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INCIDÊNCIA DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NOS MUNICÍPIOS DE INFLUÊNCIA DIRETA DA UHE CANA BRAVA

Por:   •  2/5/2018  •  4.741 Palavras (19 Páginas)  •  261 Visualizações

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regiões temperadas e tropicais, em especial pela sua dependência do calor externo para efetuar sua termorregulação por mecanismos comportamentais. Como os demais répteis, são animais ectotérmicos, à diferença de aves e mamíferos (endotérmicos). As grandes famílias de serpentes ocuparam praticamente todos os ambientes disponíveis, desde os terrestres, subterrâneos e arbóreos até as águas continentais e oceânicas, diversificando-se notavelmente para se adaptar a exigências tão díspares. Apesar de terem sofrido uma radiação adaptativa surpreendente, conservaram um padrão morfológico bastante homogêneo, mesmo que as menores espécies (Leptotyphlopidae) possam ter apenas 10cm de comprimento, e as maiores (Boidae) cheguem, eventualmente a atingir um tamanho próximo aos 10m (MELGAREJO,2003).

As serpentes estão incluídas na classe Reptilia por possuírem um coração de três cavidades, respiração pulmonar e temperatura corporal variável (ectotérmicos), e na ordem Squamata (juntamente com lagartos e anfisbenídeos), porque possuem o corpo totalmente recoberto com escamas epidérmicas. Estão atualmente divididas nas infraordens Scolecophidia e Alethinophidia, com 20 famílias, 361 gêneros e mais de 2.900 espécies. Das 20 famílias, 9 ocorrem no Brasil, sendo 2 representadas por serpentes venenosas (=peçonhentas) (Elapidae e Viperidae) e 1 de interesse médico (Colubridae), por possuir certa casuística nas acidentes com humanos (SILVA JR., 1997, 2007; FRANCO, 2003).

A infraordem Scolecophidia (do grego scolex = verme; ophis = serpentes) é composta por serpentes uniformemente cilíndricas e delgadas, com cabeças e caudas curtas e espinho apical na cauda. São formas fossoriais, alimentando-se de térmitas, minhocas e larvas de insetos. A infraordem Alethinophidia (do grego alethinos = real; ophis = serpentes) compreende um grupo muito mais diverso e complexo, incluindo todas as outras famílias de serpentes, que são separadas em grupos hierárquicos superiores baseado em características morfológicas (osteologia e anatomia). Somente as superfamílias Colubroidea, Viperoidea e Elapoidea possuem espécies verdadeiramente peçonhentas ou de interesse médico (SILVA JR., 1997, 2007).

2.3.2. Caracterização dos gêneros de serpentes peçonhentas no brasil

a) Fosseta loreal presente:

A fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é um orifício situado entre o olho e a narina, daí a denominação popular de “serpente de quatro ventas” (fig. 1). Indica com segurança que a serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis.

Todas as serpentes destes gêneros são providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção anterior do maxilar (fig. 2), (FUNASA, 2001).

A identificação entre os gêneros referidos também pode ser feita pelo tipo de cauda (fig.3).

b) Fosseta loreal ausente:

As serpentes do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal (fig. 4) e possuem dentes inoculadores pouco desenvolvidos e fixos na região anterior da boca (fig. 5) (FUNASA, 2001).

2.3.2.1. Família Viperidae

a) Gênero Bothrops (incluindo Bothriopsis e Porthidium)

Compreende cerca de 30 espécies, distribuídas por todo o território nacional (fig. 6 e 7). São conhecidas popularmente por: jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-cruzeira, jararaca-do-rabo-branco, malhade-sapo, patrona, surucucurana, combóia, caiçara, e outras denominações. Estas serpentes habitam principalmente zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha) (FUNASA, 2001)

Têm hábitos predominantemente noturnos ou crepusculares. Podem apresentar comportamento agressivo quando se sentem ameaçadas, desferindo botes sem produzir ruídos (FUNASA, 2001).

Fig.6. a) Bothrops neuwiedi. (Foto: G. Puorto) b) Distribuição da espécie no Brasil.

Fig.7. a) Bothrops moojeni. (Foto: A. Melgarejo) b) Distribuição da espécie no Brasil. (FUNASA, 2001).

b) Gênero Crotalus

Agrupa várias subespécies, pertencentes à espécie Crotalus durissus (fig. 8). Popularmente são conhecidas por cascavel, cascavel-quatro-ventas, boicininga, maracambóia, maracá e outras denominações populares. São encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e raramente na faixa litorânea. Não ocorrem em florestas e no Pantanal. Não têm por hábito atacar e, quando excitadas, denunciam sua presença pelo ruído característico do guizo ou chocalho (FUNASA, 2001).

Fig. 8. a) Crotalus durissus. (Foto G. Puorto) b) Distribuição da espécie no Brasil.

c) Gênero Lachesis

Compreende a espécie Lachesis muta com duas subespécies (fig. 9). São popularmente conhecidas por: surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga, malha-de-fogo. É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5m. Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e algumas enclaves de matas úmidas do Nordeste (FUNASA, 2001).

Fig. 9. a) Lachesis muta (Foto: A. Melgarejo) b) Distribuição da espécie no Brasil.

2.3.2.2 Família elapidae

a) Gênero Micrurus

O gênero Micrurus compreende 18 espécies, distribuídas por todo o território nacional (figs.10 e 11). São animais de pequeno e médio porte com tamanho em torno de 1,0 m, conhecidos popularmente por coral, coral verdadeira ou boicorá. Apresentam anéis vermelhos, pretos e brancos em qualquer tipo de combinação. Na Região Amazônica e áreas limítrofes, são encontradas corais de cor marrom-escura (quase negra), com manchas avermelhadas na região ventral (FUNASA, 2001).

Em todo o país, existem serpentes não peçonhentas com o mesmo padrão de coloração das corais verdadeiras, porém desprovidas de dentes inoculadores. Diferem ainda na configuração dos anéis que, em alguns casos, não envolvem toda a circunferência do corpo.

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