Resumo de Psicologia da Saúde
Por: Erica Cardozo • 22/4/2019 • Resenha • 2.197 Palavras (9 Páginas) • 641 Visualizações
Livro: Manual de psicologia hospitalar – o mapa da doença
O que psicologia hospitalar?
Psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. A psicologia hospitalar não trata apenas das doenças com causas psíquicas classicamente denominas de “psicossomáticas”, mas sim dos aspectos de toda e qualquer doença. Toda doença apresenta aspectos psicológicos, toda doença encontra-se repleta de subjetividade, e por isso pode se beneficiar do trabalho da psicologia. A doença é considerada um fenômeno complexo, com várias dimensões: biológica, psicológica e cultural.
O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do adoecimento. Esses aspectos não existem soltos no ar, e sim estão encarnados em pessoas; na pessoa do paciente, nas pessoas da família, e nas pessoas da equipe profissional. A psicologia hospitalar, define como objeto de trabalho não só a dor do paciente, mas também a angústia declarada da família, a angústia disfarçada da equipe e a angústia negada dos médicos.
Qual objetivo da psicologia hospitalar?
O objetivo da psicologia hospitalar é a subjetividade. A doença é um real do corpo no qual homem esbarra, e quando isso acontece toda a sua subjetividade é sacudida. E então entra em cena o psicólogo hospitalar, que se oferece para escutar esse sujeito adoentado falar de si, da doença, da vida ou da morte, do que pensa, do que sente, do que teme, do que deseja, do que quiser falar. O psicólogo hospitalar, ajuda o paciente a fazer a travessia da experiencia do adoecimento, mas não diz onde essa travessia vai dar, e não diz por que não pode e nem sabe. A filosofia da psicologia hospitalar e reposicionar o sujeito em relação a sua doença.
Como funciona a psicologia hospitalar?
A estratégia da psicologia hospitalar é tratar do adoecimento no registro do simbólico porque no registro do real já trata a medicina. Para concretizar a estratégia de trabalhar o adoecimento no registro simbólico, a psicologia hospitalar se vale de duas técnicas: escuta analítica r manejo situacional. A primeira reúne as intervenções básicas da psicologia clínica, tais como escuta, associação livre, interpretação, análise de transferência, etc. essas intervenções são familiares para o psicólogo, a novidade é o setting inusitado em que elas se dão – o hospital. Já a segunda é técnica que é o manejo situacional, engloba intervenções direcionadas a situação concreta que se forma em torno do adoecimento. Alguns exemplos são: controle situacional, gerenciamento de mudanças, análise institucional, mediação de conflitos, psicologia de ligação, e etc. todas essas ações são especificas da psicologia hospitalar.
Paradigma
O ser humano como um todo... se não todo ao menos plural. “Não existe doenças, existem doentes”. (Perestrello)
O diagnóstico – Olhos para ver além do biológico
A principal razão pela qual os diagnósticos são feitos é eles facilitarem o tratamento, de modo que diante de um diagnóstico bem feito, a melhor estratégia terapêutica se evidencie, naturalmente, na mente do psicólogo bem treinado. Na psicologia hospitalar o diagnóstico é o conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em sua relação com a doença. Na psicologia hospitalar não diagnosticamos doenças, mas o que acontece com as pessoas relativamente à doença e ele, o nosso diagnóstico, não é expresso em termos de nomes de doença, mas sim por uma descrição dos processos que influenciam e são influenciados pela doença. O diagnostico em psicologia hospitalar não se vale de testes. Seu instrumento é o olho clínico do psicólogo, e ademais não se estabelece uma escala continua para comparações.
Posição negação
A primeira reação a uma pessoa diante da doença é de choque, seguido de descrença. O encontro com a doença é visto como um tropeço inesperado, que nos desconcerta. Para muitas pessoas, a única possibilidade imediata diante da doença é a negação. Quando a pessoa nega a doença, ela não o faz de caso pensado, propositalmente, o paciente o faz, porque naquele instante é o que ele pode fazer. A negação do paciente deve ser respeitada, e não confrontada a qualquer custo, pois a qualquer momento ele pode assumir uma outra posição em relação a doença.
Na posição negação a pessoa pode agir como se a doença não existisse, ou então minimiza sua gravidade e adia as providências e cuidados necessários. O pensamento na negação é o tipo onipotente “sei o que estou fazendo”. O pensamento onipotente se caracteriza pelo reconhecimento das capacidades e pela negação das incapacidades, repetindo um padrão infantil, onde a pessoa pensa que está acima das desgraças da vida. As soluções tentadas na negação têm um quê de mágica, onde as pessoas esperam um milagre para resolver o seu problema. A pessoa na negação pode demonstrar um sentimento de alegria, por trás dessa alegria pode é muito comum encontrarmos um medo da doença e da morte. Na negação, o medo encontra-se reprimido, e o que surge é uma angústia vaga, indefinida e flutuante.
Posição revolta
Nessa posição a pessoa “cai na real”, enxerga a doença e enche-se de revolta que pode ser dirigida para qualquer lado: contra a doença, contra o médico que a comunica, contra a equipe de enfermagem, contra si mesma, contra a família, contra o mundo. Na revolta umas das frases ouvidas pode ser “sim, é comigo, e não é justo”. A revolta geralmente é vista como frustração, primeiramente a pessoa se irrita e depois se deprime. Na posição negação o sujeito encontrasse passivo, mas a revolta é caracterizada por uma intensa atividade, entretanto, não devemos nos iludir com essa atividade, pois nem toda atividade é produtiva, pode apenas agitação. Agitação é atividade fora de foco, não direcionada ao problema, nada resolve, é pura descarga energética sem objetivo.
A psicóloga norte-americana Jacquie Schiff, disse existir quadro formas pelas quais uma pessoa pode ser passiva. A primeira é a “sobreadaptação”, que ocorre quando a pessoa age para agradar o outro, e não para resolver o problema; a segunda é o “nada a fazer”, em que não existe atividade; a terceira é a “agitação”, que se define como ação não focalizada no problema; e a quarta forma é a “violência”, que se caracteriza por autoagressividade e heteroagressividade. Que não resolve o problema. Fazendo a correlação entre as formas de passividade, e as formas de reagir a doença, é evidente a passividade nas posições de negação e depressão e, embora possa parecer paradoxal, a revolta, com toda a sua agitação, também é uma passividade enquanto não levar ao enfrentamento da doença, esta sim é a posição mais produtiva de todas, onde a pessoa pode atravessar o adoecimento lutando contra a doença, e não contra a frustração ou a angústia.
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