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Entrevista de Triagem: espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica

Por:   •  9/7/2018  •  2.233 Palavras (9 Páginas)  •  361 Visualizações

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OS OBJETIVOS: A entrevista clínica pode ser estruturada de diferentes formas, de acordo com a abordagem, os objetivos do profissional e seus referenciais teóricos. As entrevistas de triagem com enfoque psicodinâmico, objetivam elaborar uma história clínica, definir hipóteses de diagnóstico descritivo, psicodinâmico, de prognóstico e de indicação terapêutica.

HISTÓRIA CLÍNICA: A história do paciente compreende a sua história de vida pessoal e a história de sua doença atual. A história de vida do paciente oferece os dados necessários para que o entrevistador possa chegar às hipóteses de diagnóstico descritivo e psicodinâmico. O entrevistador coloca a sua disposição de escutar para o paciente acompanhando a ordem em que os acontecimentos são relatados, e assim obterá pistas para as conexões inconscientes do entrevistado. O entrevistador fará anotação de tudo que foi verbalizado e não verbalizado, incluindo os sentimentos que permearam o encontro. A história atual contempla o esclarecimento dos sintomas do entrevistado e as circunstancias em que surgiram evidenciando a presença de estressores que desencadearam ou agravaram o quadro. É importante averiguar como essa situação influência toda a vida do paciente. A história pregressa irá contemplar esses dados na medida em que oportuniza uma visão do desenvolvimento evolutivo da pessoa. Nesta fase de coleta de dados, é importante observar se o paciente têm relações com histórias de seu passado fazendo conexão com histórias atuais, desta forma o entrevistador pode escolher uma forma de anamnese que ajude o paciente a se orientar de forma flexível, respeitando as possibilidades do paciente e os limites dos objetivos das entrevistas de triagem.

HIPÓTESES DE DIAGNÓSTICO DESCRITIVO: O diagnóstico descritivo (baseado nos critérios de DSM – IV TR), constitui-se em uma informação essencial para orientar, num primeiro momento o raciocínio, clínico do entrevistador quanto a escolha de tratamento adequado. A psicoterapia indicado de forma errônea é ineficaz, podendo até mesmo agravar o quadro do paciente. Em algumas situações a psicoterapia é a opção adequada, enquanto para outras é a psicofarmacoterapia ou a terapia psicossocial, ou outras formas de tratamento.

HISPÓTESES PSICODINÂMICA: A hipótese psicodinâmica refere-se ao diagnóstico que visa entender o quanto e como o paciente está doente, como adoeceu e como sua doença o serve. A hipótese inicial é um esboço reconstrutivo da história dinâmica do paciente, uma tentativa de compreensão global de sua psicopatologia que tende a incluir todas as perturbações e potenciais conhecidos. A hipótese dinâmica visa explicar os sintomas e os problemas referidos pelo paciente a luz da teoria.

PROGNÓSTICO: Os diagnósticos devem ser elaborados de maneira a se referirem aos aspectos fenomênicos atuais da enfermidade, incluindo sua etiologia e antecipando a previsão de sua evolução. Após a triagem é possível efetuar uma avaliação prognóstica relativa ao quadro atual que motivou a busca de atendimento.

INDICAÇÃO TERAPÊUTICA: A triagem como um primeiro filtro, tem a função de buscar as informações básicas sobre o paciente com o objetivo de formular recomendações diagnóstica e terapêutica. O profissional dará sua opinião para qual abordagem terapêutica considera melhor para o paciente. Em alguns casos devem ser considerados as causas físicas, fazendo com que seja necessário acompanhamento psiquiátrico e até mesmo a medicação. Para uma indicação terapêutica o profissional deverá levar em conta a condição social financeira, disponibilidade de horário, acesso físico, apoio familiar do paciente. Para garantir que não está recomendando algo impossível de ser realizado. O entrevistador tem como objetivo examinar o grau de motivação e de insight, o nível de funcionamento, os recursos de ego e o padrão sócio familiar. Deve conhecer bem a situação do cliente para fazer o encaminhamento.

GRAU DE MOTIVAÇÃO E INSIGHT: Refere-se a disposição da pessoa em reconhecer as dificuldades psíquicas que prejudicam seu desenvolvimento e suas relações, mostrando clara deformidade diante delas. O paciente fará uma conexão entre situações vividas no passado e os afetos a elas associados e suas consequências na vida real, a honestidade consigo mesmo, para encontrar a verdade sobre sua própria pessoa, a capacidade de reviver situações dolorosas e comunica-las e sua capacidade de auto-observação demonstrarão seu grau de insight e de motivação. Os aspectos mais maduros e saudáveis da personalidade do sujeito buscarão aliar-se ao entrevistador para se contratar com a doença. Em contrapartida, as resistências se opõem a esta aliança reforçando a doença.

NÍVEL DE FUNCIONAMENTO: O nível de funcionamento refere-se ao grau de contato que o entrevistado mantém com a realidade em geral. O exame de realidade pode ser observado pela capacidade do entrevistado em distinguir os sentimentos como provenientes de seu mundo interno ou como proveniente de fora (alucinações, ilusões), pela preservação da consciência reflexiva e do juízo critico, presença de pensamentos e afeto apropriados ou não, bem como pela sua capacidade de empatizar com o entrevistador. O funcionamento psíquico classifica em 3 níveis: neurótico, borderline e psicótico. Neurótico: imagem de si mesmo integrada, adequada diferenciação de si e do outro, mecanismos de defesas maduras, teste da realidade preservado e sintomas egodistômicos. Borderline: não há constância objetal encontra-se difusão de identidade, as imagens do self e dos outros estão dissociados e não integrados, há falta de capacidade empática, há ausência de controle dos impulsos, baixa tolerância as frustrações, personalidade instável e superego rígido. Psicótico: self e objetivos são fundidos, predominam a projeção e a identificação projetiva como mecanismo de defesa, o exame da realidade está gravemente comprometido e os sintomas são egosintônicos.

RECURSOS DO EGO: Necessidade de o entrevistador obter uma visão das condições egóicas do paciente. Para tal busca avaliar recursos do ego (aspectos maduros e sadios), que ele dispõem para fazer frente a sua realidade interna e externa. No momento da triagem é interessante que se indague: funções básicas do ego; a tolerância a ansiedade e frustação; a eficácia ou não no controle e na expressão dos impulsos e do afeto; relação do ego com o superego; os mecanismos de defesa mais frequentes usados para fazer frente as suas ansiedades e seus impulsos; a regulação e as características da autoimagem; as relações objetais, ou seja, a maneira habitual do entrevistado interagir com as pessoas significativas

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