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AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA APLICADA NA SAÚDE DO TRABALHADOR ACIDENTADO

Por:   •  14/11/2018  •  3.251 Palavras (14 Páginas)  •  401 Visualizações

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2 Revisão de Literatura

A psicologia do trabalho tem como principal característica a multi e interdisciplinaridade, faz abordagens teórico-metodológicas e técnico-operacionais. Tem como objeto de estudos fenômenos relativos aos processos organizacionais e do trabalho enquanto fazer humano. Para um modo particular da psicologia do trabalho podemos ressaltar sua pluralidade e multiplicidade, de modo que não se pode afirmar a existência de uma coesão conceitual e prática demarcadora de propostas de investigação e ação.

No contexto histórico dos saberes e práticas da psicologia nos séculos XX e XXI, temas como sexualidade, inconsciente, problemas mentais, comportamento e fisiologia humana, foram fatores dos quais nasceram clássicas ciências psicológicas.

Com o surgimento da sociedade industrial, práticas e conhecimentos do trabalho começaram a ser desenvolvidos, advindos de transformações nas bases das estruturas da vida social, desencadeados por processos em exemplo, a revolução industrial inglesa que por consequência trouxe o nascimento de fábricas e avanço nas técnicas. Entretanto essas modificações tanto nos modos de trabalho como também de organização da vida, trouxe diversos problemas socias como a degradação dos modos de vida e condições de trabalho.

Neste sentido o desenvolvimento de técnicas e a modificações nas relações sociais trouxeram processos acelerados de industrialização e urbanização, em exemplo nos Estados Unidos da América (EUA) e Europa em que práticas de psicologia começaram a surgir em relação a aspectos político-econômicos do abalado século XX, caracterizado pelas guerras mundiais, surgimento de movimentos populares e sócias entre outros.

O objetivo inicial era a contribuição para amenizar conturbações do ser humano no âmbito das fábricas, no sentido de buscar uma resolução dos problemas individuais e coletivos com relação a determinados locais como indústrias, escolas, exércitos entre outros ambientes laborais.

A psicologia, inicialmente, tomou forma não como uma disciplina ou uma área profissional, mas como uma cadeia de pretensões de conhecimento sobre pessoas, individual e coletivamente, que permitiria que elas fossem melhor administradas (ROSE, 2008, p. 156).

Tanto no século XIX como XX, investigações e experimentos foram realizados nas industrias, em exemplo inciativas de Hugo Münsterberg que publica a obra psychology and industrial efficiency em 1913, com intuito de unir a psicologia experimental e os problemas econômicos enfrentados, tendo como resultado o melhor homem possível, o melhor trabalho possível e o melhor resultado possível (LEÃO 2012).

Essa psicologia buscava de forma básica recriar em laboratório as situações cotidianas a fim de decifrar variáveis e predizer comportamentos. Sendo uma psicologia aplicada almejava-se unir a psicologia experimental e diferencial nas atividades econômicas. Caracterizando-se pela busca da qualidade mental através de testes de seleção, organização e exames de habilidades pessoais em função da tarefa exercida. Visava-se a partir dessas práticas contribuir para do desenvolvimento qualitativo da indústria, publicidade, comércio e os negócios. Tanto as práticas como os testes realizados nessa recente psicologia, foram utilizados também no exército para selecionar pessoas no ingresso às forças armadas, no sentido de fortalecer a corporação para suas atividades.

No período histórico retratado, o modelo estrutural vigente nas indústrias era o taylorismo, que buscava controlar as tarefas retirando do trabalhador quaisquer decisões sobre o seu fazer, passando para o controle da administração. Com isso buscava a eficiência na produção, na medida que implantava a dissociação do processo de trabalho nas especiações de cada trabalhador, bem como a separação de concepção e execução, retirando qualquer trabalho mental dos trabalhadores, onde o mesmo era tratado no departamento de planejamento, a fim de eliminar condições inúteis e intensificar o trabalho realizado (BRAVERMAN, 1987).

Contribuindo para o desenvolvimento dos trabalhos de Taylor, Lilian Gilbert foi uma das pioneiras da psicologia do trabalho, que apontou por meio de seus estudos as maneiras eficientes de executar determinadas tarefas, essa racionalização reduzia a atividade com gestos controlados, amenizando a fadiga e aumentando o rendimento. Neste sentido buscou-se a seleção, treinamento e a orientação dos trabalhadores pois tinha a intenção de encontrar o melhor jeito de trabalho e os melhores trabalhadores para a execução.

No Brasil, essa psicologia relacionada ao trabalho emerge especialmente em função dos avanços técnico‐industriais do início do século XX (CARVALHO, 1999). Em um país onde a economia agroexportadora foi ocupada pela industrialização precisou-se desenvolver trabalhadores ativos para as indústrias, diante desse processo econômico de mudança. A partir da década de 20, a psicologia no Brasil surge como ciência e profissão seguindo as características mundiais vigentes desta época, essa psicologia contribuiu para a adaptação de trabalhadores aos processos de produção com o objetivo de obter o máximo de rendimento. Tendia a abordar o ser humano como uma máquina deveria atingir o melhor funcionamento possível, e, por meio dos testes psicológicos, buscava identificar indivíduos aptos para as fábricas fazendo uma triagem dos potencialmente nocivos (CARVALHO, 1999).

Em tese as primeiras vertentes da psicologia relacionada ao trabalho no Brasil seguiu paralelamente aos avanços do comércio e da indústria, tratando-se em disciplinar trabalhadores diante do contexto político-econômico em que o desenvolvimento brasileiro buscava contornos específicos para o momento em emergência.

Embora a psicologia tradicional esteja entrelaçada com aspectos psíquicos, o entendimento do mundo interno de qualquer ser humano, ou seja sua subjetividade, só pode ser entendida a partir da relação da vida concreta e material, o que gera sua grande importância na psicologia do trabalho que para tal, os indivíduos envolvidos são ativos e convivem em um ambiente onde suas experiências são advindas da vida material. Neste sentido infere-se um indivíduo concreto tendo uma dupla relação com a natureza, pois poderá transformá-la como também autotransforma-se, como ser humano que trabalha por meio de relações sociais e culturais. Entretanto, este ambiente se torna vulnerável para o trabalhador na medida que a relação de trabalhador e trabalho poderá desconhecida ou desconsiderada, obedecendo somente a um rol de procedimentos

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