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Proposta de intervenção

Por:   •  21/10/2018  •  3.092 Palavras (13 Páginas)  •  284 Visualizações

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os direitos fundamentais da criança e se beneficiam às custas de sua ingenuidade. A criança deve ser respeitada e cuidada de forma que se desenvolva de maneira saudável e mais comprometida com um estilo de vida menos consumista e mais sustentável.

REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

De acordo com pesquisas do PNAD (IBGE), em 2014, 97,1% dos domicílios brasileiros possuíam televisão e 42,1% possuíam microcomputador com acesso à internet. Além de ter se tornado um elemento essencial na maioria dos domicílios brasileiros, a televisão também tem se tornado a fonte de lazer favorita das crianças. Principalmente nos grandes centros urbanos, com as crescentes taxas de violência e insegurança pública, muitas famílias têm preferido se recluir em condomínios fechados e/ou investir em lazer para seus filhos dentro de seu próprio lar. Novas tecnologias como videogames, tablets, smartphones, computadores com acesso à internet estão cada vez mais presentes principalmente nos lares brasileiros de classe média e alta, mas de modo bem mais acessível às demais classes sociais, a televisão marca sua presença como o maior "investimento" de lazer dos pais para suas crianças. Além do fator da violência urbana, os pais que precisam dedicar grande parte de seu dia ao trabalho ou a tarefas diárias acabam tendo pouco tempo para passar com seus filhos. Assim, "Por intermédio do processo denominado por Rosenberg (Crivelaro, 2006) de “babá eletrônica”, as crianças são entretidas com programações televisivas enquanto seus responsáveis cumprem tarefas do dia a dia." (FRAGOSO, 2009).

A presença constante de conteúdos televisivos no dia-a-dia das crianças traz consigo a forte influência da publicidade destinada ao público infantil. A mestre em Ciências Sociais Inês Sampaio faz uma importante ressalva quanto à dificuldade que os pais têm em relação a essa influência publicitária sobre seus filhos, elucidando que, na maioria dos casos, enquanto os pais têm tempo para conversar com os filhos apenas de vez em quando, a publicidade, por sua vez, está cotidianamente em contato com a criança, "conversando" com ela (CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO, 2008).

No momento em que estão assistindo programas televisivos, as crianças mais novas não conseguem discernir programas de informes publicitários (LINN, 2006). Além disso, "existe a tendência de a criança julgar que aquilo que mostram é realmente como é, e que aquilo que dizem ser sensacional, necessário, de valor, realmente possui essas qualidades." (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2008). A criança, então, não consegue distinguir a fronteira entre realidade e fantasia presentes na publicidade e acaba tendo seu desejo captado por aquele produto "excepcional" que está sendo apresentado. Na verdade, não há mesmo interesse algum por parte dos investidores publicitários em desfazer essa confusão de realidade-fantasia, pois se esse aspecto consegue convencer efetivamente os adultos através de demonstrações fictícias de felicidade e realização pessoal atreladas ao produto, as crianças são mais ainda alvos inescapáveis de tais investidas.

Em seu parecer sobre a publicidade dirigida ao público infantil e adolescente, o professor Yves de La Taille, da Universidade de São Paulo afirma que “as crianças não têm, e os adolescentes não têm a mesma capacidade de resistência mental e de compreensão da realidade que um adulto e, portanto, não estão em condições de enfrentar com igualdade de força a pressão exercida pela publicidade no que se refere à questão do consumo. A luta é totalmente desigual.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2008). A criança passa então a investir no desejo pelo produto que conquistou seu interesse, um desejo que não é propriamente dela, mas que foi implantado nela. No âmbito familiar esse desejo da criança pela aquisição de um produto pode causar diversos problemas, dentre os quais dois são enfatizados pelo Conselho Federal de Psicologia (2008): o caso da criança pobre que não pode ter acesso às mercadorias desejadas, ocasionando sofrimento em si e em seus pais; e segundo, o desejo de produtos inúteis e até inadequados para essas crianças.

Assim, as crianças são cada vez mais incentivadas pelas publicidades (e muitas vezes pelo estilo de vida de sua família) a seguirem hábitos consumistas. Elas desejam aquilo que está sendo divulgado, que está em alta no momento e que todos os seus coleguinhas possuem, mas assim que adquirem o produto não demora muito para que seu interesse por ele se desvaneça, surgindo em seguida a demanda de um novo produto publicitário. "Hoje, o comum descarte dos brinquedos contribui para a construção de relações pouco sólidas e mais fugazes no futuro." (PROJETO CRIANÇA E CONSUMO, 2009). De fato, esses comportamentos consumistas e de descarte continuado são fortes influenciadores das relações pessoais da criança. Passa-se a dar excessiva importância ao "ter", a obter novos produtos, em detrimento do "ser", de agregar valores e relacionamentos interpessoais baseados na importância dada ao modo de ser de cada um. Sem falar que tais comportamentos estão totalmente na contramão das atitudes sustentáveis que a atual situação de nosso planeta tanto necessita.

Além disso, o consumismo infantil incentivado pelas peças publicitárias pode interferir no desenvolvimento do brincar. "O bombardeio de comerciais marcados por efeitos especiais inibem a criatividade da criança, roubando dela justamente a motivação de criar o brinquedo que melhor atenda aos seus anseios e que possibilite a interação com seu meio ambiente." (PROJETO CRIANÇA E CONSUMO, 2009). A brincadeira torna-se menos criativa, pois o brinquedo tecnológico faz tudo sozinho e a criança não precisa fazer nenhum investimento fantasioso nele. Por isso o brinquedo logo se torna enfadonho e o desejo por um novo é instaurado mais uma vez pelo seu contato constante com os conteúdos publicitários.

Com a preferência marcante das tecnologias como principal fonte de lazer e com a modificação do caráter do brincar, o sedentarismo torna-se uma realidade cada vez mais frequente. Esta é uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo que o lazer com tecnologias (TV, computadores, tablets) favorece o sedentarismo, o próprio sedentarismo dificulta a escolha por brincadeiras com maior investimento de energia, resultando em um maior tempo de contato com conteúdos midiáticos.

Considerando-se, portanto, os nexos entre a pouca valorização da brincadeira, a escolha da TV como opção privilegiada de lazer entre as crianças,

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