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Resenha de Pedagogia do Movimento Camponês na Paraíba

Por:   •  23/3/2018  •  3.138 Palavras (13 Páginas)  •  454 Visualizações

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À primeira parte, Pereira inicia o que ainda nas primeiras palavras nomeou por abordagem das teorias do campesinato. A começar por esta última palavra que não existia antes dos anos de 1950 – mas só toma maiores proporções a partir do anos de 1980 –, embora existisse a categoria, que, para reforçar, o autor cita alguns componentes, como: ribeirinho, seringueiro, e etc. A palavra “campesinato” vem de maneira tardia, trazida pelos “comunistas” para nomear as lutas a serem travadas no campo.

O autor faz uma análise rasa da mudança causada pelo advento do capitalismo. E da maneira que tal mudança modificou a estrutura social a nível mundial. Há uma breve abordagem ao marxismo, que conseguia encaixar-se em quaisquer lutas que visassem combater a exploração capitalista.

A base das teorias “campesinas” é a teoria marxista, não apenas oriunda dos escritos do próprio Marx, mas também de outros pensadores marxistas, os quais o autor aborda de lés-a-lés. Embora as teorias marxistas fundamentassem o “campesinato”. Dentre alguns círculos marxistas acreditava-se que a agricultura capitalista suprimiria a camponesa.

Há fundamentação marxista em todo o texto. Por hora o autor cita Stalin, e as “conquistas” provindas da Revolução de Outubro. Esta fundamentação é essencial ao texto, a ver pelo ponto de vista de que a Rússia czarista era principalmente agraria, assim propiciou uma revolução, tal qual aconteceria ao campesinato.

Uma vertente do marxismo que Pereira aborda no decorrer do texto é narodismo. Tal vertente do marxismo russo se encaixa diretamente ao “campesinato”. Pois embora seja de linha marxista, não prevê o fim do campesinato. Com foco na soberania alimentar. A alimentação era o pensamento principal dessa doutrina.

Na Rússia pré-sovietica, Chayanov, pesquisador acerca da situação agrícola, constatou que a economia agrícola não contratava trabalhadores, pois os camponeses viviam do que produziam. O que Huberman, citado pelo autor, classificou como sistema pré-fabril, pois o produtor tinha acesso à mão de obra, e ao fim do processo produtivo venderia a mercadoria e não a força de trabalho.

No fim da parte que destina a teorização campesina, Pereira traz as teorias latino-americana, a ter como ápice citações de Che Guevara. Um dos símbolos máximos do socialismo no continente americano.

Na segunda parte do capitulo, o autor nos traz a diversidade do “campesinato”. O qual tem origens longínquas. Pereira aponto exemplos que vão de Canudos aos confrontos com o Regime Militar.

Em relação aos confrontos na guerra, já destaca que seu objetivo principal era a luta contra Lei de Terras, que garantia aos fazendeiros o monopólio sobre as terras. Estes fazendeiros representavam o que hoje temos por “donos do agronegócio”. Pereira aponta como este o início do Movimento Camponês.

O autor aborda com uma citação de Calado, que Canudos seria uma representação da utopia marxista. Um lugar onde todos era iguais. Não havia distinção por classes, e para ali habitar teria de se desfazer de todos os bens possuídos. Infelizmente, para os que ali viviam e também os que hoje sonham desejam o “paraíso socialista”, as investidas militares desmontaram o Arraial da Boa Esperança.

Aconteceram confrontos entre camponeses que membros de oligarquias agrarias. A ter como resultado o saldo de muitas mortes, quer entre os camponeses, quer entre o soldados convocados a combatê-los. Estas lutas perpassam um movimento ainda maior que seriam as Ligas Camponesas.

Havia no século passado o cambão, que se tratava de uma espécie de obrigação que o camponês (servo) tinha com o fazendeiro (senhor). Alguns dias por semana o camponês tinha de dedicar seu trabalho às terras do fazendeiro. Assim se construía uma espécie de exploração semelhante à feudal.

As Ligas tiveram, segundo o autor, maior relevância na Paraíba, onde os donos de terra agiam de forma violenta contra os camponeses. Com o intuito de tomar-lhes suas terras, mandavam capangas até elas, os quais ameaçavam suas famílias, havendo episódios em que mandavam tratores para destruir as casas.

Dentre as Ligas na Paraíba, a de mais representatividade foi a de Sapé que teve como grande nome João Pedro Teixeira, que fundou a Liga de Sapé em 1958. A Liga era composta por mil e quinhentos moradores e moradores de fazendas que se agregaram à causa posteriormente.

O Movimento Camponês tinha como proposta inicial acabar com o cambão. Pois tratava-se de uma forma de exploração do trabalho, como as ligas tinham inspiração marxista, era impossível aceitar tais explorações da força de trabalho campesina.

João Pedro Teixeira era um dos líderes, tinha fama de conversador. Estava sempre apto a conversar com as pessoas. Dava conselhos aos que precisavam, sempre posto a ajudar. Era um militante. Almejava a Reforma Agraria, queria que todos tivessem direito a terras.

A Igreja Católica posicionou-se contra as Ligas Camponesas. Acusava-os de comunistas. Chegando a iniciar uma sindicalização rural, em contra proposta às ligas.

Pouco tempo depois, iniciaram-se os incidentes contra as Ligas. Alfredo Pereira do Nascimento foi a primeira vítima. Os campesinos logo retaliaram, com foices e machados. Estava iniciado o embate ideológico e armado entre campesinos e fazendeiros, que tinha como representantes no combate capangas e pistoleiros.

Pouco tempo foi necessário até que o líder João Pedro Teixeira fosse assassinado. Um mês depois realizaram a “passeata camponesa”. Vinte mil pessoas, dentre elas camponeses e pessoas que se aliavam a causa. Seguiram à capital Paraibana. Segundo sua esposa Elizabeth Teixeira, João Pedro sempre a questionava se daria prosseguimento às ligas após sua morte, pois ele sabia que sua morte se aproximava.

Alguns anos depois, aconteceu o Golpe Militar e as ligas foram reprimidas e acabaram por chegar ao fim. A repressora força militar os perseguiu e Elizabeth Teixeira, que deu prosseguimento às ligas após a morte de seu marido, foi presa e liberta, assim teve de exilar-se no Rio Grande do Norte, onde viveu com identidade falsa.

Após o fim das Ligas como um associação, os camponeses passaram a se reunir junto à Igreja que agora passou a apoiar a luta pela terra. Inúmeros conflitos foram travados nos anos posteriores, e até os dias de hoje há confrontos pela terra. Ao aproximar-se do fim deste capitulo o autor nos traz números do INCRA. Há ainda cerca de quinze mil famílias não assentadas. Assim como outros dados como assassinato de líderes.

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