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Efeitos da Psicoterapia Interpessoal em Pacientes Depressivos

Por:   •  4/3/2018  •  7.089 Palavras (29 Páginas)  •  324 Visualizações

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Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM – 5 (American Psychiatric Association2014, p. 155), o transtorno depressivo maior é “(...) caracterizado por episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração (embora a maioria dos episódios dure um tempo consideravelmente maior) envolvendo alterações nítidas no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, e remissões interepisódicas”.

A depressão é caracterizada pelo “humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo” (DSM – 5, 2014, p. 155). A depressão é caracterizada como um ou mais episódios de depressão maior, que seria um período de no mínimo, duas semanas nas quais o indivíduo manifesta humor deprimido, perda de prazer ou de interesse perante a vida, além quatro ou mais sintomas da série a seguir: perda ou ganho de peso significativo que não esteja relacionada à dieta, hipersonia ou insônia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, dificuldade em concentrar-se, penar ou realizar escolhas, pensamentos relativos à morte, sentimento de inutilidade ou culpa. Também podem ocorrer sintomas que são tipicamente psicóticos (DSM- 5, 2014, p.160- 161).

Para serem cumpridos os critérios para diagnóstico, os sintomas devem causar prejuízo clínico considerável ou prejudicar a funcionalidade do indivíduo, na vida social ou emocional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (DSM- 5, 2014, p. 161).

Para Hofer (1996, citado por Dalgalarrondo, 2000), em termos psicológicos, a depressão tem uma relação importante com as experiências de perda. Sintomas depressivos e transtornos depressivos aparecem frequentemente após episódios de perdas significativas, tais como o luto pelo falecimento de um ente querido, a perda de um emprego, da condição sócio- econômica, de um local de moradia ou até mesmo de algo que só tenha um significado simbólico, pessoal e único para o sujeito.

Escolheu-se na presente pesquisa, por estudar pacientes com quadro depressivo que esteja relacionado a questões relativas ao luto. O luto é uma experiência universal e o indivíduo que passa por essa vivência pode manifestar, como reação à perda:

(...) sintomas cognitivos: descrença, confusão, sensação de presença, preocupação e até mesmo alucinações), emocionais (tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, choque, anseio pela presença do ser perdido, alívio e desamparo] e comportamentais [comportamento “aéreo”, isolamento social, sonhos com a pessoa morta, evitar ou portar objetos que pertenciam a ela, choro e hiperatividade), quanto físicos (queixas de “aperto no peito”, “nó na garganta”, “vazio no estômago”, sensibilidade aumentada a ruídos, “falta de ar”, fraqueza, “boca seca”, “falta de energia” e despersonalização) (Silva & Nardir, 2010, p. 114).

É importante colocar que de acordo com o DSM- 5, há uma dissociação entre o processo de luto e o transtorno depressivo, já, que não necessariamente, aquele é acompanhado de transtorno depressivo. O DSM- 5 coloca que “O luto pode induzir grande sofrimento, mas não costuma provocar um episódio de transtorno depressivo maior “ (DSM- 5, 2014, p. 161).

A psicoterapia é uma relação humana interpessoal, embora com características e finalidades bastante específicas e próprias de seu método de ação.

(...) psicoterapia é um método de tratamento mediante o qual um profissional treinado, valendo-se de meios psicológicos, especialmente a comunicação verbal e a relação terapêutica, realiza, deliberadamente, uma variedade de intervenções, com o intuito de influenciar um cliente ou paciente, auxiliando-o a modificar problemas de natureza emocional, cognitiva e comportamental, já que ele o procurou com essa finalidade. (Cordioli, 2008, p. 21).

Cordioli et al (2008), fala de um processo de interação interpessoal, a relação terapêutica, a qual pressupõe uma colaboração por parte do paciente que passa por algum sofrimento psíquico e que almeja mudanças. Ainda existem discussões acerca de como se dá a eficácia dessas mudanças em processos psicoterápicos, mas Luborski (1976, citado por Cordioli -Giglio, 2008), coloca como fatores essenciais às mudanas no processo psicoterápico, as técnicas utilizadas e a relação paciente-terapeuta. Karasu (1986, citado por Cordioli - Giglio, 2008), já traz como fatores para as mudanças em Psicoterapia, a experiência afetiva que ocorre no setting terapêutico, o aumento das habilidades cognitivas e a regulação do comportamento.

O espaço terapêutico é um local em que o paciente pode expressar suas emoções, resgatar experiências do passado e revivê-las em um novo contexto, dentro de uma experiência singular e sensível, a relação terapêutica; relação em que pode transferir para a figura do analista, os personagens desse passado, atuar novamente repetindo comportamentos, mas, diferença fundamental _ agora com a oportunidade da orientação e manejo terapêutico adequado, que darão o suporte necessário para uma ressignificação dessas vivências, abrindo caminhos para um tratamento eficaz do transtorno psicológico ou situação que provoca sofrimento vivida pelo indivíduo.

Há inúmeras abordagens psicoterápicas em uso no mundo todo e algumas já testadas em modelos científicos empíricos. Uma delas é a abordagem denominada Psicoterapia Interpessoal – TIP. A Psicoterapia Interpessoal é um tipo de terapia breve e focal, ou seja, de curto prazo e de duração limitada, de abordagem ativa e que se concentra no sofrimento que é consequência de eventos que acontecem nos relacionamentos interpessoais. Baseada na teoria interpessoal de Adolph Meyer (1957) e Harry Stack Sullivan (1953) e na teoria do apego de Bowlby (1969) e caracterizada em um manual em 1970 por Gerard Klerman e cols. e atualizada por Weissman e cols. (Barlow e cols., 2008, p. 309). A princípio foi desenvolvida para tratar pacientes com depressão maior, unipolares e não – psicóticos, mas atualmente já é utilizada para outros processos psíquicos, como transtornos distímicos, bipolar, de ansiedade, estresse pós-traumático, alimentares, em grupos específicos, como adolescentes e idosos e em pacientes HIV positivo deprimidos, depressão pré e pós- parto (Mello, 2004).

O terapeuta irá trabalhar com seu cliente o sofrimento interpessoal do momento atual, passando sempre pelo contexto das relações interpessoais, focando nos sintomas que iniciaram o processo depressivo e fazendo uma conexão com os relacionamentos interpessoais atuais,

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