GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

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2.1. Usos Consultivos

2.1.1. Abastecimento humano e animal

A água é indispensável para o abastecimento humano. Ela é necessária para diversas atividades como tomar banho, preparar alimentos, lavar roupas, saciar a sede entre outras. No corpo humano a água é o principal constituinte (entre 70% a 75%) e sua quantidade depende de vários fatores estabelecidos durante a vida do indivíduo, entre eles a idade, o sexo, a massa muscular, o aumento ou perda de peso, o tecido adiposo etc. Por tais motivos o uso da água para o abastecimento humano torna-se prioridade sobre os demais tipos de usos da água.

Estima-se que a distribuição do consumo médio diário de água, por pessoa, é aproximadamente a seguinte:

→36% na descarga do banheiro; →31% em higiene corporal; →14% na lavagem de roupa; →8% na rega de jardins, lavagem de automóveis, limpeza de casa, atividades de diluição e outras; →7% na lavagem de utensílios de cozinha;→4% para beber e alimentação.

2.1.2. Irrigação

A agricultura já é o setor que mais consome água, e ela tende a crescer em torno de 15% a 20% nos próximos 30 anos para atender a demanda de alimentos de uma população projetada de 8 bilhões de pessoas. Um adulto tem a necessidade de ingerir 4 litros de água por dia, porém para produzir seu alimento são necessários de 2 a 5 mil litros de água por dia.

A irrigação é uma técnica utilizada na agricultura que tem por objetivo o fornecimento de água para as plantas. Existem diversos tipos desta técnica, porém essas técnicas devem ser analisadas, principalmente sobre o desperdício de água, fator muito comum na irrigação. No Brasil, a irrigação detém a maior porcentagem em relação aos usos múltiplos da água chegando a 69% destes, sendo que nos países desenvolvidos, o percentual de uso da água para irrigação é ainda maior, chegando próximo dos 80%. No entanto, mesmo lá, apenas 1% das áreas irrigadas adota o método de gotejamento, um dos mais eficientes na relação alimento por litro de água utilizada, uma vez que reduz a possibilidade de evaporação, segundo Sandra Postel, diretora do projeto Global Water Policy, de Massachusetts (EUA). Alguns sistemas de rega desperdiçam grandes quantidades de água. Calcula•se que só chegam à zona de cultivos entre 15% e 50% da água que é extraída para irrigação. Perde•se água por evaporação, por absorção e por fugas.

Portanto, o sistema de agricultura irrigada, no geral, utiliza técnicas falhas que precisam ser repensadas e banidas do atual cenário da agricultura. Tem•se a necessidade de se utilizar técnicas de irrigação mais avançadas e que diminuem o desperdício da água no processo como a técnica de gotejamento.

“Nós temos 3 milhões de hectares irrigados, dos quais 60% usam o método mais antigo, primitivo, que é a inundação. É um método já proibido no mundo inteiro porque desperdiça muito: há uma perda entre 60% a 70% da água utilizada. Ou evapora muito, ou percola, entra no subsolo, desaparece. E a planta não se beneficia. Nós temos aproximadamente mais de 20% de hectares irrigados com o método de aspersão convencional, que, além de pouco eficiente, exige o uso intensivo de energia para pressurizar a água para o pivô. E tem o pivô central, que também desperdiça muita água e usa muita energia – o consumo de energia elétrica é muito alto. Então, temos um impasse grande, sobretudo nas regiões onde existe muita evaporação. Esses são métodos pouco adequados e pouco eficientes no uso da água.

O gotejamento pode ser aplicado na irrigação de grande parte das culturas agrícolas brasileiras. Há experiência até no cultivo de cana•de•açucar. Os resultados são surpreendentes.Para algumas culturas, como o alface, a vagem e o tomate, pode chegar a 100% o aumento de ganho. Então, dobra•se a produção. Para algumas culturas, como o brócolis e o repolho, não há aumento de produtividade, mas um ganho de economia de água e de recursos.”

(TRECHO DO LIVRO MUNDO SUSTENTÁVEL 2 , pag.162 e 163)

2.1.3. Abastecimento Industrial

A atividade industrial também é uma grande consumidora, especialmente nos países desenvolvidos. No Brasil, 14% do consumo da água vai direto pra indústria. Na indústria há consumos muito elevados em determinados processos produtivos, por exemplo, no caso do aço, se chega a gastar 300 toneladas de água para produzir somente uma tonelada deste metal. Também são grandes consumidoras as indústrias de produtos químicos, polpa e papel, entre outras.

O consumo em muitas ocasiões tem relação com ações de refrigeração ou transporte, pelo qual a indústria tem iniciado revisões de seus processos produtivos para utilizar menos água e reusá-la.

De maneira geral, podemos dividir o uso da água na indústria da seguinte forma:

• Resfriamento e aquecimento: usa-se a água como fluido de transporte de calor. Ela absorve o calor da substância que necessita ser resfriada, para que a alta temperatura não afete o desempenho do sistema. Da forma inversa ocorre quando se quer aquecer uma substancia, a água cede calor para esta.

• Matéria prima: como matéria prima, a água geralmente é usada incorporada ao produto final. Como é o caso dos cosméticos e refrigerantes.

• Geração de energia: a energia acumulada na água, seja ela térmica, cinética ou potencial é transformada em energia mecânica, essa por sua vez é transformada em energia elétrica e utilizada pela indústria.

• Fluido auxiliar: usada para lavagem de materiais, preparação de suspensões e soluções químicas, reagentes químicos.

• Consumo humano: usada em refeitórios, vestiários, banheiros, bebedouros e qualquer atividade doméstica, como limpeza de pátios.

• Transporte e assimilação de contaminantes: nesse caso a água é ultilizada em instalações sanitárias, na lavagem de equipamentos ou ainda para a incorporação de subprodutos sólidos, líquidos ou gasosos gerados por processos industriais.

• Outros usos: a água também pode ser utilizada nas indústria para regar plantas, combate de incêndio, entre outros usos que fazem parte de qualquer empresa, não importa a especialidade desta.

Da mesma forma em que a indústria consome uma enorme quantidade de água,