AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DO CONJUNTO VIA EXPRESSA
Por: Jose.Nascimento • 9/4/2018 • 2.310 Palavras (10 Páginas) • 421 Visualizações
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Na produção de moradias dignas devem ser considerados os aspectos econômicos, estéticos, funcionais e humanos. Se aplicados desde o projeto, a acessibilidade e a adaptabilidade não serão onerosas e seus aspectos estarão fundidos no conceito arquitetônico do edifício.
É fundamental que arquitetos estejam atentos à sua responsabilidade social, propondo edificações que considerem a diversidade humana e que garantam melhor qualidade de vida às pessoas.
Para analisar e refletir as problemáticas dos conjuntos habitacionais de massa, principalmente, o Conjunto Via Expressa, foi realizada a Avaliação Pós-Ocupação (APO).
A APO é uma série de métodos e técnicas que diagnosticam fatores positivos e negativos do ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores socioeconômicos, de infra-estrutura e superestrutura urbanas dos sistemas construtivos, conforto ambiental, conservação de energia, fatores estéticos, funcionais e comportamentais, levando em consideração o ponto de vista dos próprios avaliadores, projetistas e clientes, e principalmente, o atendimento das necessidades ou o nível de satisfação dos usuários (COLEÇÃO HABITARE, 2003, p. 26).
Desta forma, objetiva-se realizar a aplicação da Avaliação Pós-Ocupação (APO) no Conjunto Via Expressa de modo específico aos referentes aspectos:
- socioeconômicos: origem, tempo de moradia, tamanho e composição familiar; níveis de renda; consumo de energia; consumo individual e coletivo; faixa etária; nível de escolaridade; atendimento à demanda de escolas e hospitais; sociabilidade; situação do conjunto habitacional em relação ao bairro; entre outros;
- avaliação da satisfação dos usuários: abrange uma amostra de edifícios e de suas unidades habitacionais, do edifício escolar mais próximo e das áreas livres (praças) ou similares. Inclui, no caso das edificações/ unidades habitacionais, os seguintes aspectos: aspecto visual; densidade ocupacional do edifício versus conforto psicológico individual e grupal (privacidade/territorialidade); possibilidade de intervenção no apartamento versus adaptação ao uso; identificação dos moradores com o edifício e suas áreas comuns (manutenção/ tratamento paisagístico); espaços e equipamentos qualificados e informais para convivência social, recreação e lazer para crianças, jovens, adultos e idosos; condições de estacionamento em áreas comuns dos edifícios; segurança contra crimes nas áreas comuns dos edifícios; nível organizacional dos moradores para intervir ou implementar programas coletivos de manutenção; e outros. Neste item, serão também contemplados alguns aspectos básicos de uma avaliação estética a partir do ponto de vista do usuário;
- avaliação do(s) sistema(s) construtivo(s): abrange uma amostra de edifícios e unidades habitacionais e do edifício escolar mais próximo e das áreas livres (praças). Inclui, no caso das edificações/unidades habitacionais, os seguintes aspectos: implantação/movimento de terra; infra-estrutura; superestrutura; alvenaria; cobertura e forros; pisos; revestimentos; caixilhos; vidros; pintura; impermeabilização; louças; metais; instalações hidrossanitárias; instalações elétricas e telefonia; águas pluviais; instalações de gás; segurança contra fogo; segurança de utilização; paisagismo; intervenções/usuários; patologias em geral; entre outros;
- avaliação funcional: abrange uma amostra dos edifícios e de suas unidades habitacionais, de um edifício escolar mais próximo e das áreas livres (praças). Inclui, no caso das edificações/unidades habitacionais, os seguintes aspectos: integração do uso residencial com outros usos; tratamento paisagístico das áreas comuns do edifício; circulação vertical externa; número de pavimentos do edifício versus adequação à escala humana; flexibilidade/arranjo espacial do apartamento; facilidade de manuseio/limpeza das janelas; facilidade de abertura de portas a 90° em função do espaço de utilização; área útil do apartamento/morador; área útil do dormitório, área útil da sala, área útil da cozinha; área útil de serviço; área útil do banheiro/lavatório, pé-direito; circulação/ integração entre cômodos no apartamento; adequação ao uso/equipamento/mobiliário/intensidade de sobreposição de tarefas; área útil/área construída do apartamento; adequação e acessibilidade dos deficientes físicos aos apartamentos; entre outros;
- avaliação econômico-funcional: abrange uma análise de “custos versus benefícios” dos edifícios e unidades habitacionais, e leva em consideração as principais sugestões ou melhorias implementadas pelos moradores, tais como modificações do mobiliário, aumento da área construída, alterações das instalações hidráulicas e elétricas, mudança nos acabamentos, entre outras. [a]
- METODOLOGIA[b]
A APO é uma metodologia que foi utilizada para analisar o Conjunto Via Expressa quanto à sua funcionalidade, sistemas construtivos e caracterização socioeconômica do conjunto e do bairro.
Para a realização da APO, segundo os objetivos, foram utilizados relatos orais dos moradores, observação de campo e avaliação do projeto arquitetônico do Conjunto Via Expressa.
Os relatos orais foram coletados através de questionário (Anexo I) com o intuito de obter informações sobre comportamentos, características físicas do ambiente construído, características socioeconômicas e atitudes dos usuários.
A observação de campo foi destinada para verificar qualquer tipo de patologia existente no sistema ou componente de construção. Como também, para averiguar a proposta arquitetônica do Conjunto, sendo reforçada pela a avaliação dos projetos arquitetônicos disponibilizados pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (URBEL).
Por meio destas informações foi feita uma reflexão sobre os procedimentos escolhidos para o conjunto habitacional e o questionamento da arquitetura utilizada pelo mercado imobiliário para suprir a demanda da habitação social.
- ROTEIRO METODOLÓGICO UTILIZADO[c]
A APO orientou-se pelo seguinte roteiro metodológico básico:
- Obtenção de dados socioeconômicos e dos projetos executivos completos do conjunto habitacional;
- Visitas de reconhecimento da área e registros fotográficos;
- Apresentação da área de estudo para os graduandos participantes do levantamento de campo e dos diagnósticos;
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