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A Evolução Humana

Por:   •  10/3/2018  •  3.154 Palavras (13 Páginas)  •  281 Visualizações

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Cordeiro (2005) indaga em sua tese da seguinte forma: Que linhas evolutivas seguiu a espécie humana a partir dos seus antepassados primatas?

a) uma locomoção bípede e uma postura erecta. Somos os únicos primatas bípedes, sendo esta uma das características unificadoras de todos os hominídeos. Talvez a mudança de habitat dos nossos antepassados, isto é, a passagem da floresta arborizada à savana, com grandes espaços abertos para caminhar, como consequência, provavelmente, de uma alteração climática, tenha favorecido esta tendência bípede, que já se apontava nos primatas arborícolas. No entanto, estudos recentes mostram que não houve uma mudança em termos paleoambientais, da floresta para a savana e que os habitats dos primeiros hominídeos seriam um misto de savana-floresta (Figura 4);

b) uma libertação das extremidades anteriores do solo, como consequência do bipedismo, transformando-se em superiores. Estas puderam ser utilizadas para agarrar e colher alimentos e instrumentos, o que favoreceu a construção de ferramentas e contribuiu para o desenvolvimento da inteligência. Com o tempo as mãos foram-se tornando mais hábeis e com dedos mais finos, se as compararmos com as dos outros antropomorfos. Além disso, o polegar, perfeitamente divergente dos restantes quatro dedos, tornou-se mais largo em relação aos restantes dedos. As unhas tenderam a reduzir-se e a pele dos dedos, em especial a das pontas, acumulou maior quantidade de corpúsculos sensitivos, fazendo-se fina e delicada, mais sensível (Figura 5);

c) uma mudança de dieta. Esta mudança estaria relacionada com uma utilização mais frequente da savana como habitat. Neste espaço mais aberto, o alimento vegetal escasseava mais e os nossos antepassados necessitaram de complementar a sua dieta vegetariana com um regime animal, caçando animais nestes espaços mais abertos e tendo que deslocar-se mais para tal fim, o que teria estimulado um bipedismo cada vez mais eficaz. Por outro lado, a incorporação de carne na dieta aumentou o suporte calórico, provocando uma menor frequência e abundância na necessidade de comer. Este facto talvez tenha proporcionado mais tempo livre para outras atividades e, o que é mais importante, forneceu um maior suporte calórico e nutricional ao cérebro, que pode desenvolver-se com maior facilidade (Figura 6);

d) o desenvolvimento gradual da capacidade craniana, de 400 cm3 nos chimpanzés a 1400 cm3 na espécie humana, com o inerente aumento do volume encefálico em relação ao resto do corpo e o aumento do número de neurónios. Este espetacular aumento de neurónios possibilitava uma maior inteligência. Conseguiu-se armazenar muita informação num espaço mínimo. O desenvolvimento da inteligência acarretou, em paralelo, o desenvolvimento de um sistema de comunicação complexo: a linguagem falada. É o sistema mais elaborado de emissão de sons na comunicação animal que se conhece, ainda que outros animais, como pássaros, golfinhos, baleias, etc., também tenham desenvolvido linguagens complexas de comunicação. Mas estes animais, ainda que possam ser mais potentes na comunicação a longas distâncias, não têm a capacidade de expressão de factos tão diversos como tem a linguagem humana;

e) uma progressiva falta de pêlo no corpo. Isto parece ser a consequência da proteção do corpo com roupas e peles e do desenvolvimento das glândulas sudoríparas;

f) os maxilares tornaram-se mais gráceis e menores com a redução dos dentes. Este facto está relacionado com a evolução dos hábitos alimentares. O homem fez-se omnívoro e os dentes, já de si pouco especializados nos primatas, tornaram-se menos especializados no homem. Ao preparar e cozinhar os alimentos facilita-se o seu esfarelamento e os dentes tornam-se menos poderosos e reduzem-se em tamanho e em número. Além disso, as mãos servem para levar os pedaços de alimento à boca e os dentes e as mandíbulas não têm que arrancá-los dos seus lugares de origem.

[pic 4][pic 5]

Figura 4 – (A) deslocamento nodopedálico em chimpanzé. (B) Fotografia em raio X de um braço de chimpanzé, durante deslocamento nodopedálico. (C) diferença entre o ângulo formado no joelho pela articulação entre o fêmur e a tíbia (chamado ângulo valgo) em chimpanzés e humanos. O ângulo inclinado nos humanos faz que os pés se posicionem no centro de gravidade do corpo, favorecendo o equilíbrio em postura ereta, permitindo, conseqüentemente, uma bipedia sustentada. Fonte: http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/21.pdf.

Figura 5 – Comparação das mãos de primatas. Fonte: http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev3.htm[pic 6]

Figura 7 – três tipos de paisagens africanas. (a) Paisagem típica de floresta, de mata fechada, com grande biomassa e alta umidade; (B) bosque, formado por árvores e arbustos esparsos, marcando um clima quente com baixa pluviosidade; (C) savana, tipicamente seca, quente, semi-árida e com grande exposição ao sol, constituída por vegetação pouco exuberante. As alterações ambientais que começaram a ocorrer na África desde o Mioceno desempenharam um importante papel na história evolutiva dos primatas e humanos, à medida que as florestas foram dando lugar a bosques e savanas.[pic 7]

Diante disso, para sintetizar as informações acerca de hominídeos descritas no decorrer deste trabalho, optou-se por inserir uma tabela elaborada por Neves, (2006): [pic 8]

Ao supor uma comparação da bibliografia publicada há vinte anos com as últimas novidades da paleoantropologia, é possível perceber que aquele simples gráfico que refletia a evolução do homem, desde Australopithecus até Homo sapiens sapiens, passando pelo Homo habilis, Homo erectus e Neandertal, não tem nada a ver com a complexidade da nossa árvore genealógica atual: “(...) o que se pensa ser atualmente a versão mais correta de como terá sido o caminho evolutivo dos nossos ancestrais pode não o ser amanhã” (CORDEIRO, apud CUNHA 2003).

O conhecimento das origens do homem segue um caminho paralelo à história das descobertas de hominídeos fósseis. Os dados baseados na biologia molecular e em registos fósseis sugerem que, de um núcleo ancestral, se separaram as distintas linhas evolutivas que deram lugar aos primatas atuais mais próximos do homem e a nós próprios (CORDEIRO, 2005).

Desse modo, uma equipe de cientistas franceses e chadianos denominada Toumai encontrou, em 2001, o crânio de uma nova espécie de hominídeo na região de Toros-Menalla, no Chade, que, com uma antiguidade de 7 Ma, se converteu no antepassado mais longínquo do ser humano

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