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RESENHA CRÍTICA: PEDAGOGIA DO OPRIMIDO

Por:   •  3/7/2018  •  2.592 Palavras (11 Páginas)  •  329 Visualizações

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e para aqueles que não têm chances e oportunidades. As escolas particulares, caras e estruturadas servem para que os ricos, donos do mercado e dos meios de produção levarem seus filhos para terem uma educação de qualidade, que defina seu papel na sociedade e para teres conhecimento suficiente para oprimir os ingênuos, que por outro lado, têm uma educação defasada, já controlada pelo governo opressor que se finge de bondoso e provedor da classe operária. Uma educação onde até mesmo os livros didáticos são comprados com um único objetivo: segregar e filtrar o conhecimento da massa pobre desprovida de oportunidades.

Com isso o aluno desenvolve, desde o principio, o sentimento de inferioridade, angustia por não ter uma expectativa de vida melhor do que de seus pais. Crescem sem esperanças, com suas vocações oprimidas e com um pensamento apolítico e alienado. O professor, que é visto para os alunos como o centro e o poço da sabedoria ultra sincera, é alvo da alienação, e portanto transmitem esse conhecimento, sem nenhum contraponto crítico social e politico, para seus alunos, que absorverão tudo o que disserem. A estrutura da escola está inteiramente a mercê dos opressores, para sim formarem cada dia mais oprimidos prontos para o mercado de trabalho explorador.

O direito de todos é violado, a esperança é sacrificada em nome de poucos. Poucos estes que detêm de muitos oprimidos. É que para os opressores somente eles possuem o direito de caminhar livremente, fazer o que gosta, vestir o que der vontade e os oprimidos possuem apenas o direito de existirem. É preciso que os oprimidos existam, para que eles existam e sejam “generosos”. Daí tentam transformar tudo a sua volta em objeto de posse, de controle e de domínio. A terra, a produção, os homens, o tempo em que estão os homens, tudo que se reduz a objeto de seu comando. Nessa ânsia desenfreiada de posse, desenvolvem-se em si a convicção de que tudo pode transformar em poder de compra. O dinheiro torna medida para tudo e o lucro, seu objetivo principal.

Talvez pensamos que isso não acontece realmente em nossas vidas, porém estamos adaptados a aceitar esse padrão econômico como o certo e o confiável. Somos roubados todos os dias, a cada produto que compramos, roubados pelo próprio governo, com impostos. Tudo tem lucro, tudo é poder de compra e os opressores farão de tudo para se manterem no topo da pirâmide e controlar todo o mercado, toda a massa consumidora alienada, simplesmente com a finalidade de se obter lucro. Se você pensa que essa materialização está somente nos produtos que consumimos, está enganado.

O ensino se tornou rentável em todos os quesitos, e com isso, alvo dos opressores para manter essa pirâmide exatamente como ela está. Poucos detêm de muitos e muitos detêm de poucos. Fragmentam o ensino em diversas disciplinas desconectas e fundamentadas no capitalismo, para que assim os alunos saem das escolas com a ambição de competirem cada dia mais com as outras pessoas com seus bens. Quando mais tenho, mas poderoso sou. Isso faz com que o capitalismo se sustente e os oprimidos se tornem ainda mais oprimidos.

Daí tiramos a importância que o ensino tem e sua responsabilidade para com a sociedade. O ensino liberta e aprisiona no mesmo instante, depende de como ele está sendo proposto e aplicado para a sociedade. De um lado um ensino de ponta para que os filhos dos opressores se tornem, também, opressores e, de outro, um ensino para oprimir aqueles que já nasceram oprimidos.

Para o autor, somos tão oprimidos que quando recebemos algum direito, vangloriamos os opressores como se fossem generosos. Pagam o mínimo do mínimo para os professores, porque não podem pagar menos, e quando lhes conferem algum direito, como aumento salarial, os mesmos batem palmas. De tanto ouvirem que não são capazes, que são indolentes, hipotentes, que não sabem de nada, que não sabem fazer nada, que são enfermos, terminam por se convencer de sua “incapacidade”. Falam de si como os que não sabem nada e, os “doutor”, os que sabem tudo. Ficam a mercê dos que entrojetam a arrogância do conhecimento sobre eles, do que possuem gravatas e jalecos brancos. Com esse pensamento, os opressores aproveitam de toda situação para crescer mais ainda e aumentar seu verdadeiro império. Os trabalhadores se contentam com o que tem, com o que ganham e mal sabem seus direitos, apenas seu deveres. É essa a sociedade que os políticos e as classes dominantes, no geral, querem. Uma sociedade cega, surda e muda.

Analisado pelo autor, as escolas, em diferentes níveis de escolaridade, a relação professor-aluno se dá pelos mesmos moldes. Infelizmente o que o autor trás é a nossa realidade nua e crua, a qual milhões de brasileiros vivem todos os dias. O professor é tido como o dono da saber, fica no centro da aprendizagem e tudo o que disser torna-se instantaneamente verdade, sem se quer uma indagação. A autoridade máxima na sala de aula é o professor, e é ele que detêm o direito de escolher como passar o seu conteúdo para os alunos.

O papel dos alunos é ouvir, responder, anotar, reproduzir e aceitar o que será discutido. O real papel do professor é encher os recipientes vazios dos alunos, e o esse conteúdo assim como sua quantidade é estipulada pela escola que é comandada pelas grandes instituições, tidas como referencias, a qual são controladas pelo governo. Para mim, o aluno aprende que quatro vezes quatro é dezesseis, mas não entende o porque disso, não compreende a importância de saber essa operação matemática. O educador é sujeito, conduz os educando a uma memorização mecânica de tudo que ele ensina, sem nenhum contraponto crítico.

Desta forma, para mim, a educação se torna um ato de depositar, em que os estudantes são os depositários e os professores os depositantes. Para a escola, quanto mais “substâncias” o educador depositar no recipiente do aluno, mas ele se torna eficiente. A escola estabelece metas de conteúdos e seus professores tem que seguir a risca para se manter dentro do sistema educacional. Com isso, o professor não possui tempo disponível para elaborar uma aula diferenciada, com práticas e outros métodos de ensino. O professor escolhe o método tradicional e reproduz, da mesma forma, o conteúdo para diversas turmas, de diversas faixa etárias e diversos níveis cognitivo. Somente o professor ensina e somente o aluno aprende, o educador é o que pensa e os educandos, os pensados; o educador atua e os educandos têm a ilusão que atuam, é assim que a relação é estabelecida e configurada. Isso caracteriza, para Paulo Freire, uma concepção “ bancária” da educação e como instrumento de opressão.

Em contraponto a esse modelo de educação, temos um outro totalmente diferente que é defendido

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