com cenas bíblicas e nobres proporções.
Na França, além da escola da Borgonha (que não possuía muita unidade) outras escolas regionais apresentavam características mais claras e consistentes. Em relação aos outros territórios, as igrejas de Auvergne são parecidas com as igrejas de peregrinação e as igrejas de Provence são altas e estreitas e com abóbadas de berço ogivais. Quando as de Provence possuem naves laterais, essas são estreitas e com abóbadas de berço ou meio berço. Além disso, nelas não há galerias mas sim janelas de clerestório e os detalhes na decoração evidenciam, assim como na Borgonha, um ressurgimento clássico. Na Normandia, os principais espaços foram deixados com teto de madeira e em Jumièges havia galerias espaçosas com grandes clerestórios e vigas-mestras colocadas sobre colunas. Em relação as abóbadas, a mais antiga encontrada foi a de aresta, sendo depois substituída pela nervurada e na sequência, essa pela sexpartida em vez da quadripartida, que permitia vãos quadrados e dava-lhes seis pontos de apoio em vez de quatro. Em Poitou foi desenvolvido um sistema em que as naves laterais atingem a mesma altura da nave principal e assim não há galerias nem clerestórios (igreja-salão), o que cria um ambiente sombrio e honesto. Saint Sabin usa esse sistema e suas naves são recobertas por abóbadas de berço separadas entre si por pilares circulares muito altos e lisos que criam uma ala ameaçadora. Outra importante escola regional francesa é a da Aquitânia, ali há uma preferência por igrejas sem naves laterais, dividida em vãos cobertos por cúpulas com ou sem transeptos,abisides e capelas radiais porém nunca com deambulatório. Toda vez que a cúpula é utilizada, surge uma tendência para a centralização e aqui não é diferente. Essa tendência culmina com Saint Front, em Périgueux, uma edificação puramente centralizada em forma de cruz grega com um quadrado no centro e quatro quadrados formando os braços, cada um deles coberto por uma cúpula e possuindo pequenos braços em seu redor. Saint Front em seu interior é a expressão da clareza e determinação românica e não há decorações esculpidas. Ela remonta a igreja dos Santos Apóstolos de Justiniano e inspirou a reconstrução de São Marcos, ainda assim a sensação que São Marcos transmite é bem diferente da de Périgueux. São Marcos pertence a arquitetura oriental, com mosaicos, capiteis bem decorados, arcadas separando o centro dos braços da cruz e relações espaciais dissimuladas. Já Périgueux pertence a arquitetura ocidental, não possui o mesmo encanto e surge em sua pureza e nitidez, notável apenas por sua nobreza arquitetônica e possuíndo traços romanos.
O capítulo também nos mostra que há relações diretas entre o estilo românico e o estilo gótico como o uso do arco ogival, de arcobotantes (ocultos sob o teto das naves laterais mas cumprindo a função de suportes da abóbada) e do uso de nervuras. Outro vínculo entre os dois estilos é o portal com esculturas figurativas, desenvolvido no século XII. Saint Denis, ainda que seja uma construção gótica, possui figuras inteiramente românicas, compridas, frontais com pregas paralelas, estilizadas e com cabeças pequenas. Enquanto isso, a Alemanha não desenvolvia mais que o tema estabelecido em Hildesheim. Nas catedrais e igrejas de mosteiros da Renânia Central, fazem uma demonstração de torres sobre os cruzeiros e de torres com escadas, de duplos transeptos e de duplos coros e diversas proporções e detalhes. A escola alemã de Colônia era também
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