Behaviorismo em Laranja Mecânica

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Entretanto, como no experimento de Pavlov em que o som perde a função de eliciar a resposta reflexa de salivação ao ser apresentado sozinho – sem que fosse pareado com a alimentação -, as cenas de violência deixaram se eliciar as respostas reflexas da náusea quando o pareamento entre elas e a resposta reflexa foi rompido. Isto aconteceu quando Alex passou por diversas ocasiões violentas ao sair da reclusão, como a agressão que sofrera por seus antigos amigos de gangue, que demonstra que coerção gera coerção, e quando fora obrigado a ouvir a sua querida nona sinfonia de Beethoven na casa do escritor que ele deixara paraplégico.

A nona sinfonia adquirira também a função de estímulo condicionado ao ser tocada como música de fundo enquanto o jovem assistia às cenas de violência. Assim, ele atira-se do terraço do quarto em que se encontrava, não suportando os efeitos provocados pela música. Após isso, vai parar num hospital, onde um médico e uma enfermeira tinham relação sexual numa cama ao lado. Em várias situações como essas, Alex é exposto a cenas de violência sem que sejam pareadas com o estímulo incondicionado; por isso, perdem sua função de eliciar as respostas reflexas de náusea.

Pode-se interpretar a obra cinematográfica como uma crítica ao Behaviorismo quando trata o homem como criatura que pode ser condicionada, controlada. O Método Ludovico, coercitivo e desprovido de qualquer análise funcional dos comportamentos violentos, mostrou-se um fracasso total. No final do filme, Alex imagina uma cena de sexo violento – durante todo o filme é claro como, para ele, agressividade e sexo andam juntos -, o que prova que o tratamento tivera prazo de validade.

Bruna de Sousa Carvalho, acadêmico do primeiro período de Psicologia na UESPI.