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INTERESSES IMOBILIÁRIOS NA PARALELA

Por:   •  12/7/2018  •  2.709 Palavras (11 Páginas)  •  244 Visualizações

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Segundo Souza (2000), o déficit habitacional é “entendido como defasagem entre o ritmo de crescimento da população urbana e o da construção de novas residências” se tornou um problema, agravado com o passar dos anos.

Apesar disso, o aumento da procura por moradia própria e as políticas do governo indicam razões suficientes para manter o mercado imobiliário em uma posição vantajosa para o investimento.

Em entrevista com a Subcoordenadora de impactos urbanos da Secretária Municipal de Urbanismo e Transporte (SEMUT), Maria Teresa Torreão, ela explica um pouco sobre a condição atual do bairro da Paralela.

Como definir a Paralela do ponto de vista de suas modificações?

"A Paralela é um vetor em expansão, tanto pode ser residencial quanto comercial, o Plano Funcional é um decreto feito pelo município que lida com o todo e com destaque para mobilidade. A questão ambiental também é um motivo a ser observado em relação ao mercado imobiliário. As intervenções urbanísticas foram feitas em sua maioria pela Conder."

Existe algum projeto relacionado ao bairro?

"Há a intenção de criar uma escola de tempo integral no bairro, mas ainda é um projeto em discussão."

Qual a sua opinião sobre os grandes empreendimentos e quais melhorias poderiam ser feitas no bairro?

“O PDDU permite o desenvolvimento desses empreendimentos e não vejo nenhum problema, apesar do problema com o desmatamento ser bastante debatido, por exemplo, o Le Parc é uma construção bastante equilibrada.” Em relação ao bairro, melhorias seriam necessárias do ponto de vista do transporte em massa, acessibilidade e qualidade do ponto de vista da área construída e da área aberta.

2.2 Perspectivas futuras

A Paralela acabou se transformando em um importante produto da cidade, dando boa primeira impressão e atraindo tanto os turistas, quanto os investidores. O resultado é que uma grande área da cidade estará reservada pelo mercado para um pequeno grupo, a dominação dessa área pelo capital acaba deixando a sociedade mais desigual, favorecendo os conflitos pelo espaço. O aumento da favelização é consequência desse conflito.

A explosão imobiliária em Salvador fez com que o preço do m² aumentasse 91,63% de 2008 a 2013. A média do m² de R$ 4.290,00 em Agosto/2013, para um rendimento médio real da população de R$ 1.444,80, segundo o IBGE. Entretanto esses preços tenderão a cair de forma significativa, não só pelo estoque de imóveis sem vender, mas também, pelo nível de desemprego.

3 PROBLEMAS DESENCADEADOS PELO CAPITAL IMOBILIÁRIO

O aumento dos grandes empreendimentos imobiliários resulta na degradação da Mata Atlântica, a natureza é utilizada de forma cruel para comercialização dos imóveis e criação de uma natureza artificial valorizada pelo mercado imobiliário destinado a elite.

Essa realidade de ocupação urbana é clara na Avenida Paralela, não apresenta um planejamento sustentável, mas sim uma devastação, que aparenta diminuir a quantidade de Mata Atlântica, consequentemente valorizando o capital imobiliário em áreas que vendem a ilusão de uma vida mais harmoniosa em contato com a natureza.

Como colocado na fala da urbanista Ivaneuza Lima (2010) “Não se procurou zonear as áreas com vegetação mais significativa, a revisão do plano diretor perdeu a oportunidade de protegê-la e de criar novos espaços de lazer e recreação”.

Isso mostra que os empreendimentos têm sido autorizados e as obras realizadas pelo município não tem o atendimento necessário às questões ambientais. A fiscalização ambiental é frágil, limitando sua atuação pela Superintendência de Controle do Uso do Solo (SUCOM), com pouca atuação para reduzir os desmatamentos e o comércio ilegal de fauna silvestre. A própria Prefeitura de Salvador é responsável por deixar os rios urbanos poluídos e a redução da cobertura vegetal produzida pelo crescimento imobiliário desordenado, influenciando diretamente na alteração das características da área.

Além disso, ocorre o aumento do fluxo de veículos na Avenida e consequentemente os acidentes de trânsito na região, representando cerca de 24,7% de um total de 30.469 ocorridos em Salvador, segundo a Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador).

4 NOVAS FORMAS DE INFLUÊNCIA DO CAPITAL IMOBILIÁRIO

O crescimento da Paralela mostra as melhorias da construção civil, isso contribuiu para a valorização do espaço e como consequência refletiu na transformação do espaço urbano.

O pensamento de Milton Santos demonstra bem a ideia da cidade no contexto do capital imobiliário.

As cidades são grandes porque há especulação e vice-versa; há especulação porque há espaços vazios e vice-versa; porque há vazios, as cidades são grandes. O modelo rodoviário urbano é fator de crescimento disperso e do espraiamento da cidade. Havendo especulação, há criação mercantil da escassez e o problema do acesso à terra e à habitação se acentua. Mas o défict de residências também leva à especulação e os dois juntos conduzem à periferização da população mais pobre e, de novo, ao aumento do tamanho urbano (SANTOS, 1993, p. 96).

Milton Santos analisa e discute as características do crescimento urbano brasileiro tendo como foco os processos sociais e econômicos, essa citação mostra o funcionamento da relação entre a cidade e o capital, gerando as desigualdades que foram vistas na Paralela em que de um lado estão as favelas em que a população sofre com a falta de interesse do governo em atender as suas demandas e do outro os grandes empreendimentos voltados para elite e sujeitos a especulação imobiliária, o que implica na luta pelo acesso ao espaço e consequentemente a busca pela qualidade de vida na cidade.

Para Chaffun (1997, 23) “A ocupação do espaço urbano nas cidades brasileiras ocorre de forma desequilibrada, onde comportamentos especulativos prevalecem sobre a função social do solo urbano”.

Os impactos provocados pela nova dinâmica urbana da Paralela são marcados por uma intensa desigualdade entre as classes sociais, são novas expressões da centralização urbana, materializando-se tanto em áreas ocupadas pelas camadas mais altas, quanto em áreas ocupadas pelas camadas mais populares.

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