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Biomas brasileiros: definições e síntese ecológica

Por:   •  30/4/2018  •  3.067 Palavras (13 Páginas)  •  282 Visualizações

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A partir desse ponto, este texto enseja descrever os biomas brasileiros com base em sua determinação política, a partir do trabalho de Veloso e colaboradores (1991) e dos manuais técnicos da vegetação brasileira, disponibilizados pelo IBGE (1992, 2012) e, posteriormente, com base em sua classificação fisionômico ecológica, definida por Coutinho (2006) e Batalha (2011), para o caso do Cerrado.

O primeiro dos grandes biomas é a Amazônia, caracterizada, principalmente, por apresentar uma vegetação com famílias botânicas de dispersão pantropical. É necessário esclarecer que a legislação brasileira reconhece diferentes formações que comporiam o Bioma Amazônia e, além da Floresta Ombrófila Densa, existem três outros tipos de vegetação dentro da região florística hileiana: a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Sempre-Verde e a Campinarana.

A Floresta Ombrófila Aberta, que circunda a parte sul da Bacia Amazônica e ocorre em inúmeros agrupamentos disjuntos nas partes norte e leste da Hileia, é caracterizada por três fácies dominadas por gêneros típicos, localizados sugestivamente nas áreas menos úmidas. São eles: Attalea speciosa Mart. Ex Spreng. (babaçu) e Attalea maripa (Aubl.) Mart (inajá), que compõem a “floresta-de-palmeiras”; Guadua superba (taquara), que forma a “floresta-de-bambu”; e Phenakospermum guianensis (A. Rich.) Endl. Ex Miq.) (sororoca), que, quando gregário, constitui pequenas disjunções por toda Amazônia, integrando a “floresta-de-sororoca”. Além destas fácies típicas, observa-se mais uma, situada predominantemente nas depressões rasas e mais ou menos circulares dos terrenos pré-cambrianos arrasados, geralmente encharcados na época das grandes chuvas. Trata-se de uma fácies densamente povoada por lianas lenhosas que envolvem uns poucos macrofanerófitos sobreviventes, imprimindo-lhes o aspecto de torres folhosas desde a base. Estas disjunções da Floresta Ombrófila Aberta, mais frequentes no sul do Estado do Pará, são conhecidas como “mata-de-cipó”, existindo também nas encostas de relevo dissecado ocorrentes na Amazônia, mas aí com o aspecto de “floresta-com-cipó”. Essas lianas lenhosas, com predominância de gêneros das famílias Fabaceae e Bignoniaceae, têm larga dispersão dentro das florestas, mas às vezes são encontradas em maior número nos ambientes abertos e bem-iluminados da luxuriante floresta hileiana.

A Floresta Estacional Sempre-Verde que tem como área core o extenso Planalto dos Parecis, constituído por sedimentos cretácicos e terciário-quaternários, se estende, de forma disjunta, até as Depressões dos Rios Paraguai, Guaporé e Araguaia, sobre terrenos sedimentares quaternários e em algumas superfícies periféricas aplanadas. Apresenta uma baixa riqueza de espécies quando comparada às florestas do entorno, sejam as Ombrófilas ao norte ou a Estacional Semidecidual ao sul. A fisionomia e a estrutura da floresta apresentam variações em função do ambiente em que ela se encontra. É mais exuberante nas áreas de baixadas com relevo ondulado e/ou rampas, mais próximas das drenagens onde, geralmente, mostra uma altura entre 30 a 40 m, árvores relativamente grossas e dossel emergente. Nas áreas de interflúvios de relevo plano, exibe uma altura entre 18 a 25 m, árvores bem mais finas e dossel uniforme, com concentração de determinadas espécies. Destacam-se, na sua composição florística, os gêneros: Xylopia; Guatteria e Bocageopsis (Annonaceae); Protium e Trattinnickia (Burseraceae); Saccoglotis e Humiria (Humiriaceae); Maprounea (Euphorbiaceae); Myrcia (Myrtaceae); Miconia e Mouriri (Melastomataceae); Hymatanthus e Aspidosperma (Apocynaceae); e Qualea e Vochysia (Vochysiaceae). Nos terrenos com solos arenosos muito lixiviados, situados no norte da Amazônia, dentro das Bacias dos Rios Negro, Orinoco e Branco, ocorre a Campinarana (Campinas). É uma formação vegetal de clímax edáfico, com ambientes capeados por Espodossolos que condicionam uma vegetação oligotrófica raquítica. Estas áreas são caracterizadas por endemismos de gêneros e espécies, como, por exemplo, a Arecaceae monotípica Barcella odora. Além disso, ocorre uma outra fisionomia pantanosa, dominada por microfanerófitos finos do tipo “ripário”, caracterizada por espécies do gênero Clusia, da família Clusiaceae.

Cobrindo grande parte da região Nordeste do Brasil, está o bioma Caatinga. Esta região possui áreas que variam entre pluviais, de superúmidas a úmidas, na costa florestal atlântica, até o território árido interiorano nas Caatingas do Sertão Árido), passando por trechos subúmidos do chamado “agreste florestal estacional” situados entre os extremos climáticos, porém com florística típica. A primeira faixa florestal, denominada popularmente de “Zona da Mata”, apresenta gêneros amazônicos endêmicos, de famílias Pantropicais, como, por exemplo, as Fabaceae Mim., Parkia pendula (Willd.) Vent. ex Walp. (visgueiro) e Enterolobium maximum Ducke (fava), a Fabaceae Caes. Hymenaea latifolia Hayne (jatobá) e as Fabaceae Caes. Peltogyne pauciflora Vent. (roxinho), Diplotropis purpurea (Rich.) Amshoff (sucupira), a Fabaceae Pap. Myroxylon cf. balsamum (L.) Harms (bálsamo) e muitas outras, que, segundo Andrade-Lima (1966), chegam a 19 gêneros e 388 espécies comuns às duas regiões, Nordestina e Amazônica.

A segunda faixa de vegetação também florestal, denominada popularmente de “Zona do Agreste”, situada entre as áreas costeira-úmida e interiorana-árida, apresenta espécies bem características, como Zizyphus joazeiro (juazeiro, Rhamnaceae). A terceira faixa, já constituindo uma grande área, denominada de “Zona do Sertão”, apresenta uma florística endêmica própria dos climas semiáridos, com chuvas intermitentes torrenciais seguidas por longo período seco, que pode durar alguns anos. O tipo de vegetação tem predominância de plantas espinhosas deciduais. A família Neotropical Cactaceae, com muitos gêneros bastante característicos, como Cereus jamacaru DC., frequente em todas as áreas deste tipo de vegetação, e mais espécies dos gêneros Pilosocereus, Pereskia e Melocactus, que imprimem à vegetação um caráter ímpar na fisionomia ecológica americana. Outras espécies caracterizam este tipo de vegetação, como, por exemplo: Amburana acreana (Allemão) A. C. Sm. e Schinopsis brasiliensis Engl.

No Pantanal, os ciclos anuais de inundação, assim como a aglutinação em períodos de vários anos com inundações mais volumosas, alternadas com períodos mais secos, determinam forte zonação na distribuição da vegetação, principalmente a vegetação rasteira (Valls et al., 2003). A diversidade fitogeográfica no Pantanal é de primeira magnitude devido à

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