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O Suicídio em Presos

Por:   •  12/3/2018  •  3.880 Palavras (16 Páginas)  •  258 Visualizações

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Em 2002, Fazel e Danesh, numa revisão de 62 estudos sobre saúde mental em estabelecimentos prisionais de 12 países ocidentais, com uma amostra de 22.790 reclusos, 18.530 (81%) homens e 4.260 (19%) mulheres, verificaram que 3% a 7% dos reclusos homens padeciam de perturbações psicóticas, 10% de perturbação depressiva major e 65% de perturbações da personalidade, dos quais 47% com perturbação anti-social. No que se refere às reclusas, 4% padeciam de perturbações psicóticas, 12% de perturbação depressiva major e 42% de perturbações da personalidade, dos quais 21% com perturbação anti-social.

Os variados tipos de estabelecimentos prisionais afectam o recluso de forma diferente. Em estabelecimentos prisionais de máxima e média segurança, verificam-se mais suicídios do que em estabelecimentos de segurança mínima (JHSA, 1999). No estudo de Goss e os seus colaboradores, em 2002, verificou-se uma maior percentagem de tentativas de suicídio em reclusos que estavam em unidades isoladas do que em reclusos que estavam alojados em grupos.

No estudo de Moreira e Gonçalves, em 2010, exploraram a incidência de ideação suicida e de perturbação emocional em presos preventivos em dois momentos distintos da execução da pena, durante a primeira semana de reclusão e após seis meses de cumprimento de pena.

No presente estudo, pretendemos complementar o estudo de Moreira e Gonçalves estudando a influência do sexo do indivíduo e o impacto dos diferentes níveis de segurança, de diferentes estabelecimentos prisionais, na ideação suicida e na sintomatologia psicopatológica dos reclusos.

Métodos

Participantes

A amostra será constituída por um grupo de reclusos, subdividido em três grupos: reclusos do estabelecimento prisional de Vale de Judeus e reclusos do estabelecimento prisional de Caxias, ambos do sexo masculino e ainda um grupo de reclusos do sexo feminino do estabelecimento prisional de Tires.

Instrumentos

Para a execução deste estudo será utilizado um questionário de Ideação suicida (QIS) e o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI).

Questionário de Ideação Suicida (QIS). A ocorrência de pensamentos suicidas será avaliada pelo Questionário de Ideação Suicida (QIS), versão portuguesa do Suicide Ideation Questionnaire traduzida e adaptada por Ferreira e Castela (1999). O QIS permite analisar a gravidade dos pensamentos suicidas em adolescentes e adultos, avaliando hierarquicamente os pensamentos relativos ao suicídio entre pouco e muito graves. O QIS é constituído por 30 itens, para os quais, são disponibilizadas sete alternativas de resposta que avaliam a frequência de ocorrência de ideação suicida. O formato de resposta oscila entre “Nunca pensei nisto” (0), até “Quase todos os dias” (6). Para propósitos de pontuação, os 30 itens são pontuados de 0 a 6, numa direcção patológica, sendo que a pontuação máxima de 180 indicia cognições suicidas ocorrendo quase todos os dias. De acordo com Raynolds (1988) uma pontuação ≥41 pode ser indicativo de significativo e de potencial risco de suicídio. Ao nível da consistência interna, os estudos psicométricos efectuados na versão portuguesa (Ferreira & Castela, 1999) revelam um coeficiente alfa de Cronbach de .96 e correlação teste-reteste com intervalo de um mês entre as duas aplicações de .76. O QIS apresenta ainda correlação positiva significativa com o Inventário de Depressão de Beck (.59, p de Auto-estima de Rosenberg (-.45, p

Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI). A sintomatologia psicopatológica será avaliada pelo Inventário de Sintomas Psicopatológicos, versão portuguesa do Brief Symptom Inventory (BSI; Derogatis, 1982) traduzida e adaptada por Canavarro (1999). É um inventário de auto resposta com 53 itens, onde o indivíduo deverá classificar o grau em que cada problema o afectou durante a última semana, numa escala tipo Likert que varia entre “Nunca” (0) a “Muitíssimas vezes” (4). O BSI avalia sintomas psicopatológicos em termos de nove dimensões de sintomatologia (somatização, obsessão-compulsão, sensibilidade interpessoal, depressão, ansiedade, hostilidade, ansiedade fóbica, ideação paranóide e psicoticismo) e três índices globais, que constituem avaliações sumárias de perturbação emocional, representando aspectos diferentes de psicopatologia (Índice Geral de Sintomas – IGS, Total de Sintomas Positivos – TSP e o Índice de Sintomas Positivos – ISP). De acordo com Canavarro um valor ≥ a 1.7 no ISP é provável de ser encontrado em pessoas perturbadas emocionalmente. Os estudos psicométricos efectuados na versão Portuguesa (Canavarro, 1999) revelaram que a escala apresenta níveis adequados de consistência interna para as nove escalas, com valores de alfa de Cronbach que variam entre .72 para psicoticismo e .85 para depressão.

Procedimentos

Esta investigação decorrerá em três estabelecimentos prisionais (EP): o estabelecimento prisional de Vale de Judeus (estabelecimento prisional de segurança máxima) de Alcoentre no concelho da Azambuja para presos masculinos, o de Caxias (estabelecimento prisional de segurança aberta) no concelho de Oeiras também este para presos masculinos e o estabelecimento prisional de Tires (estabelecimento prisional de segurança aberta) para presos femininos no concelho de Cascais.

Para a implementação deste estudo será necessário que seja obtida uma autorização por parte da Direcção Geral dos Serviços Prisionais. O intuito será incluir na amostra todos os reclusos admitidos com medida de prisão preventiva. Durante a 1ª fase da investigação irá entrar um grupo de reclusos no estabelecimento prisional de Vale de Judeus, outro no estabelecimento prisional de Caxias e um outro no estabelecimento prisional de Tires. O rácioentre entre totalidade de reclusos admitidos durante este período de tempo e os participantes que acabarão por fazer parte da amostra após seis meses de reclusão pode ser explicado por:

Durante a 1ª fase da investigação. A participação no estudo implicará uma entrevista durante a primeira semana de reclusão. A impossibilidade de deslocação ao estabelecimento prisional sete dias por semana irá implicar desde logo algumas perdas, uma vez que alguns reclusos nos três estabelecimentos irão sair em liberdade no mesmo dia ou nos dias seguintes à sua detenção antes que seja possível convida-los a participar no estudo.

Os reclusos serão seleccionados numa base voluntária. Neste sentido,

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