O FÍSICO, MOTOR E BIOLÓGICO
Por: Lidieisa • 16/10/2018 • 2.930 Palavras (12 Páginas) • 291 Visualizações
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SOCIAL
Com o passar dos anos, o envelhecimento foi ressignificado e sofreu várias mudanças no âmbito social, ou seja, na forma de reconhecimento deste período da vida de um indivíduo. Desde os séculos XVIII e XIX, as palavras idoso e velhice foram reconhecidas como parte do vocabulário de fases da vida, e deixaram de ser um fato externo e isolado.
Apesar dessa ressignificação ter sido muito efetiva e estar em constante mudança até o momento atual, o caminho para tal não foi simples. Na antiguidade, o idoso era um ser social isolado, visto que não possuía autonomia econômica e tampouco física, dado as limitações biológicas deste período da vida. Ainda assim, o idoso era considerado sábio e maduro - considerando sua larga experiência atrelada a sua idade – e era posto como conselheiro na maioria das sociedades. Sua utilidade era limitada e por isso era em geral considerado um símbolo de obsolescência, muitas vezes destituído da família e dos grupos sociais a que pertencia a princípio. Um exemplo claro deste momento é a sociedade hindu tradicional, que valoriza muito seus idosos, mas em contrapartida, os mantém isolados do âmbito social.
Com a globalização, o idoso perdeu ainda mais a sua utilidade para os sistemas de fábricas e industriais, pois a jornada de trabalho mais rígida não permitia ao indivíduo idoso suportar o peso do trabalho. É neste contexto que surge a necessidade de amparo para com estes sujeitos. Dá-se o ponto de partida para a construção da aposentadoria, feito este que se estendeu por um longo período e sofreu várias alterações até chegar no que é hoje.
No Brasil, a lei da aposentadoria só foi promulgada em 1923, e favorecia apenas os ferroviários. Anos mais tarde, surgiram leis que complementaram a constituição e favoreceram as demais categorias, como a lei da Previdência social, criada em 1960. A aposentadoria é para o idoso o que a puberdade é para o adolescente, é o marco da terceira idade, por isso atrelamos a idade da aposentadoria para definir em que momento nos tornamos idosos, momento este que ocorre atualmente aos 65 anos de idade. Apesar de o idoso ter tido que enfrentar obstáculos que o ausentavam do âmbito social como sujeito ativo, e que mesmo assim são presentes na contemporaneidade, a visão da sociedade acerca desses indivíduos tem se alterado ao ponto de hoje existirem medidas protetivas para essa parcela da população, pois mesmo com esses avanços ideológicos, o índice de violência contra idosos é preocupante. Estima-se que 80% dos casos de violência ocorrem dentro do núcleo familiar, local onde deveria haver um maior protecionismo para com estes indivíduos tão vulneráveis.
Em 2003 é criado o Estatuto do Idoso, que visa a proteção e a garantia dos direitos idosos. A partir de então levanta-se em discussão os cuidados direcionados a esses indivíduos e sobre suas limitações e as responsabilidades estamentais para com os mesmos. Atualmente somos 207,5 milhões (dados do IBGE), onde 23,5 milhões são idosos e essa estatística tende só a aumentar, visto que as estimativas de vida das sociedades contemporâneas aumentam gradativamente.
Com o avanço da tecnologia e da medicina, as doenças que assolam a velhice e assombram os sujeitos dessa faixa etária, estão cada vez mais tratáveis. O desenvolvimento em massa de estudos na área médica demonstra uma preocupação com as questões relacionadas a saúde e com estes benefícios, o indivíduo idoso já não é mais sinônimo de desgaste e má condição física.
A velhice está relacionada à fenômenos biológicos, mas seu significado é estabelecido social e culturalmente. A idade social é um termo muito relativo, varia muito culturalmente. Condições e funções sociais de cada faixa etária mudam não só ao longo do tempo, mas também culturalmente, desconstruindo a palavra velho e envelhecimento e criando um aspecto de juventude eterna para alguns.
Enquanto infância e adolescência são consideradas fases de desenvolvimento do ser, a velhice é considerada como a fase onde o ser já foi desenvolvido ao máximo, este perde a capacidade física mas aumenta o seu conhecimento social, desenvolvendo e estreitando mais suas relações sociais, onde o foco não é crescer fisicamente, mas sim socialmente.
AFETIVO
Estudos atuais apontam que a capacidade de interagir socialmente é fundamental para o idoso, a fim de que este possa conquistar e manter apoio social e garantir melhor qualidade de vida. O processo de envelhecimento tem sido considerado através de duas fortes e opostas perspectivas: uma que o reconhece como a etapa final da vida, a fase do declínio que culmina na morte (desespero); outra que o concebe como a fase da sabedoria, da maturidade e da serenidade (integridade).
Este processo do envelhecimento é como uma etapa de perdas dos antigos referenciais de vida, implicando no abandono de elementos da realidade e de si mesmo. Muitas vezes isso acaba gerando uma consequente crise de identidade, que possivelmente pode levar a um desequilíbrio psíquico dos idosos em estados de solidão causando depressão e outros problemas até a perda de memória. Quando a pessoa envelhece existem alguns fatores psicossociais que interferem na qualidade de vida, são eles: a perda da posição social comum após a aposentadoria; a pobreza que dificulta as condições mínimas de sobrevivência e, consequentemente, limita a participação dos idosos em eventos sociais; a solidão, pois muitas vezes os idosos têm pouco contato com outras pessoas devido à dificuldade de transporte adequado; problemas financeiros; incapacidade física; e falta de companhia associada ao medo e a perda de amigos, parentes, cônjuges. Tudo isso pode levar o idoso à depressão e a uma maior dependência física e/ou psicossocial. Dentre os diversos transtornos que afetam idosos, a depressão, considerada atualmente o “mal do século”, merece especial atenção. Nos idosos, há uma diminuição da resposta emocional, “erosão afetiva” e, com isso, há um predomínio de sintomas como diminuição do sono, perda de prazer nas atividades habituais e ruminações sobre o passado.
A velhice deve ser encarada como um processo adaptativo da vida do indivíduo, essa etapa, como as anteriores, envolve uma elaboração de perdas, uma adaptação às mudanças e um reafirmar da identidade, muito semelhante ao que já ocorreu durante a adolescência. Nessa comparação entre o período da adolescência e a velhice, o que diferenciará essas duas fases será o sentimento do indivíduo: em sua grande maioria, os adolescentes vivem grandes expectativas em relação
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