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Atenção Domiciliar: Sujeito, Família e Comunidade

Por:   •  10/4/2018  •  6.439 Palavras (26 Páginas)  •  259 Visualizações

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Em suma, para muito aquém do bento, do santo, do etéreo, estão os genes, a propriedade privada, a continuidade da espécie e sua mutação, como veremos.

Estamos cercados por todos os lados pelo fenômeno, dele participamos intensa, densa e emocionalmente, ou melhor, dele fazemos parte intrínseca. Nosso envolvimento é total, com certeza, trazendo, por vezes, pouco distanciamento para analisá-lo. Assim também o é com todos os outros assuntos que a consciência humana tenta esclarecer, mas o caso família é muito íntimo mesmo. Os assuntos nele envolvidos são infinitos, delicados e tiram o sono de cada um de nós.

E que o que mais nos atinge, em geral, são nossas intimidades e a família é focal neste ponto e ela, a meu ver, é responsável em grande parte, por grandes mudanças, pessoais e coletivas, que se efetuam.

Aqui então, do particular pro geral, do íntimo / privado para o público, a família para a comunidade. Pode parecer jargão cristão, mas é mesmo uma proposta de ação.

(ex: terapia / o mais difícil mudança na intimidade, nas relações mais íntimas, família).

Diante de tanto envolvimento, expor qualquer novidade sobre o tema é, no mínimo, suspeito, controvertido, discutível, e, principalmente extremamente incômodo, talvez, mais para os ouvintes que para o palestrante que deve estar acostumado aos seus raciocínios e hipóteses.

No meu caso particular, estes sentimentos se tornam mais intensos na medida em que, como verão, o meu corte de análise passará por uma brutal atualização da questão, envolvendo nossos mais recônditos conceitos, crenças e cristalizações. Não irei me ater a questões do dia a dia do sujeito, da família e da comunidade e sim, repropor um olhar e um fazer atualizados sobre os temas.

Sou economista, cientista social, psicodramatista, artista, escritor, poeta, ambientalista, cientista, gay e todas as minhas intervenções racionais em qualquer área são efetuadas sem metafísicas.

Exatamente neste meu momento de vida, estou a terminar um livro sobre a transformação do modo de reprodução machista, a reprodução violenta – transformações nas espécies e na subjetividade humana e dele retirei boa parte do material aqui exposto. Outra fonte direta e constante é o meu trabalho com psicodrama ( 20 anos) e, atualmente a sua aplicação recente no PSF ( 2 anos contínuos, na SMSRJ, e agora com os alunos do Curso de Saúde da Família da ENSP).

Assim sendo, o método privilegiado por mim de apreensão do real, de uma leitura mais próxima dele - tanto quantitativo quanto qualitativo - é o psicodrama – mais precisamente o psicodramatizar.

As milhares de cenas que já dirigi e que foram produzidas por milhares de participantes são, em ultima instância, minha “foto do real”, meu periscópio, meu microscópio ou o que quer seja – meu instrumento de pesquisa e elaboração.

Na verdade, o psicodrama nos trás o que de subterrâneo e protagônico esta a acontecer na sociedade, nos grupos, nas comunidades desmistificando o manifesto e desvelando o latente.

Quando da chacina da Calendária, em um psicodrama com os secretários municipais, já estava claro o papel preponderante dos traficantes.O que foi feito? Será que só podemos diagnosticar?

Dominantemente não trabalho com números, nem cifras, nem citações acadêmicas sobre o assunto. Não que as despreze, pelo contrário, acho muitíssimo importante as tendências que os dados e as teorias nos podem mostrar. Bem, vocês as terão em massa em qualquer academia.

Aliás, o que os humanos tem acumulado de dados e diagnósticos forma uma imensa montanha. Se dependesse disto unicamente, já teríamos resolvido muita coisa.

De qualquer forma parece que o buraco é mesmo mais em cima e captar o “mais próximo movimento do real” é mesmo muito complicado e como se diz em psicodrama - “entre a paranóia e a intuição existe uma diferença muito pequena”

As bases de meu atual modo de pensar formadas no decorrer de minha formação profissional e humana foram compostas:

- pelas importantes reflexões dos grandes mestres do século passado – Marx, Freud, Moreno, Nietzsche, Einstein, Darwin;

- pelo zen – budismo ( sua parte filosófica);

- pelas centenas de clientes e alunos de psicodrama que acompanhei e acompanho;

- pela minha própria vida, de 58 anos bem vividos;

- por meus semelhantes, por vidas a minha complementares, pelos campos, pelos céus, pelas estrelas que possuo dentro e fora de mim, pelo pó que me criou, pela lembrança que me afetou, pela história que reconstituo e conto na imensidão da vida e do nada que a minha frente sinto e vejo e tanto espanta a minha razão e consciência.

Acho necessário começar a raciocinar pelas cosmologias que nos orientam, porque são elas mesmas, em última instância, que formam os pilares do nosso pensar. Alguns de vocês podem achar desnecessário este procedimento, mas verão, espero, que não o é.

Elaborar a palestra, tentar ser claro e didático, tentar transmitir diretamente o que penso foi e esta sendo muito bom, me ajudando a finalizar a organizar meus escritos e pensamentos. Com certeza, ensinando, transmitindo, a gente aprende muito. Terei a ajuda de vocês e do debatedor.

Fiz a aqui uma síntese por causa do tempo. Tomara que dê tempo e que seja compreensível.

Minhas idéias são estanhas, mas ouço e vejo tanta estranheza por todo lado que acho que devo expô-las e debatê-las. Penso até que, por vezes, falo o óbvio, mas com certeza as reflexões, concepções e ações humanas, em geral, são muito dinossáuricas e as mudanças muito lentas.

Enfim, espero que meus raciocínios, no mínimo, despertem reflexões e ações realmente que nos auxiliem na execução de pesquisas, de macro e micro políticas, políticas públicas e pessoais compatíveis, capazes de dar conta do emaranhado de problemas que temos pela frente.

A palestra, em disquete esta sendo entregue à coordenação do curso ( Alice / Gustavo) e estará a disposição de quem quiser.

Muito obrigado pela oportunidade.

Obrigado a ENSP, Alice, Gustavo e a todos os presentes.

Afinal de contas, estamos no século 21 da era cristã, não sei a quantos mil

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