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Computador e Sociedade

Por:   •  10/4/2018  •  1.941 Palavras (8 Páginas)  •  299 Visualizações

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O problema é que, algumas dessas notícias que surgem na “linha do tempo” muitas vezes são resumidas (para que o leitor não gaste muito tempo preso só nela e possa partir para outra notícia), e, por terem vindo de canais considerados confiáveis, naturalmente acabamos acreditando naquilo que foi divulgado, mas, nem sempre tentamos verificar se tudo que está ali é verídico e terminamos julgando a situação pelo que foi apresentado. E esse julgamento é preocupante.

Um exemplo recente que pode ser citado aqui é da dona de casa Fabiane Maria de Jesus. Talvez pelo nome seja complicado de lembrar, mas ela é aquela mulher que foi espancada por um grupo de moradores do Guarujá, e que, por não resistir aos ferimentos, acabou falecendo. Segundo o jornal O Globo, “A agressão teria sido motivada por uma publicação em uma rede social. Em uma mensagem postada pelo Facebook, a página “Guarujá Alerta” mostrava o retrato falado de uma mulher parecida com a que foi agredida. A imagem já foi retirada do ar.”¹.

A página “Guarujá Alerta” serve, supostamente, para ajudar a população do Guarujá, falando sobre problemas que acontecem na região, desde assaltos até buracos numa rua. Os moradores e seguidores da página não pensaram duas vezes quando espancaram a Fabiane, já que confiavam na notícia e julgaram que aquilo seria a atitude certa. Talvez, se essa notícia tivesse sido vinculada em outro meio, um jornal impresso local, por exemplo, ela não tivesse chegado a ter essa proporção. Divulgar algo na Internet hoje em dia, tem um alcance maior e mais rápido do que qualquer outro meio de comunicação. Nessa mesma reportagem, a jornalista fala que “Dos 50 mil seguidores (da página), houve o compartilhamento para pelo menos 150 mil pessoas.”, ou seja, não só os usuários da página acreditaram no que estava ali, pelo menos mais outras 100 mil pessoas também acreditaram, sem contar tantos outros que leram a notícia, mas não compartilharam.

Mesmo com todo esse alcance e toda a polêmica gerada nesse caso, pouco mais de um mês depois, as pessoas já se esqueceram.

“Nosso cérebro se tornou propenso a esquecer, e inepto para lembrar... À medida que o nosso uso da web torna mais difícil para nós guardar informação em nossa memória biológica, somos forçados a depender cada vez mais da vasta e facilmente buscável memória artificial da net, mesmo se isso nos tornar pensadores mais superficiais. [sic]”²

2.3. “[A internet] No mínimo, é a arma mais poderosa desde o livro”

Segundo Carr: "O que parece estar decrescendo à medida que aumenta o uso da net é o tempo que passamos lendo publicações impressas – particularmente jornais e revistas, mas também livros. Das quatro categorias de mídias pessoais, a impressa é a menos usada, ficando bem atrás da televisão, dos computadores e do rádio [...]. Devido à ubiquidade do texto na net e nos celulares, certamente estamos lendo mais palavras hoje do que líamos vinte anos atrás, mas estamos dedicando menos tempo às palavras impressas no papel. A Internet, do mesmo modo que o computador pessoal antes dela, demonstrou ser tão útil de tantos modos que demos as boas-vindas a toda expansão de seu escopo. Raramente paramos para ponderar, e muito menos questionar, a revolução da comunicação que tem estado em andamento ao nosso redor, em nossas casas, no nosso trabalho, nas nossas escolas.".

Desde os primórdios da escrita, sabemos que ela exerce um grande poder.

A palavra escrita era (e ainda é) a maneira mais rápida de se atingir grandes propósitos. Por exemplo, quando um rei dava um decreto, ele não precisava ir de cidade em cidade contar para os seus súditos a sua decisão, bastava apenas que mensageiros fossem enviados para as cidades do reino com cartas assinadas pelo rei e lacradas com seu símbolo real para que o seu decreto fosse de conhecimento de toda a população rapidamente.

Grandes pensadores divulgavam suas ideias por meio de livros e poemas que contavam suas histórias, aventuras e sonhos. Lendo seus escritos, a população comum se identificava, fosse por características físicas e pessoais, fosse por ideais comuns. Criavam questionamentos e buscavam cada vez mais. Assim nasceram muitas das revoluções que frequentemente estudamos nas aulas de história. Mas, sabemos que elas não foram imediatas. Algumas demoraram décadas até atingir aquilo que propunham.

Mas onde entra a Internet aqui?

Graças à facilidade de difundir informações nesse meio, pessoas de diferentes lugares podem de uma maneira muito mais rápida, partilhar suas ideias com outras (que podem até estar do outro lado do mundo) e assim, esses pensamentos que antes poderiam levar anos até chegar ao ouvido de todos, serão espalhados com uma velocidade absurda, alcançando mais rápido seu objetivo.

Carr fala que estamos passando menos tempo lendo publicações impressas, e pesquisas mostram isso (ver referência 3), por outro lado, tem aumentado o acesso aos Blogs (ver referência 4) que são espaços na Internet geralmente administrados por uma pessoa que mais parecem com diários virtuais, lá os autores costumam falar sobre política, moda, alimentação ou saúde, entre outros, sempre do ponto de vista deles.

Muitos desses autores, como a Bruna Vieira, do blog Depois dos Quinze (ver referência 5), começam blogs motivados por alguma vontade pessoal, por exemplo, Bruna é escritora, e começou o blog logo depois de ter ‘levado um fora’ de um cara que ela gostava. Hoje ela já tem 3 livros publicados (um deles com mais de 60 mil cópias vendidas) e uma média diária de acessos de 100 mil visualizações. Grande parte do seu público começou lendo seu blog por que se identificou com ela, fosse pela situação como um todo, fosse por suas ideias. Ela conseguiu conquistar um público que, talvez, não se interesse tanto por livros de Lima Barreto ou José de Alencar, podem considerar suas obras como ‘velhas e ultrapassadas’.

Setzer diz que: “Quem tem os olhos e a mente bem abertos pode observar algo muito importante: a tecnologia está destruindo a natureza e o ser humano. Uma das maneiras mais seguras de destruir esse último é destruir a mente das crianças e adolescentes, e é justamente o que a Internet, junto com os outros meios eletrônicos, está fazendo[...]”

É justo dizer que os leitores da Bruna Vieira possuem uma menor capacidade de ponderar sobre questões políticas, religiosas ou de algum cunho revolucionário só por que preferem ler aquilo que ela escreve num blog

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