ADESAO AOS ANTIRETROVIRAIS EM PACIENTES COM AIDS DE LAGOA VERMELHA
Por: Salezio.Francisco • 14/3/2018 • 3.082 Palavras (13 Páginas) • 409 Visualizações
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Para que haja uma resposta adequada ao tratamento antirretroviral, é necessária a manutenção de adesão às tomadas de medicações, atingindo 85% de sucesso. Desta forma, é essencial que para o início do tratamento, o paciente tenha consciência do impacto que o tratamento trará para sua vida, assim como os possíveis efeitos adversos que o mesmo pode causar.3 Observa-se que nem todos os pacientes portadores da AIDS conseguem aderir ao tratamento em virtude de tantas situações e dúvidas, o que faz com que os pacientes acabem não se beneficiando da terapêutica fazendo com que a doença progrida de forma não prognóstica ou que surjam muitos para efeitos e consequências físicas, emocionais e sociais. Frente a todas estas dificuldades e realidades questiona-se: Quais os principais empecilhos que fazem os pacientes portadores de Aids da cidade de Lagoa Vermelha não aderirem ao tratamento medicamentoso? Deste modo, objetivou-se identificar os fatores que podem interferir na adesão ao tratamento antirretroviral dos pacientes soropositivos para HIV/AIDS na cidade de Lagoa Vermelha, delineando o perfil dos pacientes em tratamento antirretroviral, verificando os fatores pessoais que interferem na adesão ao tratamento, identificando que fatores contribuem para não adesão ao tratamento, identificando se o fornecimento e distribuição do medicamento pelo município estão ocorrendo em tempo hábil e de forma contínua, verificando se há existência de preconceito social e familiar quando o paciente sai na busca do medicamento e identificando se os efeitos causados pela medicação e a quantidade de medicamentos a ser tomada interferem na adesão do tratamento.
Materiais e Métodos:
O estudo foi realizado na cidade de Lagoa Vermelha que conta com uma população de aproximadamente 30.000 habitantes.
Trata-se de um estudo de caráter quantitativo de delineamento transversal, onde foram analisados os principais fatores que podem influenciar na adesão antirretroviral no município no período de setembro á outubro de 2013.
A população fonte foi constituída por 107 pessoas portadoras de HIV/AIDS, deste montante foi utilizado como população/sujeito do estudo 67 pacientes de ambos os sexos, com Aids, cadastrados e em tratamento antirretroviral na cidade de Lagoa Vermelha.Os dados foram coletados através de questionário estruturado, respondido a partir dos dados existentes no Programa DST/Aids. Assim dos 67 sujeitos elegíveis, a amostra se constituiu daqueles que são portadores da doença e que estão em tratamento antirretroviral. O questionário foi preenchido pela própria pesquisadora através de informações do banco de dados da Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Vermelha, buscando informações no prontuário de cada um dos pacientes. O questionário conteve 17 questões fechadas e uma aberta que foram respondidas após a leitura de cada prontuário, mantendo-se o máximo de sigilo possível em relação ao nome de cada paciente e lembrando que em todos os momentos esteve presente junto á pesquisadora, a coordenadora do programa DST/Aids desta cidade. Os dados coletados foram passados para planilha do Excel e posteriormente plotados no SPSS 20 para análise.
Foi realizada análise descritiva e inferencial dos dados. Para realizar a verificação entre a variável dependente e independente foi usado teste Qui-quadrado.
O projeto foi encaminhado e aprovado pelo comitê de ética da Universidade de Passo Fundo com protocolo número 047992/2013.
Resultados:
Nenhum questionário foi excluído, totalizando 67 questionários devidamente preenchidos através do banco de dados da Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Vermelha. A média de idade dos pacientes portadores de Aids e em tratamento antirretroviral é de 42 anos variando de 16 á 78 anos, com predominância do sexo masculino (60%). Em relação á escolaridade, a maioria possuí ensino fundamental incompleto (75%), mostrando um nível baixo de escolaridade. Quanto á renda familiar 91% dos pacientes recebe de 1 a 3 salários mínimos. Em relação ao local de moradia, 93% é residente da área urbana e á religião predominante é a católica (98,5%).
No que se refere ás reações adversas, 77,6% dos pacientes nunca tiveram nenhum efeito indesejado, no entanto 22,4% dos pacientes apresentaram alguma reação, destacando dor abdominal, náusea, vômito, diarréia, cefaléia e ansiedade (Tabela 1). Em relação a quantidade de medicação (98,5%) para tomá-los, embora a maioria dos pacientes não tenham referido queixas, 21% dos pacientes referiu já ter esquecido de tomar a medicação alguma vez e 33% já deixaram de tomar a medicação alguma vez por algum outro motivo, destacando entre eles, perda da medicação, por serem relapsos ao tratamento, pelo uso de bebida alcóolica, pelo uso de drogas ilicítas, por não aceitar a doença e escondê-la, por não buscar as medicações e pelas relações adversas (Tabela 2).
O dado significante encontrado na pesquisa foi a dificuldade em aceitar o tratamento antirretroviral e o sexo (p≥ 0,01), mostrando que a maioria dos pacientes não aderentes ao tratamento são do sexo masculino. Os dados ficaram limítrofes em relação á significância para a não tomar a medicação quando feito o cruzamento com a idade, a escolaridade e renda.
Ainda, como resultados desta pesquisa podem ser destacados que o fornecimento e a distribuição das medicações estão ocorrendo em tempo hábil e de forma contínua, apesar de ter pacientes relapsos, que deixam de ir buscar a medicação como já citado neste estudo. É de suma importância destacar que os dados obtidos revelaram não haver descriminação por parte dos familiares e da sociedade para com estes pacientes, ressaltando que quem tem preconceito sob si mesmo são os próprios pacientes, que por medo de serem descriminados, escondem a doença da própria família e de outros.
DISCUSSÃO
A cronicidade da Aids implica em um processo de adesão a um regime medicamentoso completo e prolongado. Falhas na adesão aumentam o risco da carga viral, cronificando ainda mais a doença. A adesão a um regime terapêutico requer mudanças no estilo de vida de indivíduos visando à realização de atividades específicas que promovam e mantenham a saúde. Essas atividades envolvem tomar as medicações prescritas regularmente, manter uma dieta adequada, auto monitorar os sinais e sintomas da doença e submeter-se á avaliações de saúde periódicas.9
Ao iniciar esta pesquisa, a maior preocupação foi identificar os principais
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