A ACESSIBILIDADE DOS PONTOS DE PARADA LOCALIZADOS AO LONGO DO TRAJETO DE UMA LINHA DE ÔNIBUS: ESTUDO DE MOBILIDADE

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É notável a falta de preparação e adaptação dos pontos de embarque e desembarque para pessoas com restrição de mobilidade por todo o país. Esta problemática é um reflexo da falta de planejamento e preparação do espaço urbano para uma otimização da mobilidade, levando em consideração todas as pessoas com algum tipo de necessidade especial que utilizam o transporte público. Na cidade de Manaus isso não é diferente, observa-se uma falta de planejamento e estruturação nas paradas de ônibus para que as necessidades de todas as pessoas, em particular aquelas que apresentam algum tipo deficiência locomotora possam ser atendidas.

O estudo a respeito da acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, justifica-se na necessidade que o sistema de transporte público atualmente existente possui em atender o maior número de usuários com equidade, independentemente de suas limitações físicas.

2. METODOLOGIA

Para a elaboração do estudo, inicialmente foi realizada uma revisão de literatura com o intuito de se estabelecerem informações pertinentes ao tema e que se tornassem importantes à execução do trabalho. Paralelamente foram identificados problemas relacionados à mobilidade e acessibilidade, bem como medidas mitigadoras já utilizadas em áreas urbanas para amenizar a problemática.

A base de dados foi composta por informações qualitativas e quantitativas, que depois de analisadas e tabuladas, mostraram a atual situação das paradas em Manaus, bem como as falhas atualmente existentes. A maioria das informações práticas utilizadas no trabalho decorreram das seguintes fontes:

- Pesquisa de Satisfação com usuários do sistema por meio de questionário;

- Visitas in loco para uma melhor percepção da problemática e coleta de informações por meio de checklist, proporcionando melhor entendimento das informações coletadas;

- Dados e informações de projeto coletados na Superintendência Municipal de Transporte Urbano (SMTU).

Após todos os procedimentos de coleta de dados, realizou-se o processamento e análise dos mesmos, que depois de discutidos, forneceram subsídios para a compreensão da problemática com relação a acessibilidade e qualidade dos pontos de parada de uma linha de ônibus na cidade de Manaus, auxiliando desta maneira o processo de seleção de medidas atenuantes aos problemas encontrados.

2.1. Definição das Variáveis Utilizadas e Execução do Checklist

De acordo com Bassi Filho (2016), as paradas de ônibus, locais de embarque e desembarque de passageiros, que de alguma forma, fazem parte do sistema de circulação pública, devem assegurar um ambiente de qualidade, para que os usuários possam fazer uso de todas as utilidades do sistema de transporte de maneira condizente aos padrões de utilização até a chegada do coletivo. Desta maneira, as principais funções dos pontos de ônibus, são segundo o autor, “proporcionar comodidade aos passageiros” e “proporcionar um melhor meio de acesso ao ônibus”.

Para que isto ocorra de maneira eficiente, devem ser implantados nas paradas de ônibus, mobiliários urbanos agregados de diversos elementos, tendo como objetivo principal, suprir as necessidades da população usuária, principalmente aquela fração que necessita de cuidados especiais.

Com base nas diretrizes estabelecidas em normas regulamentadoras como a ABNT NBR 9050:2015, Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, ABNT NBR 14022:2009, Acessibilidade em veículos de características urbanas para o transporte coletivo de passageiros e ABNT NBR 15320: 2005, Acessibilidade à pessoa com deficiência no transporte rodoviário, bem como alguns preceitos de qualidade propostos por Ferraz e Torres (2004), foram definidas as variáveis de caracterização dos elementos de infraestrutura dos pontos de parada que oferecessem um nível mínimo de conforto e segurança.

Foram levados em consideração fatores como: Presença de abrigo, presença de rampas de acesso, presença de guarda corpo, sinalização tátil na região de fronteira, espaço reservado à pessoa com deficiência (PCD), existência de informativos e itinerários, existência de algum dispositivo de transposição ou plataforma elevatória. Pontos relacionados a qualidade também foram observados, tais como: presença de assentos, iluminação, lixeiras, informativos e itinerários. Outros fatores inclusos no checklist diziam respeito à qualidade do entorno das paradas, como estado de conservação das calçadas, faixas de uso conservadas, padrão correto de revestimento entre outros pontos.

Definidas as variáveis presentes no checklist, iniciou-se a execução das visitas nas paradas do itinerário da linha 427. Optou-se por escolher o trajeto desta linha como elemento de estudo, pois trata-se de uma linha do tipo radial, que corta a zona centro-sul da cidade, fazendo a ligação centro-bairro, importante zona que agrega diversos polos geradores dos mais variados tipos, sendo eles em sua grande maioria educacionais ou comerciais. No total foram visitadas 39 paradas, correspondentes ao itinerário de volta da linha, que tem seu início na plataforma laranja do Terminal da Matriz, passando pela Avenida Getúlio Vargas, Djalma Batista, Eldorado/Parque Dez e finalizando na Rua da Penetração, no bairro Parque das Laranjeiras. A rota da linha, bem como o percurso das paradas contempladas podem ser observados conforme apresentado na figura 01 abaixo.

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Figura 1: Itinerário percorrido pela linha 427

Na cidade de Manaus as paradas de ônibus estão sob a cautela da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), que cuida da manutenção e construção de novos pontos de ônibus. De modo geral, as paradas constituintes do itinerário da linha eram de dois tipos mais comuns: Estrutura metálica com telhas de cerâmica ou plástico e, estrutura metálica com cobertura de fibra. As referidas paradas podem ser observadas conforme especificado nas ilustrações abaixo.

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Figura 2: (a) Parada de Cobertura Cerâmica Figura 2: (b) Parada com Cobertura de Fibra

2.2. Pesquisa de Satisfação

De acordo com Ferraz e Torres (2004), a qualidade do transporte público deve ser avaliada levando em consideração o nível de satisfação de todos os usuários que direta ou indiretamente estão envolvidos