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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E EPISTEMOLÓGICOS DA PSICOLOGIA

Por:   •  10/4/2018  •  9.450 Palavras (38 Páginas)  •  284 Visualizações

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A matemática é considerada a língua universal, usá-la implica, através da quantificação, em tornar universal a essência dos acontecimentos naturais, o que, também, despreza as qualidades particulares das coisas.

Ainda sobre o paradigma cientifico no âmbito da relação do homem com a natureza, foi discutida a concepção fundamental do mundo moderno: o mundo como maquina. Essa ciência visa o controle da natureza, conhecer, portanto, torna-se “atuar sobre as coisas vistas.” (SANTOS, 2009). A ciência moderna é objetificação do mundo. Entretanto, “a promessa de dominação da natureza conduziu a uma exploração excessiva e despreocupada dos recursos naturais” que acarretou catástrofes ecológicas, à ameaça nuclear, destruição da camada de ozônio e a emergência das tecnologias que possam concertar esses desequilíbrios causados pela própria ciência moderna e sua sede de dominação. De repente o corpo humano transformou-se em mercadoria. (Santos 2009,)

Matrizes do pensamento psicológico (FIGUEIREDO, 1995)

Esse texto trata sobre o caráter operante que surgirá na relação homem e mundo no século XX e a criação da psicologia nesse meio com o objetivo de controlar o subjetivismo. Segundo o autor, a razão contemplativa que tinha como objetivo somente a obtenção da verdade, sendo apenas um meio de apreensão empírica da essência das coisas, vai acabar cedendo lugar para à razão e a ação instrumental, no qual o homem buscará tornar-se senhor da natureza. Dessa forma, a finalidade utilitária aparecerá como justificativa e legitimação da ciência, não deixando de lado a tradicional busca da verdade objetiva. “Subordinação do conhecimento cientifico à utilidade, à adaptação e ao controle.”

Nesse contexto, o autor apresenta as ideias empiristas de Francis Bacon, filósofo inglês, que defendia o homem como senhor de direito de natureza e como tal cabia ao conhecimento transforma-lo em possuidor da natureza. Bacon é contra as inclinações inatas ou aprendidas do homem que bloqueiam ou deformam a leitura do objetivo dos fenômenos da natureza. Há uma cautelosa suspeita do homem com relação a si mesmo, sendo assim, o autocontrole e autoconhecimento apresentam-se como pré-requisitos indispensáveis. É necessária a disciplina do espirito para que o conhecimento verdadeiro e perspicaz seja construído, pois, a vivência perceptiva, a experiência sensorial e, principalmente, experiências afetivas são perigosas para a ciência de fato como deve ser, livre desses aspectos da percepção ingênua – saturada de preconceitos e maus hábitos – da experiência reflexiva. Em suma, a subjetividade insidiosa, com sua carga de arbítrio e instabilidade, deve ser controlada diante da impossibilidade de extirpá-la.

A produção e a validação do conhecimento são o incremento do domínio técnico sobre a natureza, pressupondo a fiscalização, o autocontrole e a autocorreção do sujeito, dão origem as preocupações epistemológicas e, principalmente, metodológicas, características da nossa época, e, numa decorrência, a um projeto de psicologia como ciência natural do subjetivo.

Porém, o projeto que visava a psicologia como ciência natural da subjetividade mostrou-se contraditório. Por um lado, a natureza interna deve ser controlada, por outro, ao fazer isso o sujeito será exposto a diversas rupturas. Sua sensibilidade conflita com a razão instrumental; a razão está disposta a excluir dos discursos com pretensões racionais os vestígios da subjetividade. Pra isso a psicologia deveria renunciar a ambição de ter uma história que pudesse se moldar ao ideal de progresso das ciências naturais de aproximação da verdade e acúmulo de conhecimento. Porém, ao radicalizar o projeto de autocontrole do sujeito a psicologia assumiria uma natureza auto reflexiva que acabaria ultrapassando e negando os limites das ciências naturais.

A psicologia que nasce das tentativas de fundamentação das outras ciências fica destinada a não encontrar jamais seus próprios fundamentos, a nunca satisfazer os cânones de cientificidade cujo atendimento motivou sua própria emergência como ciência independente. (FIGUEIREDO, 1995)

Com a sociedade em crise entre guerras, lutas operárias e recessões econômicas, o indivíduo é privado, visto agora como egoísta e incapaz do autocontrole necessário à prevenção de crises e conflitos. Dessa forma, o autor conclui, a psicologia torna-se necessária para fiscalizar e controlar esse egoísmo e irracionalidade. Mas nesse processo é perceptível a mesma contradição que desestrutura a psicologia como ciência natural. A psicologia é necessária, porém, inviável, visto que o indivíduo é único, independente e irracional, resistindo ás leis da ciência e da sociedade.

Crítica da razão indolente (SANTOS, 2009)

Boaventura de Sousa Santos, doutor em sociologia do direito, começa seu texto falando de algo incomum para o tema que se espera ser tratado: espelhos. O autor usa a ideia de espelhos não como um objeto que somente se usam por razões utilitárias, mas sim como um objeto de construção de identidade. Segundo ele, a ciência, a educação, o direito a religião e tradição são mais importantes espelhos da sociedade contemporânea.

Entretanto, duas dessas instituições tornaram-se tão importantes que passaram da condição de espelho a estatua. A ciência e o direito estabeleceram modelos os quais a sociedade devia seguir devendo essa refleti-los. Isso ocorreu devido à combinação entre paradigma da modernidade ocidental e o capitalismo.

Ele afirma que esse é um período de crise, definindo o momento como de transição paradigma. Essa crise explica-se pela fragilidade da ciência e do direito, afirmando que é necessária a reinvenção de novos espelhos que tornem possível ultrapassar essa crise de consciência.

O paradigma da modernidade assenta em dois pilares: o da regulação e da emancipação.

O paradigma da modernidade pretende um desenvolvimento harmonioso e recíproco do pilar da regulação e do pilar da emancipação, e pretende também que esse desenvolvimento se traduza indefectivelmente pela completa racionalização da vida coletiva e individual. (SANTOS, 2009)

Esse desenvolvimento harmonioso culminaria na harmonização de valores sociais que se julgam incompatíveis, como justiça e autonomia e igualdade e liberte. Portanto, no decorrer do tempo o que era antes a solução tornou-se o problema.

“A promessa de dominação da natureza, e do seu uso para o beneficio comum da humanidade,

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