A SUSTENTABILIDADE E COMÉRCIO ELETRÔNICO
Por: Lidieisa • 6/12/2018 • 3.144 Palavras (13 Páginas) • 284 Visualizações
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Quando esse assunto é tratado mais a fundo, podemos perceber que os prejuízos para o meio ambiente são grandes. Alguns estudantes decidiram fazer testes de vermicompostagem com as placas de circuito impresso, ou PCIs, para analisar como os compostos foram contaminados. O experimento mostrou que:
Os resultados evidenciaram elevados teores totais de Pb, Sn e Cu nas amostras de esterco com resíduo eletrônico (ERE) e vegetais com resíduo eletrônico (VRE). Levando-se em consideração os teores iniciais dos metais nas PCIs e as concentrações dos mesmos no composto obtido, a ordem de migração desses metais para as amostras ERE e VRE foi Sn (23,1 %)>Pb (18,4 %)>Ni (4,63 %)>Zn (0,46 %)>Cu (0,14 %) e Sn (24,3 %)>Pb (23,6 %)>Ni (11,33 %)>Zn (1,76 %)>Cu (0,60 %), respectivamente.(ODILAINE et al., 2015, p. 2)
Ainda podemos perceber em outra pesquisa que os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) trazem mal não só ao meio ambiente, como também as pessoas, como vemos a seguir:
Dentre os REEE, destaca-se neste estudo o aparelho celular, que segundo dados da IDC Brasil, em 2014, os brasileiros compraram cerca de 104 smartphones por minuto, de janeiro a dezembro, foram 54.5 milhões de aparelhos inteligentes comercializados, crescimento de 55% na comparação com 2013. O estudo também aponta que, somando a categoria de feature phones, o mercado de celulares encerrou 2014 em alta de 7%, com um total de 70.3 milhões de aparelhos comercializados. Isso fez com que o Brasil fechasse 2014 na 4ª colocação entre os maiores mercados do mundo, atrás da China, Estados Unidos e Índia. (SILVA; GONÇALVES; BACHMANN, 2015)
No Brasil a legislação para o descarte de lixo eletrônico é dada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n. 12.305/2010) a qual se estabelece que as empresas fabricantes de materiais tóxicos ao meio ambiente e ao ser humano devem aplicar um processo de política reversa. Essa política define que a empresa é responsável por coletar os produtos após eles serem descartados pelos consumidores. Fica também de responsabilidade da empresa divulgar onde o material deve ser descartado pelo comprador, para que ele possa retornar à empresa futuramente.
No Brasil percebe-se que muitas vezes os consumidores não sabem onde descartar o lixo eletrônico, ou não possuem o hábito do descarte, conforme Quadro 1.
Quadro 1- Estudos relacionados
Autor
Metodologia/ Objetivo
Principais Conclusões
Chernev, L.M. (2014)
Questionário aplicado com consumidores da região de Londrina-PR a fim de identificar os principais hábitos de consumo e a destinação preferível que a população londrinense está disposta a dar aos aparelhos celulares em desuso.
Na amostra, 87,9% dos usuários trocaram o seu aparelho celular em até dois anos. As formas de destinação preferíveis para destinação se resumiram em duas opções: “obter desconto na hora de comprar um novo celular (43,6%) e “entregá-los em Ecopontos” (27,6%).
Silva, Baptista & Ramirez (2013)
Questionário aplicado com 120 consumidores, na cidade de São Paulo, abordando o tema Logística Reversa da bateria do celular.
Grande parte da população investigada mantem aparelhos obsoletos em casa. O estudo conclui que 13% das pessoas entrevistadas desconhecem a melhor forma de descarte desses resíduos.
Oliveira et al. (2013).
Questionário semi-estruturado realizado nas revendas Voice Center/Claro e na loja da Claro na cidade de Chapecó-SC. Com objetivo de analisar o processo de coleta e destinação das baterias e celulares para reciclagem coletados nas revendas da operadora pesquisada.
O processo de coleta e destinação de baterias e celulares para reciclagem, embora exista, não observa boas práticas da gestão de resíduos sólidos e de sustentabilidade, pois não possui o envolvimento de todos os atores da logística reversa.
Moretti, Lima e
Crnkovic (2011)
Survey realizado com usuários universitários de São Paulo. O objetivo desta pesquisa foi verificar os hábitos de descarte dos usuários e a contribuição da logística reversa na gestão de resíduos pós- consumo de equipamentos de telefonia móvel.
O estudo revelou que a grande maioria da amostra desconhece locais apropriados de descarte, estoca aparelhos e baterias sem uso em casa, muitas vezes dando para crianças brincarem, e recebeu pouca informação sobre o descarte por parte das operadoras e fabricantes.
Junior et al.(2011)
Questionário aplicado com 200 consumidores, a fim de averiguar sobre o uso e descarte de celulares, como enfoque na Lei. 12305 de Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Como principais contribuições o estudo aponta que tanto empresas como a população, em sua maioria, não tem orientação sobre a Lei, nem o costume de proceder da forma que seria considerado o correto.
Fonte: Silva, Gonçalves e Bachmann (2016)
Celinsk et al (2011) corrobora com estes dados quando conclui que.
A partir da aplicação de questionários revelou-se que 55% dos entrevistados têm celulares antigos guardados, e 43% possuem um computador em desuso. Além disso, foi constatado que, em torno de 70% dos entrevistados, não costumam ler manuais ou embalagens à procura de informações sobre o descarte correto dos produtos. Em relação à responsabilidade do lixo eletrônico, 50% acreditam que esta pertence ao conjunto de todos os envolvidos (governo, produtores e consumidores); quanto aos demais, 18% acreditam que a responsabilidade é do produtor, 17% que é do consumidor e 13% que a responsabilidade recai sobre órgãos públicos; apenas 2% acreditam que a responsabilidade é das lojas que vendem os produtos. (CELINSK et al., 2011, p. 3)
Em questionário que realizamos com Mark Jacobowitz Rae, diretor executivo da Weee.do, pudemos apurar que algo entre 98% e 99% do material eletrônico que recebem consegue ser aproveitado, isso considerando que a empresa atua com o processamento de todo tipo de resíduos de equipamentos eletrônicos, de materiais de informática e eletrodomésticos, placas eletrônicas de circuito impresso a máquinas mais complexas
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