Cenários atuais de Barra Bonita
Por: Kleber.Oliveira • 4/4/2018 • 7.684 Palavras (31 Páginas) • 382 Visualizações
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Com a intensificação dos problemas ambientais ao longo dos anos, percebe-se de maneira geral uma crescente preocupação com a necessidade de se realizar planejamentos da utilização, manejo e proteção dos recursos naturais.
De acordo com Santos (2004), o planejamento ambiental é um processo contínuo para buscar das melhores alternativas para a utilização dos recursos disponíveis com a finalidade de melhorar o desenvolvimento das sociedades por meio do cumprimento de metas específicas no futuro.
No contexto do planejamento voltado à proposição de políticas públicas, o desenvolvimento de cenários é útil na tomada decisão, pois possibilita a avaliação das implicações futuras dos atuais problemas ou o surgimento de novos problemas, além de promover a participação de vários atores sociais no processo de tomada de decisão.
Nesse trabalho, é apresentado e analisado o processo de desenvolvimento dos cenários ambientais por onde passa rio Tietê, com pontos principais nas cidades de Salesópolis, Região Metropolitana de São Paulo, Salto e Barra Bonita. A análise do projeto busca ampliar o conhecimento sobre a situação real e degradante do rio Tietê e propor cenários ambientais futuros.
TÉCNICA DE CENÁRIOS
Toda atividade de planejamento parte de uma antecipação, seja para definir onde se pretende chegar e que realidade se deseja construir, ou para prever condições futuras importantes para que os objetivos possam ser atingidos (BUARQUE, 2008).
Segundo Thomas (apud. Grisi e Britto, 2003), as empresas realizam seus planejamentos estratégicos como objetivo de poder lidar com a incerteza do futuro. Logo, a busca em prever o futuro, se antecipar e se preparar para ele é chamado de cenário, o que seria um futuro possível.
Para Santos (2004), os cenários futuros representam simulações de diferentes situações, prognósticos das condições socioeconômicas e ambientais em um tempo mais ou menos próximo, sendo hipotéticos de um futuro plausível e/ou desejável, podendo ser usados para auxiliar o planejador a identificar o que poderia acontecer se determinados eventos ocorressem ou certos planos ou políticas fossem implementados.
De acordo com Wright (apud. REGRA, A. et al., 2013), a construção de cenários é uma abordagem de pensamento estratégico que reconhece a imprevisibilidade do futuro, devendo ser utilizados como ferramenta para delimitar os caminhos possíveis de evolução do presente.
Segundo Buarque (2008) cenários são “configurações de imagens de futuro com base em jogos coerentes de hipóteses sobre o comportamento das variáveis centrais do objeto de análise e de seu contexto”.
Dessa forma, os cenários devem ser entendidos como uma ferramenta administrativa, e não como uma previsão, pois o seu propósito não é acertar o futuro, mas sim orientar a tomada de decisões, desafiando os seus usuários a pensar além do convencional.
Para a elaboração de cenários é necessário rigor e cuidado técnico, para que seja realmente relevante e plausível, uma vez que a definição de hipóteses sobre o comportamento futuro é a parte central da construção dos cenários.
Segundo Borjeson et al. (apud. REGRA, A. et al., 2013) apresentam três etapas para o desenvolvimento de cenários:
1) a geração de ideias e coleta de dados, com o objetivo de reunir conhecimentos e pontos de vista obre possíveis situações de futuro;
2) a integração onde os dados coletados na etapa anterior são organizados e sistematizados, dando origem a estrutura dos cenários;
3) a análise da consistência dos cenários, para assegurar a coerência entre ou dentro de cenários. As técnicas de cada etapa podem ser observadas na TABELA 1.
O método de Delphi foi escolhido por possibilitar a prospecção de acontecimentos futuros através da aplicação de questionários para moradores, comerciantes e órgãos públicos, em determinada área e segmento da qual se deseja pesquisar, pois não há dados quantitativos suficientes e não tem como projetá-los com a devida eficiência.
Segundo Cândido (apud. HEINZE, R. et al., 2011) a metodologia Delphi possui três características básicas, primeiramente o anonimato dos respondentes, a representação estatística da distribuição dos resultados e o feedback das respostas do grupos.
As vantagens que a técnica Delphi oferece são a realização de prospecção de futuro em situações que haja falta de dados históricos; a participação de moradores, comerciantes e órgãos públicos que propiciam um nível melhor e maior de informações; e a utilização de questionários leva a uma maior análise, reflexão e cuidado nas respostas e também propiciam o fácil registro das mesmas em relação a uma discussão em grupo. (HEINZE, R. et al., 2011)
No Brasil, as primeiras referências acadêmicas sobre técnicas de antecipação de futuro surgiram na década de 1970, e a técnica de cenários passou a ganhar espaço na década de 1980 com estudos como de Hélio Jaguaribe (1986). Um exemplo mais recente foi o Projeto Ambiental Estratégico “Cenários Ambientais 2020” elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo juntamente com o Governo do Estado de São Paulo.
Projeto Ambiental Estratégico “Cenários Ambientais 2020”
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em 1992, no Rio de Janeiro, pela Organização das Nações Unidas (ONU), 179 países assinaram a Agenda 21 Global, um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2004)
De acordo com o Ministério de Meio Ambiente (2004), a construção da Agenda 21 Brasileira, teve como objetivo “redefinir o modelo de desenvolvimento do país, introduzindo o conceito de sustentabilidade e qualificando-o com as potencialidades e as vulnerabilidades do Brasil no quadro internacional”.
Em 2002, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo elaborou o relatório Agenda 21 em São Paulo, sobre a situação do Estado no cumprimento da Agenda 21 brasileira. O relatório resultou na publicação intitulada Agenda 21 paulista, que identificou as ações realizadas entre os anos de 1992 a 2002 no estado, apresentando um diagnóstico contendo dados como a análise
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