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Fichamento "O Significado da Cúpula" - ARGAN, G.C.

Por:   •  5/4/2018  •  1.688 Palavras (7 Páginas)  •  459 Visualizações

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em demasia em terminar de maneira harmoniosa, com uma cobertura adequada, a construção existente. Preferiu sobrepor a ela a sua grande máquina espacial, que visualizava ao mesmo tempo uma nova concepção do espaço e uma nova tecnologia, como se fosse uma demonstração gigante de uma nova realidade política, cultural, social.”

Separar com nitidez a estrutura da cúpula do corpo arquitetônico surgiu na controvérsia com Ghiberti, que desejava aberturas na parte baixa da abóboda. Brunelleschi se opôs, pois não queria um elemento de união e sim como viu Battisti, um claro corte e uma passagem de um organismo construtivo para outro.

“O significado da cúpula como organismo perspéctico e, figurativamente, rotatório, bem como a sua centralidade cósmica, são declarados pela lanterna, que com certeza não foi idealizada junto com a cúpula, mas depois, entre 1432 e 1436, e que não só representa a execução, mas uma reflexão, um juízo, uma atribuição de valor consciente e bem pesada.”

Uma observação acertada de Battisti se refere ao fato de que a cúpula já traía o desejo de Brunelleschi de torna-la distinta do corpo da catedral, como um edifício sobreposto a outro, assim sendo a lanterna também se diferencia da cúpula como um organismo correspondente, mas independente.

“Como tal é, antes de mais nada, explicativo da estrutura perspéctica da cúpula: os grandes esporões em raios, que formam uma enorme roda, correspondem às nervuras e sugerem claramente um movimento rotatório em torno do eixo que termina com a bola e a cruz”.

A lanterna se caracteriza também em ser um pequeno templo clássico de planta central. Existe uma diferenciação de linguagem, do aspecto técnico da estrutura da cúpula ao latim humanístico da lanterna, existe uma hipótese que diz que na fase terminal, quando a grande invenção técnica já estava consumada e se tratava , por assim dizer, de fixa-la, de aferir seu alcance histórico, de explanar a cidade, Brunelleschi tenha tido consigo mais próximos do que nunca um escultor como Donatello e um literário-cientista como Alberti.

“Que o contraste dramático entre os contrafortes radiais, que, no fundo, ainda eram arcos aviajados transformados, e o prolongado corpo central com os arcos desproporcionalmente altos e fortemente modelados, como também uma certa redundância formal, que poderia ser considerada tardo-antiga, lemvrem o Donatello do púlpito de Prato”

“Alberti, dificilmente ele poderia ter definido a cúpula erguida acima dos céus se não tivesse conhecido, em seu modelo de madeira e nos desenhos, a lanterna, ou seja, o elemento que efetua de fato, a passagem do céu físico ao empíreo, ou, mais precisamente, ao simbólico.”

O fato é que a lanterna se sobrepõe à cúpula como um artifício clássico ou antigo a uma estrutura significantemente técnica me definitivamente moderna. Tal estrutura tinha a pretensão de ser e de fato era a expressiva de uma condição nova, seja no sentido técnico-cultural, seja em sentido político, da Florença daquela época, que era controlada pelo governo burguês e progressista de Cosimo, o velho.

A conjuntura da cúpula, milagre técnico, com o classicismo readquirido, milagre histórico, nada mais é que a encontro entre a Florença moderna e a antiga Roma, auspiciada e divulgada desde o final do século XIV e dos primeiros anos do século XV pelos humanistas florentinos. O tempo clássico é um resumo de conteúdos históricos e ideológicos, no sentido que Alberti empresta ao termo, um “monumento”; mas precisamente esse seu caráter aprova o valor histórico da invenção técnica. Entretanto, é bom lembrar, o próprio Brunelleschi e Alberti depois dele, Antonio Manetti e outros persistem no fato de que o artifício técnico da cúpula não foi, nem poderia ser deduzido dos antigos, ainda que de algum jeito esteja presente no espírito do antigo. Em diferentes palavras, o próprio classicismo era um invento moderno, ou, mais precisamente, uma criação histórica, graças à qual o pensamento moderno obtia uma admirável amplitude de horizontes.

Florença-Roma não queria se reconhecer mais na comunidade fechada pelos antigos muros, mas que é o centro de um estado toscano, na qual Arezzo e Pistoia já estão inseridas, no qual se debruça sobre o mar com a tomada de Pisa, é propagado com clareza por Salutati, por Bruni, por todos os historiadores e literatos do primeiro humanismo. Coluccio Salutati diz que o que faz o cidadão querer na antiga Roma, quer na moderna Florença, no caso: ser livre. O próprio Salutati e, também, Leonardi Bruni, Dati, Colenuccio, ilustram uma Florença inclusive arquitetônica (admiráveis palácios, templos majestosos, ruas largas e retas), que não correspondiam à realidade de fato, quanto à figura real que estava se recompondo de Roma antiga a partir de uma primeira reflexão sobre as ruínas: a própria imagem sobre a qual, mais tarde, Alberti constituirá seu padrão de Estado-cidade.

“Esta cidade não é separada por um campo ao seu redor, como um lugar de alta relevância política e de alto nível cultural e técnico de uma área de serviço, com seu povo de camponeses ignorantes. Salutati já fala de uma zona rural consideravelmente urbanizada, que Goro Dati descrevia naqueles mesmos anos como “tão cheia de edifícios

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