Trabalho Comunidade Quilombola
Por: Juliana2017 • 15/12/2017 • 3.285 Palavras (14 Páginas) • 474 Visualizações
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A palavra "quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quimbundo) e "ochilombo" (Umbundo), estando presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região de Angola, na África Ocidental. Originalmente, designava apenas um lugar de pouso, utilizado por populações nômades ou em deslocamento; posteriormente passou a designar também as paragens e acampamentos das caravanas que faziam o comércio de cera, escravos e outros itens cobiçados pelos colonizadores. Significava também “acampamento guerreiro, capital, povoação, união”. Porém foi só no Brasil que o termo "quilombo" ganhou o sentido de comunidades autônomas de escravos fugitivos.
- Quilombos em Santa Catarina
Torna-se contraditório a origem dos quilombos em Santa Catarina. Sabemos que o primeiro reconhecimento de território quilombola em Santa Catarina teve o decreto de desapropriação assinado em 2010, representando uma área superior a 7,9 mil hectares. Tais acontecimentos se tornaram realidade Por força do Decreto nº 4.887, de 2003, o Incra é o órgão responsável, na esfera federal, pela titulação dos territórios Quilombolas.
O processo que define do reconhecimento até a certificação de Comunidade Quilombola, como podemos perceber passa por um longo rito jurídico e sociocultural com o objetivo assegurar aos membros da comunidade quilombolas seus direitos constitucionais e o acesso as políticas públicas ordenadas pelo Governo Federal, Estados e Municípios.
Nos dias atuais temos as seguintes Comunidades Quilombolas reconhecidas em Santa Catarina.
• Balneário Camboriú - Morro do Boi - 05/05/09 – Concluído o Laudo Antropológico;
• Criciúma - Família Thomaz - 05/05/09;
• Santo Amaro da Imperatriz – Tabuleiro - 05/05/09;
• Santo Amaro da Imperatriz - Caldas do Cubatão - 06/07/10;
• Campos Novos - Herdeiro da Invernada dos Negros* - 04/06/04 – Em processo de certificação
• Porto Belo – Valongo - 10/12/04;
• Praia Grande - São Roque* 10/12/04;
• Garopaba - Morro do Fortunato - 13/12/06;
• Monte Carlo - Campos dos Poli - 02/03/07;
• Paulo Lopes - Santa Cruz - 02/03/07; (Local da Analise)
Totalizando dessa forma 1200 famílias que integram as comunidades quilombolas de Santa Catarina. (INCRA-SC)
- Descrição da visita
Nosso grupo formado pelos acadêmicos Bruno, Fernanda, Jules, Leticia, Lucas e Maicon, programamos uma visita de observação e analise sociocultural em uma Comunidade Remanescente de Quilombola, município de Paulo Lopes/SC.
O objetivo do trabalho foi analisar traços da cultura Quilombola, como elementos de manejo, gestos, histórias, comportamento e convívio social, bem como o surgimento da comunidade, que é atualmente uma das maiores de Santa Catarina, com 128 moradores contemplados entre crianças, adultos e adolescentes. Interessa-nos saber como vivem os moradores desta comunidade, ver de que forma a indústria cultural atingiu ou não a suas raízes, quais culturas ainda persistem no passar dos tempos, a influência no processo de formação da nova geração da comunidade, como essas crianças são aceitas ou não pela sociedade e a visão do município para essa parte da história do nosso país.
De acordo com a antropóloga Daniela Carolina Perutti (2009, p.80), “os quilombos eram organizações de resistência e luta contra uma sociedade escravocrata. Por isto, traziam em sua proposta uma organização social mais justa”. Se atualmente existem mais de mil comunidades quilombolas, no tempo da escravidão (1500 a 1888) devem ter existido muito mais do que dois mil quilombos, calcula a autora.
Ao chegarmos no município, fomos à busca de informações a respeito da comunidade e sua localização. Paramos em um posto de gasolina na região de Paulo Lopes, onde fomos gentilmente pedir informações, ao abordarmos dois homens sentados no posto de gasolina, perguntamos se sabiam onde se localizava a comunidade dos Remanescentes de Quilombolas. Ao nos passar a localização esses dois indivíduos maus estruturados culturalmente fizeram piadas em relação aos moradores de Santa Cruz, como por exemplo: Vocês vão mesmo frequentar a “TOCA” (como é chamada a comunidade Santa Cruz pelos moradores vizinhos), aquela “regiãozinha” cheio de “macaquinhos”, inclusive um dia comprei vários brinquedos e pus dentro da minha Camioneta para distribuir as crianças da “TOCA”, vocês precisavam ver como eles desciam dos “galhos”. Após de nos deparamos com essa grossa agressão, ficamos irradiados de raiva, sem saber o que fazer, mas naquele momento tivemos certeza que estávamos no caminho certo e que nossa pesquisa seria de muita relevância sociocultural. Enfim, Um morador que reside perto da comunidade pediu que o seguíssemos, pois passaria bem próximo do nosso destino.
Segundo a Lei Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997
"Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional." E "Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”
No final da avenida, o rapaz que nos direcionou apontou com o dedo sem desembarcar do carro, onde algumas pessoas da comunidade se encontravam em frente a uma farmácia. Agradecemos, em seguida nos direcionamos até o pequeno grupo quilombola onde por coincidência estava Dona Natalina, a representante da comunidade. Anteriormente o acadêmico Lucas, tinha feito contato por telefone com a Dona Natalina, uma pessoa humilde de 65 anos, que foi meio ríspida e fechada, não dando muita abertura a nosso amigo e também não fazendo muita questão que fizéssemos a visita no momento da proposta para irmos até a comunidade. Estávamos com receio em relação a maneira que seriamos recebidos naquele momento.
Não diferentemente da forma tratada pelo telefone, Dona Natalina, foi ríspida e com poucas palavras, cara fechada, concordou em nos levar até a comunidade para a visita. Maicon, deu carona para
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