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AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA: AUTÓPSIA PSICOLÓGICA PARA CASOS DE SUICÍDIO

Por:   •  5/1/2018  •  1.883 Palavras (8 Páginas)  •  347 Visualizações

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e ambientais”.

Werlang (apud CUNHA, 2007) ressalta, que na maioria dos casos, o suicídio não é resultado de um ato repentino, mas sim de um plano previamente elaborado. De modo que a vítima (a pessoa que comete suicídio) na grande maioria das vezes mostra sinais de que algo não está bem, ou comunica – de forma direta ou indireta – alguém próximo sobre a intenção. Durkheim (apud Ribeiro, ? p.13) propôs três aspectos suicidas, sendo eles:

• Egoísta: decorre do enfraquecimento do controle social com o favorecimento do individualismo mórbido que tendesse ao suicídio;

• Altruísta: contraponto ao anterior, seria exemplificado pelos casos de esquimós idosos, que se afastam da tribo para morrer, convictos de que se haviam tornado um "peso morto" para sua comunidade;

• Anômico: decorre de conflitos sociais internos, como a emigração, desorganização social e dificuldades econômicas, que frustrariam as aspirações do indivíduo, levando-o ao suicídio.

Além disso, considera-se ainda, que o suicídio é um fenômeno exclusivamente humano que ocorrente em todas as culturas, variando apenas o valor atribuído a tal fenômeno, de modo que ao longo do tempo, já foi considerado ato de nobreza, mas também de covardia. Para algumas civilizações o suicídio era exigido como ato de nobreza, de respeito aos soberanos, como forma de rendição ou arrependimento, traição ao povo. Houve também, épocas em que o suicídio era proibido e/ou considerado sacrilégio, onde, não apenas a vítima, mas também sua família sofriam as penas do ato (SHNEIDMAN apud RIBEIRO, ?).

Conforme Ribeiro (?), na década de XIX surgem os primeiros estudos sobre o suicídio. Entre estes, Durkheim aborda o suicídio como um fenômeno social, sendo assim não poderia ser limitado ao aspecto individual. Kalina e Kovadloff (apud RIBEIRO, ? p.5), por sua vez, dizem que o suicídio é “uma reação psicótica e resultante de uma indução, e não apenas o resultado de uma livre determinação individual". Para alguns o suicídio era fruto de doenças mentais, outros acreditavam ser decorrente de “forças externas” (determinado socialmente). Entre essas correntes de pensamento, aparece a psicologia, defendendo que “a presença de enfermidades mentais ou forças sociais não é suficiente para explicar por que alguém atentaria contra a própria vida. [...] Os fatores pessoais e as motivações particulares (conscientes ou não) são as condições indutoras do suicídio” (RIBEIRO, ? p.6). Desta forma, torna-se importante chegar a compreensão do comportamento suicida, isso é possível através da avaliação retrospectiva, comumente referida como autópsia psicológica.

2.2 Avaliação retrospectiva - Autópsia psicológica

Ribeiro (? P.10), diz que “a perícia, segundo FÁVERO, deve ser orientada de modo a possibilitar a comprovação de morte voluntária, o meio empregado, fatores "mediatos ou imediatos" e outras questões de interesse para a justiça, por motivos técnico legais”. Estes motivos técnicos legais referem-se a inspeção do local e o exame do corpo, instrumentos ou meios que o suicida utilizou (armas, objetos, veneno, etc.) e os fatores do suicídio (causas).

Conforme Werlang (apud CUNHA, 2007), quando, por algum motivo, após a perícia permanece a dúvida acerca da morte, realiza-se uma investigação mais aprofundada, a autópsia psicológica (avaliação retrospectiva), que ajuda a obter informações mais precisas acerca do ato suicida. “A avaliação retrospectiva possibilita observar pistas diretas ou indiretas relacionadas àquele comportamento letal” (p.197). Desta forma, conforme Werlang (2012, p.1955) “a autopsia psicológica nasce como um procedimento para assessorar médicos forenses para classificar com maior precisão o registro de suicídio”, a qual, o psicólogo tem a função de levantar dados, para diferenciar a morte por suicídio de mortes com outra origem.

A autópsia psicológica foi desenvolvida pelo Centro de Prevenção de Suicídio, nos Estados Unidos. A finalidade era prevenir o comportamento suicida, assim como, esclarecer a causa morte. O psicólogo que realiza a autopsia psicológica busca compreender a intenção de autodestruição. Sendo assim podemos dizer que a autópsia psicológica é “um tipo de estratégia de avaliação restrospectiva, que tem como finalidade reconstruir a biografia da pessoa falecida por meio de entrevistas com terceiros (cônjuge, filhos, pais, amigos, professores, médicos, etc.) e da análise de documentos (pessoais, policiais, acadêmicos, hospitalares, auto da necropsia, etc.)” (WERLANG apud CUNHA, 2007, p.197).

A autópsia psicológica (...) é uma investigação imparcial, que objetiva compreender os aspectos psicológicos de uma morte em particular, esclarecendo o modo da morte, que pode ser natural, acidental, por suicídio ou homicídio, e que reflete a intenção letal ou não do falecido. Obtém-se essa informação analisando ‘o estilo de vida, a história comportamental e os elementos caracterológicos, como: grau de ambivalência, qualidade das funções cognitivas, estado de organização ou obsessão, estado de fúria e/ou agitação, quantidade de dor psíquica’ (...)" (WERLANG apud RIBEIRO, ? p.09).

Werlang (apud CUNHA, 2007), ressalta que, para a realização da autopsia psicológica, deve ser considerado quatro questões importantes (quadros explicativos em anexos), sendo elas: a motivação (por quê?), a letalidade (como?), a intencionalidade (de quê?) e, os preceptores e/ou estressores (o quê?). Entretanto, mesmo com muitos estudos acerca do procedimento, ainda não está estruturado (roteiro, forma de contato, momento de realização da entrevista, etc.) de maneira que facilite e forneça segurança para os profissionais.

A autópsia psicológica tem demostrado ser útil como instrumento de pesquisa e, também, na avaliação clínica, mesmo sendo, ainda, muito pouco divulgada e conhecida. Deste modo, se considera que ela auxilia na investigação e, permite esclarecer a capacidade de discernimento da pessoa anteriormente a morte. Possibilitando, desta forma, contestar legalmente atos do suicida, considerados questionáveis, como testamento, vendas de propriedades, entre outros (WERLANG apud CUNHA, 2007).

3. CONCLUSÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio tem aumentado sua incidência mundial e tem ocupado lugar de destaque entre as causas de morte. Essa projeção global indica que o comportamento

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