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O Transtorno de Personalidade Borderline

Por:   •  24/5/2018  •  3.338 Palavras (14 Páginas)  •  359 Visualizações

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cuja característica principal é uma grande oscilação de humor, com comportamentos marcados pela impulsividade, irritabilidade, medo do abandono e baixa autoestima.

Este transtorno não tem uma etiologia específica, mas sabe-se que pessoas do sexo feminino (75%), no início da fase adulta e com parentes que apresentam o mesmo transtorno, mostram-se mais dispostas a serem diagnosticadas com TPB. Também não há um tratamento medicamentoso para o Transtorno de Personalidade Borderline, mas em doses reduzidas, os fármacos auxiliam muito no controle da impulsividade, na moderação das reações emocionais e principalmente, para tratar os outros transtornos que podem acompanhar o TPB, como a ansiedade, os ataques de pânico e a depressão. Geralmente, os medicamentos mais utilizados são os estabilizadores de humor, os antidepressivos e os antipsicóticos.

3. O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE SOB A PERSPECTIVA DE FREUD

Freud não faz referência ao termo “borderline” em sua obra, porém, sua contribuição não deve ser descarta para a compreensão deste transtorno. Em seu texto “O mal-estar da civilização” de 1930, há um trecho em que fala “o conceito de narcisismo tornou possível apreender analiticamente a neurose traumática, assim como a psicose e muitas afecções vizinhas a estas” (Freud, 1930, p.85). Quando salienta que o narcisismo ajudou na compreensão não só da neurose e da psicose como também de “muitas afecções vizinhas a estas”, Freud revela que reconhece a existência de patologias que estão entre a neurose e a psicose, sendo borderline uma patologia vizinha da psicose relacionada com o narcisismo e com o desenvolvimento e conflitos na constituição do eu.

Segundo Bergeret (2006), Freud, ao introduzir o conceito de narcisismo e destacar o papel do eu ideal, fazendo a descrição da escolha anaclítica de objeto e a descoberta do papel das frustrações afetivas da criança, reconhece a existência de um tipo de relação narcísica sem um superego completamente constituído, onde o conflito pós-edipiano não é uma “luta” entre o ego e o superego, mas sim uma intermediação entre a fragmentação psicótica e o conflito neurótico.

4. O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE SOB A PERSPECTIVA DE MELANIE KLEIN

Melanie Klein refere-se às pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) como pacientes esquizoides. Ela considera que todas as patologias não neuróticas estão ligadas as relações primitivas de objeto, ou seja, relações agressivas e o que essas pessoas fazem com elas. Tais relações agressivas surgem na fase, definida por Klein, como posição esquizo-paranóide.

Ela define que na primeira infância surgem ansiedades, características das psicoses, que forçam o ego a desenvolver mecanismos de defesas específicos, estes com uma influência profunda em todos os aspectos de desenvolvimento do ego, do superego e das relações objetais.

Segundo Klein, temos relações objetais desde o início da vida, sendo a primeira relação com o seio da mãe, que para a criança é cindido entre um seio mau (frustração e ódio) e um seio bom que traz gratificação. Essa primeira relação é moldada pelos mecanismos de projeção e introjeção. A criança projeta seu impulso destrutivo (impulsos sádico-orais) para o objeto externo (seio “mau” da mãe) e introjeta o objeto bom para si (seio “bom”), porém, esses ataques que provém do impulso destrutivo ao objeto fazem com que surjam ansiedades (medo) de retaliação ou de um contra ataque por meio desse “objeto mau”. A necessidade de lidar com essas ansiedades, faz com que o ego crie mecanismos de defesas específicos, entre eles a cisão, que faz a divisão entre um objeto bom e outro mal, ou a oscilação disso em um mesmo objeto. Quando ocorre essa cisão, o paciente esquizoide aniquila essa relação com o objeto internamente, como se nunca houvesse ocorrido.

Considerando que a ansiedade surge da pulsão da morte, dento do organismo, é entendida como um medo de aniquilamento (morte), tornando-se um medo de perseguição. O medo do impulso destrutivo parece ser ligado a um objeto ou vivenciado como um medo incontrolável de um objeto dominador. O objeto frustrador e perseguidor é mantido completamente separado do objeto idealizado. Ele não é só mantido separado do bom, a sua existência é negada, assim como é negado a frustração e os maus sentimentos (dor) a que a frustração dá origem. Isso se relaciona com a negação da realidade psíquica. A negação dessa realidade só se torna possível através dos sentimentos de onipotência, da existência do objeto mal e da situação de dor. A negação onipotente, é para o ICS igual a aniquilação pelo impulso destrutivo, entretanto não são apenas uma situação e um objeto que são negados e aniquilados, é uma relação de objeto que sofre esse destino, portanto uma parte do ego do qual emanam os sentimentos pelo objeto, é negada e aniquilada também. A gratificação por parte do objeto externo bom, entre outros fatores, ajuda a transpor esses estados esquizoides.

Em estado de frustração ou ansiedade, o bebê refugia-se no seu objeto interno idealizado como um meio de escapar de perseguidores. Quando esse medo e essa procura pelo objeto interno são excessivos, leva a consequências no desenvolvimento do ego e às relações objetais. O ego vira totalmente dependente desse objeto idealizado e traz o sentimento de que ele não tem vida própria. Diante disso, surge um paradoxo, pois partes do ego procura-se unir ao objeto ideal, enquanto outras querem lidar com os perseguidores internos.

No texto, Klein ressalta que pacientes esquizoides são muito resistentes à análise, pois possuem uma atitude pouco emocional, relações objetais narcísicas e certa hostilidade que os distanciam da relação com o analista.

O tratamento Kleiniano do paciente esquizoide é centrado na interpretação do impulso destrutivo subjacente, pois esse indivíduo usa a idealização do analista como defesa contra o ódio, idealiza-o para não odia-lo. O ponto principal é a interpretação dessa agressividade não integrada na transferência.

5. O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE SOB A PERSPECTIVA DE WINNICOTT

Apresentados os conceitos psiquiátricos acerca do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), pode-se compreender o desenvolvimento desta patologia à luz da teoria de Winnicott. Para tal, a compreensão referente ao desenvolvimento emocional torna-se imprescindível, uma vez que, para Winnicott este conceito é a ”espinha dorsal” de seus estudos sobre esse transtorno. De acordo com o teórico, o

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