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A ESQUIZOFRENIA E PSICOSES: SINTOMAS

Por:   •  13/7/2018  •  1.950 Palavras (8 Páginas)  •  405 Visualizações

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Figura 2 – Grau de parentesco X Risco de desenvolver a doença

Fonte: http://www.schizophrenia.com/sz.images/gengraph.gif

3.2. Ambiental

As pesquisas sobre fatores de risco do ambiente são muito difíceis de serem realizadas, pela alta complexidade metodológica. Algumas já conseguiram identificar fatores de risco mais associados aos transtornos, mas provavelmente existem muitos outros ainda desconhecidos.

Em linhas gerais, o ambiente pode influenciar o adoecimento nas etapas mais precoces do desenvolvimento cerebral, da gestação à primeira infância. É nesse período que o cérebro é mais sensível, por estar crescendo com rapidez e depender do ambiente para o aperfeiçoamento de suas funções. Esta etapa também é aquela em que os genes de regulação do desenvolvimento estão mais ativos e que, na presença de variáveis genéticas podem interferir em processos naturais do desenvolvimento.

Um fator que vem sendo relacionado a um risco maior de esquizofrenia e autismo é a idade avançada do pai no momento da concepção. A explicação para isso seria um aumento na frequência de mutações que ocorrem no momento da divisão celular para produção de espermatozoides. No momento de cópia do DNA, uma sequência do código genético pode ser duplicada ou subtraída por um erro conhecido como CNV (copy number variations) e este novo DNA é transmitido ao filho no momento da fecundação. Esse tipo de mutação é conhecido como mutações “de novo”, pois não são herdadas do DNA dos pais. A frequência de CNV parece aumentar com a idade do pai, o que não ocorre com a mãe. Nem todas as mutações “de novo” são maléficas, algumas estão relacionadas à evolução e à diversidade, porém alguns genes que sofrem este tipo de mutação têm sido relacionados a um risco maior de esquizofrenia e as psicoses. Este é mais um exemplo de como o ambiente pode interferir com a genética para predispor a doenças.

Os genes que predispõem à esquizofrenia têm isoladamente efeito pequeno, por isso acredita-se que os fatores do ambiente sirvam como ativadores ou amplificadores desse efeito. Um exemplo são as drogas. Algumas pessoas que possuem determinado alelo de um gene relacionados à doença têm até 5 vezes mais risco de desenvolver psicose se usarem drogas aos 15 anos. O risco é menor se a exposição ocorrer somente após os 18 anos de idade. O ambiente, nesses casos, pode fazer a diferença entre a pessoa ficar ou não doente a depender do uso dessas substâncias. Este é apenas um dos genes relacionados que pode influenciar uma parcela de casos, já que muitos outros não têm relação com o uso de drogas.

Outros exemplos de fatores ambientais são: desnutrição materna, depressão e sangramentos durante a gravidez, diabetes, incompatibilidade rH, pré- eclampsia, crescimento ou desenvolvimento fetal anormal (baixo peso ao nascer, prematuridade, malformações congênitas, redução do perímetro encefálico), complicações do parto (atonia uterina, asfixia/hipóxia neonatal, parto cesáreo emergencial), interação mãe-criança atípica ou maternagem deficiente, perda precoce de um dos pais, infecções do sistema nervoso central (meningite, encefalite, sarampo) e experiências psicológicas negativas como traumas, abuso físico e/ou sexual.

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Figura 3 – Exemplos de variação no DNA por erro de CNV

Fonte: http://circ.ahajournals.org/content/115/24/3130/F3.large.jpg

3.3. Teoria causal

O modelo mais aceito hoje reúne fatores genéticos e ambientais (modelo de estresse-diátese). Ele é teórico e, embora reúna muitas evidências científicas, ainda não é a conclusão definitiva sobre a origem da doença.

De acordo com ele, uma pessoa somente desenvolve esquizofrenia se houver, de um lado, uma herança genética e, de outro, fatores ambientais de risco, capazes de torná-la biologicamente vulnerável ao transtorno.

Indivíduos com maior carga genética (maior número de genes para a esquizofrenia), por exemplo, podem adoecer com insultos ambientais mais brandos ou em menor número do que aqueles com menor carga genética, que precisariam de um componente ambiental mais forte.

Os fatores ambientais de risco interferem em processos do desenvolvimento e maturação cerebral, ativando genes de susceptibilidade para a esquizofrenia e causando alterações cerebrais sutis, como a desconexão entre neurônios. Esta é a base para que disfunções cognitivas e sintomas positivos e negativos se desenvolvam.

Seria como se o cérebro possuísse vários curtos-circuitos e diferentes áreas tivessem maior dificuldade para trocar informações entre si, gerando erros no processamento e limitações cognitivas e emocionais. Isso explica, em parte, a vulnerabilidade dos pacientes ao estresse e sua dificuldade para lidar com situações que geram maior sobrecarga.

3.4. Hipótese dopaminérgica

A dopamina é sintetizada por neurônios cujos corpos localizam-se no tronco cerebral e se projetam por diferentes vias. A via mesolímbico-cortical origina-se da área tegmental ventral e se projeta para um núcleo do estriado ventral chamado acúmbens. Ela também envia projeções para o lobo pré-frontal do córtex cerebral (via mesocortical), sendo parte do chamado “feixe prosencefálico medial”.

Segundo a teoria dopaminérgica da esquizofrenia, os sintomas positivos seriam decorrentes de uma atividade excessiva de dopamina em receptores D2 no

núcleo acúmbens, enquanto os sintomas negativos seriam decorrentes de uma redução na ativação de receptores dopaminérgicos no córtex pré-frontal. De acordo com essa teoria, um antipsicótico ideal deveria reduzir a atividade dopaminérgica no núcleo acúmbens, atenuando os sintomas positivos (delírios e alucinações), mas intensificá-la no córtex pré-frontal, atenuando sintomas negativos (embotamento afetivo, déficits cognitivos, etc).

A relação entre o que se sabe hoje sobre as funções das diversas regiões cerebrais e os sintomas é bastante clara, conferindo importância a esta abordagem no campo da pesquisa. A figura abaixo ilustra essas regiões, identificando-as através de cores e numeração, os respectivos efeitos no comportamento e seu impacto na composição do transtorno estão relacionadas na sequencia.

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