ESTRANGEIRISMOS NA LP: DAS RAÍZES AOS DIAS ATUAIS
Por: Jose.Nascimento • 1/11/2017 • 1.333 Palavras (6 Páginas) • 622 Visualizações
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Já Machado (1994, p. 13), não diferencia estrangeirismo de palavra estrangeira. Sobre palavras estrangeiras diz “Tenho-as encontrado na linguagem oral, em jornais, revistas e livros sobre os mais variados assuntos, incluindo mesmo estudos que enumeram e condenam estrangeirismos”, confrontando a ideia de Cunha. O fato de existirem, no português, palavras cujas formas gráficas foram aportuguesadas, é uma objeção a essa diferenciação feita entre palavra estrangeira e estrangeirismo.
Sendo assim, conceber-se-á estrangeirismo de acordo com o que dizem Garcez e Zilles (In: FARACO, 2002, p. 15), que afirmam:
Estrangeirismo é o emprego, na língua de uma comunidade, de elementos oriundos de outras línguas. No caso brasileiro, posto simplesmente, seria o uso de palavras e expressões estrangeiras no português. Trata-se de um fenômeno constante no contato entre comunidades linguísticas, também chamado de empréstimo.
Discutindo sobre o tema, Machado diz (1994, p. 14): “Não deve haver idiomas sem estrangeirismos e alguns destes também em Português não são de hoje nem de ontem, pois já tem idade de vários séculos [...]”. A ideia do autor sobre a presença dos estrangeirismos na LP é um reforço à discussão aqui levantada e ratifica que a recorrência desses é fato na história da nossa língua.
É relevante mencionar que, mesmo antes de originar o português, o latim já tinha empréstimos linguísticos de outras línguas, que por sua vez, possivelmente ficaram como herança para o léxico português.
Traçando um breve perfil da composição da LP, é fato que a incorporação de vocábulos ao seu léxico não cessou, tendo em vista que seguiram permanentes os contatos com outros idiomas. A partir disso, é possível constatar que nossa língua é resultado de uma longa trajetória de assimilação de palavras estrangeiras que ocorre desde os seus primórdios, nos elementos pré-romanos aos dias atuais. No Brasil, por exemplo, a nossa língua entrou em contato com dialetos indígenas e africanos a partir do século XVI, o que teve como resultado a incorporação de um vasto número de palavras. Hoje, o português continua absorvendo palavras oriunda de línguas estrangeiras, língua também mais ‘novas’, que também, possivelmente, sofreram influência do latim e de outras tantas línguas com as quais ele esteve em contato ao longo dos séculos de expansão ultramarina (XV, XVI e XVII), o que demonstra que o estrangeirismo numa língua está diretamente associado ao seu contexto histórico, social e cultural do qual a língua faz parte.
Para concluir, contata-se que a inserção de palavras línguas diferentes da nossa não é um fenômeno inédito, típico dos dias atuais, fruto da globalização. A absorção de palavras estrangeiras não torna inferior uma língua nem a submete a nenhuma outra. Pode-se até afirmar que uma análise a esse respeito não é meramente de cunho linguístico, mas social. A incorporação de vocábulos estrangeiros no léxico português é um processo constante, ininterrupto, diário, sendo os falantes da língua os organizadores de tais assimilações.
Nosso português é fruto da língua latina, grega, árabe, francesa, italiana, africana, indígena... E essas transformações ocorrem em um determinado contexto de interacional social e cultural entre os povos que estiveram relacionadas ao português ao longo da sua história. Sendo assim, o estrangeirismo não denigre nem deteriora uma língua, apenas contribui significativamente para a sua evolução.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Antônio Geraldo da. Os estrangeirismos da língua portuguesa: vocabulário histórico-etimológico. São Paulo: Humanitas, 2003.
FARACO, Carlos Alberto (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2002.
LEITE DE VASCONCELLOS, José. Lições de filologia portuguesa. 2. ed. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1926.
MACHADO, José Pedro. Origens do português: ensaios. 2. ed. Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, 1967.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Organizado por Charles Bally e Albert Sechehaye. Tradução Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 24 ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
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