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A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Por:   •  14/4/2018  •  3.028 Palavras (13 Páginas)  •  309 Visualizações

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2. Ampliação do foco da intervenção do fisioterapeuta para além da reabilitação

A formação e a prática da Fisioterapia, hoje, estão direcionadas, prioritariamente, para a clínica de reabilitação e para os centros de terapias hospitalares. Há a tendência no ensino superior de Fisioterapia em valorizar o individual, a terapêutica, a especialidade e a utilização de métodos e técnicas sofisticadas (Rezende, 2007). Talvez aqui resida o determinismo do caráter predominantemente clínico e limitado aos locais de atendimento em níveis secundário e terciário de atenção à saúde na prática do Fisioterapeuta. A forma de perceber, explicar e enfrentar os problemas de saúde ao longo da história do nosso país acarretou o predomínio do pensamento clínico sobre o processo saúde-doença e, consequentemente, os esforços dos profissionais ou áreas de estudo preocupadas com as condições de saúde do homem concentraram-se, por um extenso período, na descoberta de novos métodos de “tratamento” das doenças, revelando a preponderância de uma assistência “curativa”, recuperativa e reabilitadora. A forma como a Fisioterapia vem se inserindo na rede pública de saúde sofre influência do seu surgimento, pois teve sua gênese e evolução caracterizadas pela atuação na reabilitação. Surgindo, inicialmente, como uma especialidade da medicina tornou-se, posteriormente, uma profissão autônoma, mas seguindo a lógica da especialidade, foi enquadrada, em termos de hierarquia na organização do sistema de saúde, em serviços de atenção secundária e terciária. Essa lógica de distribuição, durante muito tempo, excluiu da rede básica os serviços de fisioterapia, o que tem acarretado uma grande dificuldade de acesso da população a esses serviços (Ribeiro, 2002). Segundo Aguiar (2005), essa delimitação reducionista e limitada não tem permitido a participação deste profissional nos programas de atenção básica à população, através da promoção da saúde, bem como seu relacionamento com a comunidade.

O novo fisioterapeuta pode desenvolver ações de educação em saúde, prevenção e assistência fisioterapêutica coletiva, através da participação na elaboração e implementação de políticas públicas (ações básicas de atenção à saúde), realizando pesquisas (construindo protocolos) e atuando em diferentes instâncias de controle social, além de integrar a equipe de vigilância sanitária. A fisioterapia vive, atualmente, um processo de alargamento da sua atuação que vem sendo construído coletivamente no seio da categoria. Por se tratar de uma profissão nova, relativamente a outras profissões da área da saúde, era comum ouvirem-se relatos que sua atuação era restrita, mas na medida em que estes profissionais se inseriram na prática de educação popular, experimentando a interação com outros profissionais, inclusive com os moradores das comunidades, vivenciando a realidade da época, pode se despontar a criação de novos caminhos e novas oportunidades para que a Fisioterapia se fortalecesse, criando raízes e mostrando verdadeiramente sua importância na qualidade de vida da população mundial (ARAÚJO NETO; RIBEIRO, 2004). A inserção do fisioterapeuta nos serviços de atenção primária à saúde é um processo em construção. A partir da análise da mudança do perfil epidemiológico da população, evidenciado no aumento da expectativa de vida, assim como no aumento de doenças infecciosas e das áreas crônico-degenerativas e traumáticas, constata-se que a participação deste profissional é indispensável nos dias atuais. O reconhecimento por parte dos demais membros da Equipe de Saúde da Família reforça essa tese.

3. Caminhos percorridos para a uma nova concepção de saúde e suas repercussões no trabalho do fisioterapeuta

A promoção de saúde nasce de um intercruzamento de experiências e conceitos que, em algum momento, convergem e dão forma e conteúdo a uma estratégia de Estado. A OMS em 1976 propôs o conceito de saúde como “O completo bem-estar biológico, psíquico e social”, não se tornando referencial concreto para a construção de políticas públicas. Porém, é o conceito de saúde previsto na Constituição de 1988 que possui maior interesse para os brasileiros: a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e o aceso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988). As Diretrizes Curriculares Nacionais, preconizadas para a educação no século XXI, orientam para a construção do perfil acadêmico e profissional com competências, habilidades e conteúdo, dentro de perspectivas e abordagens contemporâneas, possibilitando a participação e atuação com qualidade, eficiência e resolutividade no Sistema Único de Saúde, tais como: Atenção à Saúde: Cada profissional deve estar apto para realizar ações de prevenção, promoção e educação em saúde, dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, buscando sempre a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual quanto coletivo (VIANA, 2005).; Desafio de trabalhar em grupo: O trabalho em equipe na saúde da família requer a compreensão das várias disciplinas para lidar com a complexidade que é a atenção primária. É importante assinalar que os profissionais de saúde, dentro de seus saberes e responsabilidades específicos, devem atuar como modalidade de trabalho coletivo, construindo uma equipe agrupamento e equipe integração, visando à humanização. Esta construção requer um compromisso ético e respeito com o outro, com cada um e com todos da equipe e acima de tudo com a clientela (MISHIMA; ALMEIDA, 2001).; Acolhimento: Trata-se de um instrumento de trabalho, pois deve ser apropriado por todos os trabalhadores de saúde, e este incorpora as relações humanas. “Acolher”, não significa a resolução completa dos problemas do usuário, mas a atenção dispensada na relação, envolvendo a escuta, a valorização de suas queixas. A transformação de necessidades qualifica a relação trabalhador-usuário, potencializando a integridade do serviço, visto que por parâmetros humanitários, de cidadania e solidariedade, valoriza-se mais “o ser”, tornando-o objeto participativo das ações de saúde, minimizando a ocorrências de doenças (SAVASSI et al, 2006).; Liderança: A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia e habilidades para tomada de decisões, logo, os profissionais de saúde tomados por estes estímulos devem desempenhar suas atividades sempre tendo em vista a qualidade de vida da

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