Resumo Immanuel Wallerstein

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A ideologia liberal muitas vezes encontrava-se em uma espécie de meio-termo entre os conservadores e os democratas. Portanto, como forma de manterem-se com suas ideias vivas, os liberais buscaram aproximar cada vez mais o conservadorismo e o socialismo, através de algumas reformas dosadas que permitissem consentimento político entre essas três ideologias. Essa estratégia funcionou especialmente na Europa e na América do Norte no século XIX e foi um dos pilares da consolidação do sistema-mundo atual. O segundo pilar foi uma reformulação do sistema de conhecimento, no qual a ciência tomou o lugar da filosofia como fonte maior de conhecimento. As ciências naturais passaram a contribuir no aumento da produção, enquanto que as sociais contribuiriam para facilitar a manipulação da sociedade. Já o terceiro pilar foi a incorporação política das classes “perigosas” – os movimentos socialistas e os movimentos nacionalistas, como forma de diminuir a aversão destas para com os liberais. Para tal, foram criadas três implementações sociais: o sufrágio, o estado de bem-estar social, e o patriotismo cidadão. Houve, a partir de então, a implementação dos valores universalistas, que estabeleceu as premissas centrais do sistema-mundo capitalista moderno. Para garantir a hierarquia do sistema sem renunciar ao universalismo, o autor argumenta que foi feita uma institucionalização do racismo e do sexismo como forma de perpetuar a opressão e o controle.

Numa segunda parte do texto, Wallerstein foca nas relações interestatais e trabalha muito na questão da hegemonia e sua manutenção. Para o autor, as estruturas interestatais são governadas pelo chamado ciclo hegemônico, e para uma maior acumulação de capital no sistema, é ideal a existência de um poder hegemônico, tão forte que pode definir as regras do “jogo”. Houveram no mundo 3 poderes desse tipo: as províncias unidas (meados do século XVII), a Inglaterra e os EUA. O principal responsável por esses três terem chegado a essa posição foi a enorme eficiência produtiva, uma capacidade alcançada especialmente por não terem focado em aumentar a sua capacidade militar durante o seu período de hegemon, o que traria altos gastos e poderia simplesmente ser feito após um estabelecimento dessa supereficiência produtiva. Cada qual dessas potências, não apenas utilizaram-se da vantagem econômica, mas garantiram sua posição após grandes guerras, como a Guerra dos 30 anos, as guerras revolucionárias e napoleônicas, e as duas guerras mundiais. O autor argumenta que para garantir a imposição de constrangimentos institucionais, é preciso combinar o uso da força, suborno e persuasão ideológica.

Uma conclusão que o autor chega após observar o desenrolar da história é de que há sempre um ciclo de troca de hegemonias, e ao mesmo tempo que demora para um Estado chegar a uma posição hegemônica, demora para que ele perca esse poder totalmente. Portanto, o sistema atual, como todos os sistemas ao longo da história, está fadado à crise (talvez já esteja em uma), e um dia chegará ao fim, sendo substituído por outro. A manutenção desse sistema se dá, por enquanto, por três fenômenos internacionais: sistema interestatal relativamente estável, sistema produtivo mundial altamente lucrativo, e a coesão social dos Estados soberanos, especialmente dentro do centro. A única certeza que se pode ter sobre o futuro, é a de que após o fim desse sistema, outro entrará no lugar, e Wallerstein quer acreditar que ele seja formado pela construção dos ideais e utopias que cada vez mais saem do mundo das ideias e se concretizam nas relações internacionais.

REFERÊNCIAS

BIOGRAFÍAS Y VIDA (Org.). Immanuel Wallerstein. Disponível em: . Acessado em: 07 out. 2015.

WALLERSTEIN, Immanuel. The inter-state structure of the modern world system. In: SMITH, S.; BOOTH, K.; ZALEWSKI, M. International Theory: positivism & beyond. Cambridge: Cambridge University Pr1996. p. 87-107. (R).

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