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Homofobia na Saúde

Por:   •  17/4/2018  •  3.738 Palavras (15 Páginas)  •  244 Visualizações

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Se de um lado, os discursos do campo político procuram trazer para o campo dos direitos a homossexualidade em específico e a homossexualidade em geral, de outro, a produção científica aponta certa invisibilidade dessa temática no interior das práticas de saúde. Por conta da invisibilidade a que esse grupo é levada, podendo ela ocorrer desde a adolescência, nas escolas os autores dos artigos apontam para as seguintes implicações: alto grau de estresse; desconforto por causa do não acolhimento das especificidades de suas demandas de saúde e baixa efetividade em tratamentos. Observou-se também o receio de maus-tratos quando relatada a orientação sexual. Dessa forma, as consultas ginecológicas podiam negligenciar ou ignorar doenças ou informações relevantes para a vida sexual saudável da mulher lésbica ou bissexual.

As discussões acerca da invisibilidade da homossexualidade feminina na área da saúde implícita ou explicitamente apontam modelos que estruturam a atuação dos profissionais de saúde ao lidarem com este grupo. Os textos focalizam direta ou indiretamente a crítica a tais modelos.

A crítica aos modelos que explicam a invisibilidade da homossexualidade na área da saúde, de certa forma, reflete uma perspectiva do movimento social vinculada à defesa dos direitos da população GLBT em geral. Nesse sentido, tanto no conjunto dos artigos estudados, quanto nos documentos legais consultados, nota-se a influência de forças do campo do movimento social para que haja mudanças de certos hábitos que fazem com que se exclua do foco da atenção integral à saúde desta população.

A explicitação dos modelos que estruturam essa exclusão intenciona tornar visível o que foi excluído. Bourdieu (1999), ao tratar do movimento de gays e lésbicas, considera que essa subversão visa à destruição e à construção simbólicas, no sentido de se imporem novas categorias de percepção e de avaliação para construir um grupo ou destruir a divisão entre grupo estigmatizante e grupo estigmatizado.

Um dos modelos que podem explicar a exclusão aqui abordada é o da heteronormatividade. ( MARQUES, GABRIEL p35 ). Esse modelo que estrutura habito que veem e pensam a sexualidade como única e exclusivamente de ordem heterossexual pode fazer com que, de um lado, haja um despreparo em se lidar com a pluralidade da orientação sexual e, de outro, produzam-se dificuldades de as mulheres e homens revelarem sua sexualidade não heterossexual a esses profissionais da área de saúde (BARBOSA; FACCHINI, 2009). Caminhando na contramão desses hábitos, na literatura estudada, propõe-se uma desnaturalização da heterossexualidade, considerando-se outras sexualidades legítimas (LIONÇO, 2008 p97).

Bourdieu (1999) compreende a ordem heteronormativa como uma ficção coletiva que se construiu, em parte, para se opor à homossexualidade. A dominação exercida por parte dessa ordem é implícita ou explicitamente combatida pelos textos estudados. Entretanto, não se pode desconsiderar que esse combate ainda opera no eixo da contra-hegemonia. O fato de a produção dos artigos científicos serem tão escassos no campo da homofobia na saúde pode ser visto como um dos indicadores da desconsideração ou desqualificação da homossexualidade como temática. Por outro lado, junto a esse conjunto de forças que visam à manutenção da heteronormatividade, há lutas que operam em oposição a esses hábitos. Essa luta obtém o seu reconhecimento máximo quando passa ser objeto do campo das políticas, traduzidas no Programa Federal Brasil sem Homofobia (BRASIL, 2015a) e na Política Nacional de Saúde Integral de LGBTT (Ministério da Saúde, 2015). Outro modelo que pode explicar a invisibilidade aqui abordada é o biomédico. Esse modelo constituído pela abordagem da anátomo fisiopatologia produz hábitos que estruturam olhares profissionais generalizantes (incapazes de perceber as diferenças) e etnocêntricos (constituído por uma tradição cartesiana que atravessa séculos) (PEREIRA, HENRIQUE 2011). Esses olhares não só revelam um despreparo para se lidar com as especificidades sexuais, mas também não permitem que mulheres e homens revelem sua sexualidade ( HEDUWI, HERASMO, 2016 ).

Um exemplo emblemático de tornar mais visível a homossexualidade feminina no campo da saúde é a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – GLBT¹ (Ministério da Saúde, 2008). Ainda que tal política não tenha fluído totalmente na corrente sanguínea do campo da biomedicina, não se pode negar, de um lado, a possibilidade de forças de campos distintos se unirem para promover a inclusão de cidadãs excluídas por conta de sua orientação sexual, e, de outro, a viabilidade de se desenvolver habitus que possibilitem considerar as demandas de saúde dos agentes que não partilhem de forma exclusiva a orientação heterossexual.

3.METODOLOGIA

Considerando a natureza do presente estudo e os objetivos traçados, o desenvolvimento da investigação se deu por meio de uma abordagem com artigos recolhidos e avaliados entre os meses setembro e outubro de 2016 onde conseguimos reunir seis artigos utilizando a BVS assim como a SCIELO entre outros como base de dados para essa revisão integrativa bibliográfica.

A revisão de literatura / integrativa que é um tipo de revisão sistemática que comporta tanto uma dimensão de categorização, de caráter descritivo, como uma faceta de análise crítica, que aponta as tendências consolidadas, bem como as lacunas e necessidades de investigação ainda não suficientemente contempladas (Scorsolini-Comin, 2014). O problema investigado foi: “Como se configuram, segundo a literatura científica recente, a homofobia na saúde”?

Este estudo envolveu uma busca sistemática nos seguintes indexadores eletrônicos: SciELO, LILACS, PePSIC, e BVS. Os descritores utilizados foram: "homossexualidade", "saúde" e "homofobia e saúde.

4.RESULTADOS

Titulo do Artigo

Autores

Ano de publicação

Local de publicação

Objetivo da

pesquisa

Métodos, técnicas utilizadas

Resultados obtidos

Conclusão

¨A homofobia internalizada e os comportamentos na área da saúde numa amostra

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