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SENTIMENTOS: PERSPECTIVAS E REPERCUSSÕES NA PSICOLOGIA

Por:   •  21/5/2018  •  4.668 Palavras (19 Páginas)  •  344 Visualizações

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O que São Emoções e Sentimentos?

Já no vídeo de Pedro Calabrez, no qual ele se baseia em dois livros do próprio Damásio, é dito que emoções são programas de ação, coordenados pelo cérebro, que gerenciam alterações em todo seu corpo. Essas alterações são ações no sentido amplo da palavra, ou seja, ações microscópicas como, por exemplo, a secreção de hormônios na corrente sanguínea ou a secreção de neurotransmissores nas sinapses dos neurônios. Ações que podem ser um pouco mais complexas como, por exemplo, movimentações de vísceras, ou, às vezes, ainda mais complexas, como comportamentos. No caso de um tubarão na frente de um indivíduo, atacar ou fugir. As emoções são um jeito muito inteligente da natureza fazer com que um ser vivo aja de um modo sem perder tempo. Emoção tem tudo a ver com ação, com gerar comportamentos biologicamente vantajosos frente a uma necessidade imediata.

Já o sentimento é o sentimento de uma emoção. O sentimento é a percepção consciente e parcial de um programa emocional. Essa percepção é sempre parcial, afinal de contas, quando se está com medo, não se tem consciência do diâmetro das pupilas que estão variando por conta de um aspecto dessa variação emocional. Só são percebidas partes dessas alterações.

Por que, então, fazer uma distinção entre emoção e sentimento? A primeira razão é neuroanatômica e neurofisiológica. As estruturas e circuitarias cerebrais que são responsáveis por mediar as emoções não as mesmas que são responsáveis por mediar os sentimentos. São, portanto, circuitos cerebrais diferentes para cada uma dessas funções. A segunda razão é que nem sempre uma emoção se torna consciente. É perfeitamente possível que ocorram alterações emocionais no corpo e não se tome consciência disso e elas não se tornem o que nós chamamos de sentimento. O sentimento é mais psicologicamente complexo, porque ele é consciente, envolvendo, por exemplo, memórias. As emoções e sentimentos então, compõem o que é chamado de Sistema Afetivo. Os afetos são as emoções e os sentimentos.

Baseando-se agora diretamente na obra de António Damásio, “E o Cérebro Criou o Homem”, pode-se destacar importantes trechos:

Um exame da emoção tem de investigar os variadíssimos mecanismos de regulação da vida que se encontram no cérebro, mas foram inspirados em princípios e objetivos que antecederam o cérebro e em grande medida funcionam automaticamente e meio às cegas, até que comecem a ser conhecidos pela mente consciente na forma de sentimentos. As emoções são as obedientes executoras e servidoras do princípio do valor, a mais inteligente cria do valor biológico até agora. Por outro lado, a cria das próprias emoções, os sentimentos emocionais que colorem nossa vida inteira do berço ao túmulo, paira soberana sobre a humanidade, assegurando que as emoções não sejam negligenciadas. […] Emoções são programas de ações complexos e em grande medida automatizados, engendrados pela evolução. As ações são complementadas por um programa cognitivo que inclui certas ideias e modos de cognição, mas o mundo das emoções é sobretudo feito de ações executadas no nosso corpo, desde expressões faciais e posturas até mudanças nas vísceras e meio interno.

Os sentimentos emocionais, por outro lado, são as percepções compostas daquilo que ocorre em nosso corpo e na nossa mente quando uma emoção está em curso. No que diz respeito ao corpo, os sentimentos são imagens de ações, e não ações propriamente ditas; o mundo dos sentimentos é feito de percepções executadas em mapas cerebrais. Mas cabe aqui uma ressalva: as percepções que denominamos sentimentos emocionais contêm um ingrediente especial que corresponde aos sentimentos primordiais de que já tratamos anteriormente. Esses sentimentos baseiam-se na relação única entre o corpo e o cérebro que privilegia a interocepção. Há outros aspectos do corpo sendo representados em sentimentos emocionais, obviamente, mas a interocepção domina o processo e é responsável pelo que designamos como o aspecto sentido dessas percepções. A distinção geral entre emoção e sentimento, portanto, é razoavelmente clara. Enquanto as emoções constituem ações acompanhadas por ideias e certos modos de pensar, os sentimentos emocionais são principalmente percepções daquilo que nosso corpo faz durante a emoção, com percepções do nosso estado de espírito durante esse mesmo lapso de tempo. Em organismos simples capazes de comportamento mas desprovidos de um processo mental, as emoções também podem estar vivas, mas não necessariamente são seguidas por estados de sentimento emocional (DAMÁSIO, 2010).

Wallon e as relações de alternância entre o desenvolvimento da afetividade e da inteligência.

Encontramos no corpo das ideias de Henri Wallon (1879 – 1962) uma concepção dialética do desenvolvimento infantil, enfocando seus domínios afetivo, cognitivo e motor, e que busca mostrar nas diferentes etapas, quais são os vínculos estabelecidos entre cada um desses campos, e suas implicações com o todo representado pela personalidade (GALVÃO, 2001).

Existe também em Wallon, como nos conta Izabela Galvão (2001), uma concepção distinta entre os conceitos de emoção, sentimento e afetividade. A emoção é compreendida como sendo sempre acompanhada de alterações orgânicas, manifestando-se na mudança dos ritmos cardíacos e respiratórios, por exemplo. É também propriedade das emoções serem sempre acompanhadas por modificações visíveis ao outro, isto é possuem expressividade, e é nesse sentido que Almeida as entende como “uma forma de exteriorização da afetividade que evolui como as demais manifestações, sob o impacto das condições sociais” (2008). Galvão vai além, indicando que a emoção é uma “atividade eminentemente social”, que “nutre-se do efeito que causa no outro” (2001).

Os sentimentos são posteriores às emoções, e Almeida indica que a obra de Wallon “traz menos informações do que as relativas às emoções”. Destarte, os sentimentos só podem aparecer quando começam a atuar as representações (ALMEIDA, 2008), e através do desenvolvimento das funções intelectuais, que tem a linguagem como instrumento primordial. O acesso a linguagem proporciona a inserção da criança no universo simbólico da cultura (GALVÃO, 2008). É também característicos dos sentimentos se evidenciarem mais nos estágios personalista e da puberdade, devido a sua relação de dependência com as representações. (ALMEIDA, 2008)

A afetividade é

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