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INSTITUTO DE HUMANIDADES E SAÚDE

Por:   •  13/5/2018  •  2.691 Palavras (11 Páginas)  •  324 Visualizações

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O movimento jihadista encontra-se espalhado através das nações muçulmanas, tendo maior força nos estados mais frágeis, em colapso ou dependentes do estrangeiro, especialmente em jovens descontentes.

A Al-Qaeda

A Al-Qaeda é, sem dúvida alguma, um grupo inédito no cenário do terrorismo internacional. De fato, sua estrutura, liderança e ideologia conferiram um novo significado para o fenômeno do terror, levando o terrorismo além de uma técnica de protesto e resistência transformando-o num instrumento global para competir e desafiar a influência ocidental no mundo mulçumano. Nenhuma outra organização terrorista causou tamanha destruição, espalhou o medo generalizado e principalmente influenciou de forma significativa o processo político das grandes potências ocidental como fez seu principal líder – Osama Bin Laden – e seus seguidores.

As origens do grupo podem ser traçadas a partir da invasão soviética ao Afeganistão, na qual vários não-afegãos, lutadores árabes se uniram ao movimento anti-russo formado pelos Estados Unidos e Paquistão. Osama bin Laden, membro de uma abastada e proeminente família árabe-saudita, liderou um grupo informal que se tornou uma grande agência de levantamento de fundos e recrutamento para a causa afegã. Esse grupo canalizou combatentes islâmicos para o conflito, distribuiu dinheiro e forneceu logística e recursos, para as forças de guerra e para os refugiados afegãos.

Depois da retirada soviética do Afeganistão em 1989, vários veteranos da guerra desejaram lutar novamente pelas causas islâmicas. A Al-Qaeda era fortemente contra o regime de Saddam Hussein, que era acusado pelos fundamentalistas muçulmanos de ter tornado o Iraque um Estado laico. Bin Laden ofereceu os serviços dos seus combatentes ao trono saudita, mas a presença de forças "infiéis" em território islâmico sagrado - era uma luta entre islâmicos - foi visto por Bin Laden como um ato de traição. Então, decidiu opôr-se aos Estados Unidos e aos seus aliados. A Al-Qaeda considerou os Estados Unidos como opressivos contra os muçulmanos, citando o apoio estado-unidense à Israel nos conflitos entre palestinos e israelitas, a presença militar estado-unidense em vários países islâmicos (particularmente Arábia Saudita) e posteriormente a invasão e ocupação do Iraque em 2003.

O terrorismo baseado em princípios religiosos está longe de ser algo inédito. As ações de organizações terroristas como o Hamas, Jihad Islâmica egípcia, entre outras, sempre estiveram fundamentadas na busca da implantação de um Estado Islâmico, regido pela lei islâmica. Porém, nunca antes esse teor religioso havia extrapolado tão significativamente as fronteiras consagradas do Islã, chegando ao seio do Ocidente. Segundo Youssef (2009), esse tipo de grupo atua segundo a "lógica da consequência", age segundo a efetividade percebida da sua ação, escolhendo das opções disponíveis a mais favorável ao seu objetivo.

Condições de formação

Historicamente, denota-se que movimentos de revolução ou resistência (terroristas, combatentes ou pacifistas) se constroem no colapso de uma sociedade antecedente frente ao crescimento de uma realidade alterada, seja pelo domínio colonial ou pelo fracasso econômico. Dessa forma, os movimentos de resistência são inevitavelmente resposta a situação de domínio, o que inevitavelmente levaria ao conflito.

Assim com uma sociedade desestruturada, sendo explorada sob o julgo de um poderio estrangeiro, e uma população desamparada, empobrecida e desconfiada de seus governantes, tornava-se inevitável que a mesma população busca-se refúgio naqueles considerados opositores do sistema. Sendo esse o caso das pessoas que se aliam a Al-Qaeda.

Uma primeira perspectiva vê como raiz de formação o processo resultado do encontro conflituoso com as potências europeias em expansão a partir do século XIX. Seria, de alguma forma, uma resposta ou um dos resultados dos impérios ou sociedades islâmicas com as potências europeias, criando-se uma relação de repulsão-atração em face de escolhas. Uma resposta política baseada numa identidade cultural reivindicada como particular.

A política islamista, principalmente a dos movimentos militantes radicais, é, em grande parte, uma ética política, sendo difícil separá-los de outros movimentos devido a um programa, uma causa, ou objetivos políticos. Por isso esses movimentos se alinham ao mesmo tempo a causas nacionalistas, terceiro-mundistas e esquerdistas, além de um programa socialmente conservador baseado no domínio dos preceitos religiosos de comportamento na esfera pública. De fato, grande parte do apelo de movimentos islamistas vem, além do aspecto mais visível de seu trabalho social (hospitais, escolas), pelo fato de serem considerados íntegros e coerentes na política.

Ao se analisar a história da organização, percebe-se que ela evoluiu de um esforço conjunto entre árabes, muitos deles não nascidos no Afeganistão, americanos, afegãos e paquistaneses contra os russos, para uma comunidade de guerreiros islâmicos comandados por Bin Laden, proveniente de uma família rica e famosa da Arábia Saudita.

Princípio organizador

A Al-Qaeda foi influenciada por um caráter religioso desde o seu surgimento, entretanto não se exclui que, em alguns momentos, o grupo manipule esse sentimento religioso a fim de obter apoio da opinião pública, financeiro ou para atingir alguns objetivos políticos específicos. Para alguns estudiosos, a bandeira da religião é simplesmente uma forma pragmática de buscar apoio à sua luta, aproveitando-se do caráter mobilizador que o islã possui.

A inspiração filosófica da Al-Qaeda vem dos escritos de Sayyd Qutb, um pensador proveniente da Irmandade Mulçumana, cujos textos inspiraram a maioria dos principais movimentos militantes islâmicos hoje ativos. Esse autor defende uma revolução islâmica armada para a sobreposição de todos os regimes não guiados pela lei islâmica (Sharia), e reitera a expulsão de milícias e empresas ocidentais de todos os países mulçumanos. Qutb pregava que, devido à falta da Lei de Deus, o mundo muçulmano já não era muçulmano, tendo revertido para uma pré-islâmica ignorância conhecida como jahiliyyah.

Uma das ideias de Qutb mais controvertidas e poderosas era que muitos que diziam ser muçulmanos na verdade não eram. Em vez disso, eles eram apóstatas. Isto não só deu aos jihadistas uma lacuna jurídica em torno da proibição de matar outro muçulmano, mas fez uma obrigação religiosa para

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