Uso de medicamento na gravidez
Por: Rodrigo.Claudino • 31/12/2017 • 4.516 Palavras (19 Páginas) • 474 Visualizações
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(INTRODUÇÃO REV. UNISA)
A gestação é um período extremamente delicado na vida da mulher, afinal, dependendo de cada caso, alguns fatores podem interferir negativamente na saúde do bebê em formação. A situação, no entanto, se torna alarmante quando, ainda na gravidez, as mulheres fazem uso de drogas, sejam elas, lícitas ou ilícitas. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da população diagnosticada como dependente química, são mulheres em idade reprodutiva. Isso mostra o quanto o problema é preocupante, até mesmo, para as mulheres que desejam, um dia, serem mães.
Seja qual for o tipo de drogas, elas devem ser evitadas durante o período gestacional, afinal, os efeitos causados ao bebê podem ser irreversíveis. Segundo a ginecologista especialista em Reprodução Humana da Criogênesis, Dra. Mariana Garcia Martins, no caso do álcool, podem ocorrer alterações fetais, especialmente na face e no desenvolvimento neurológico da criança. Quanto ao cigarro, um dos problemas mais sérios refere-se à diminuição do volume dos vasos sanguíneos, causado pela nicotina, o que afeta diretamente o cordão umbilical, por onde passa toda a alimentação do bebê. Além disso, a mulher grávida fumante tem 70% mais chances de ter um aborto espontâneo, de dar à luz antes da hora, do bebê nascer com baixo peso e altura, com riscos de má formação e complicações cardíacas, ou até mesmo de ocorrerem mortes fetais e de recém-nascidos , alerta.
Além das drogas lícitas, cabe destacar que o uso de substâncias ilícitas, como a maconha e a cocaína, também provocam dificuldades de desenvolvimento fetal. A maconha pode causar efeitos congênitos, baixo peso no nascimento, sintomas parecidos com a abstinência no nascimento e maior risco de transtornos de atenção e de problemas de aprendizagem no futuro. A cocaína causa no bebê os mesmos efeitos tóxicos provocados na mãe, além da possibilidade de problemas cardíacos e falta de oxigenação , esclarece a médica.
(ABEAD – Associação brasileira de estudos do álcool e outras drogas, apud – criogênesis)
2 ABORDAGEM DE MEDICAMENTOS DURANTE A GRAVIDEZ, TALIDOMIDA.
Talidomida: um marco no uso de fármaco na gestação. No anos 60 a tragédia da talidomida marcou uma época. Tratava-se de um sedativo popular na Europa e Japão, onde era prescrito para mulheres grávidas, como antiemético no alívio de enjôos matinais. Sintetizada na Alemanha Ocidental em 1953, foi usado para o tratamento de alergias, posteriormente foi lançada no mercado em 1956 como antigripal e em outubro de 1957 como sedativo(7,10-11).
Utilizada por milhões de pessoas em 46 países, 10 Rev Enferm UNISA 2006; 7: 9-14. convertendo-se num dos fármacos mais populares da década de 50. No início dos anos 60, os pesquisadores provaram ser ela, a responsável direta pelo nascimento de bebês com malformações congênitas. Estima-se que, cerca de 10 mil bebês, a maioria deles, alemães, apresentou malformações ou virtualmente inexistência de braços e pernas, em conseqüência da ingestão da Talidomida, por suas mães, nos três primeiros meses de gestação. O fármaco interrompia o crescimento das extremidades nos embriões humanos e aumentava a ocorrência de natimortos. A Síndrome da Talidomida representando os casos de crianças que sofreram os efeitos do fármaco no início da gestação, com malformações extremamente graves, não só dos membros, mas principalmente de órgãos internos, entre estas, má formação cardíaca(7,10-11).
A partir de 1962, com o reconhecimento da Talidomida como o medicamento responsável pela síndrome, o Governo Federal, através do Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia (SNFMF), cassou a licença dos produtos contendo Talidomida. O fármaco foi retirado do mercado, transformando-se em um pesadelo, então chamado de “a droga maldita”. Os efeitos desastrosos da Talidomida despertaram a sociedade para os riscos dos medicamentos e a partir daí, métodos de pesquisa e políticas de aprovação de novos fármacos foram revistos com mais cuidado e critério Este é um exemplo perfeito de um fármaco pouco testado antes de sua aprovação(7,10-11).
Além da talidomida, pode-se citar o uso do medicamento misoprostol, indicado para úlcera gástrica e comercializado como Cytotec, que age aumentando o tônus uterino e induzindo ao aborto. Outro ação deste e que possui grande efeito teratogênico. Sua fabricação e comercialização foi proibida no final de 2005 e tal fato trouxe nos dias atuais grande repercussão(5-7,9-10).
A Food and Drug Administration (FDA), órgão que controla os medicamentos nos Estados Unidos (EUA), utiliza uma classificação em categoria de risco potencial para o feto ou o lactente. Em 1990, um estudo de Friedman et al, demonstrou que o uso inadvertido de drogas na gestação induz a malformações congênitas. Esses autores apontaram discrepâncias em relação à classificação da FDA, sendo alteradas as classificações no mesmo ano(7,10-11).
Considerando este contexto, os efeitos da medicação na saúde materna e em seu concepto este estudo tem como objetivo verificar o uso de medicamentos na gestação por prescrição médica, automedicação e autoprescrição, seus efeitos e riscos correlacionando-as com as intervenções de enfermagem.
(REV. UNISA)
2.1 ABORDAGEM DE DROGAS LICITAS E ILICITAS DURANTE A GRAVIDEZ
Existem inúmeros problemas decorrentes do uso de drogas lícitas ou ilícitas durante a gravidez. Mães que, ou por não saberem das consequências ou por falta de cuidado, abusam do uso dessas substâncias que podem causar ao feto desde um decréscimo de peso, malformações e até levar a morte ou aborto espontâneo.
O Centro de controle de doenças e prevenção e Organização Mundial de saúde mostrou, através de uma pesquisa, que 90% das mulheres grávidas fazem uso de medicamentos controlados ou de venda livre, drogas sociais, ou lícitas, como cigarro e álcool e/ou drogas ilícitas.
Nessa pesquisa também foi relatado que essas substâncias podem ser responsáveis por de 2 a 3% de todos os defeitos congênitos. A maioria dos outros defeitos congênitos tem causa hereditária, ambiental ou desconhecida. As drogas passam da mãe para o feto basicamente através da placenta, a mesma via percorrida pelos nutrientes para o crescimento e desenvolvimento do feto.
Na placenta, as drogas e os nutrientes presentes no sangue da mãe atravessam uma membrana fina,
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